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T Ó P I C O : Investigando os limites ao consumo de café no Brasil  -  Parte II

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Comentários do Tópico

Investigando os limites ao consumo de café no Brasil  -  Parte II


Autor: Eduardo Cesar

1.636 visitas

7 comentários

Último comentário neste tópico em: 16/02/2018 14:51:14


Eduardo Cesar comentou em: 16/02/2018 07:48

 

Investigando os limites ao consumo de café no Brasil  -  Parte II

 

Coffee Insight - Por Eduardo Cesar

 

No artigo anterior, analisei a possibilidade de o Brasil estar próximo de um limite de crescimento no consumo per capita de café. O texto teve boa repercussão e gerou um debate interessante na Rede Social do Café.

Para complementar aquela análise, busquei mais alguns dados sobre a evolução do consumo nos EUA e na Europa. Eles ajudam a entender como um mercado maduro se comporta.

(Se você ainda não leu o artigo “Investigando os limites do consumo de café no Brasil”, leia antes de prosseguir).

Imagem: Edan Cohen, no Unsplash.

Evolução do consumo nos EUA e na Europa

Um ponto que não abordei anteriormente foi a evolução do consumo per capita em outros países. Sabemos que as nações europeias possuem um nível elevado de consumo, mas como ele se comportou nos últimos anos?

A partir dos dados da Organização Internacional do Café (OIC) e estimativas populacionais do Banco Mundial foi possível calcular o consumo dos principais mercados europeus entre 2000 e 2013 [1]. Os resultados são apresentados no Gráfico 1.

Gráfico 1 — Evolução do consumo per capita de café em países selecionados.

Nota-se que apenas metade da amostra (Alemanha, Finlândia, Itália e Bélgica) apresentou crescimento. Com exceção da Finlândia, todos estão numa faixa entre 5 e 8 quilos per capita, o que pode ser um limite natural ao consumo de café. As taxas de crescimento anuais estão na Tabela 1.

Tabela 1 — Taxa de crescimento anual do consumo per capita (2000–2013) em países selecionados.

A taxa foi pequena ou negativa para todos. O melhor desempenho foi da Alemanha, com uma evolução de 0,7% ao ano, o que é menos que o Brasil na sua pior fase das últimas décadas (0,9% a. a. entre 2012 e 2017). O pior resultado foi da Holanda, onde o consumo diminuiu 1,7% a. a.

Outro conjunto de dados, dessa vez de 2000 a 2016, permitiu uma análise de mais dois países europeus (Noruega e Suíça), da União Europeia como um todo e dos Estados Unidos. O Gráfico 2 mostra a evolução do consumo dessas regiões. A Tabela 2 apresenta a taxa de crescimento para o período.

Gráfico 2 — Evolução do consumo per capita de café (2000–2016) em algumas regiões selecionadas.

Tabela 2 — Taxa de crescimento anual do consumo per capita (2000–2016) em regiões selecionadas.

A Suíça obteve um bom resultado para os padrões europeus, enquanto a Noruega está praticamente estagnada. Juntamente com a Finlândia, a Noruega é a única nação a ter superado a marca de 8 quilos/pessoa/ano.

A média da União Europeia é de apenas 0,5% de incremento anual, o que mostra que o café pode ter chegado ao seu limite de popularidade no velho mundo.

Dentre os países desenvolvidos que foram analisados, o melhor desempenho foi obtido pelos Estados Unidos, com uma taxa de 1% a. a. No entanto, o consumo per capita deles está abaixo daquele observado em todos os demais países da amostra, com 4,7 quilos em 2016. Ainda assim, o volume está próximo da média da União Europeia.

Será que a xícara dos europeus já encheu? Imagem: Tyler Nix, no Unsplash.

Cafés especiais e consumo per capita

O caso norte-americano oferece alguns insights interessantes. O país está muito avançado no consumo de cafés especiais, mas isso parece não ter se traduzido em aumento do nível per capita.

Dados da Specialty Coffee Association (SCA) revelam que o número de consumidores que tomam café especial diariamente saltou de 9%, em 1999, para 41% em 2017. O market share dos cafés especiais sobre o total consumido cresceu de 40%, em 2010, para 51% em 2016 [2].

Outro estudo identificou que a geração millennial gasta mais com café do que as outras, mas ingere uma quantidade menor da bebida. Isso ocorre porque ela prefere o consumo em cafeterias ao preparo no lar [3].

Millennials e o café: maior gasto, menor consumo. Imagem: Dani Vivanco, no Unsplash.

Futuro no Brasil

Como escrevi no artigo anterior, o Brasil já é um ponto fora da curva em termos de consumo per capita de café. Resta saber até quando a nossa taxa de crescimento vai durar antes de cair para os níveis observados na Europa e nos EUA.

Mas a possibilidade dos brasileiros estarem próximos do seu limite de cafeína diária não deve ser vista como algo alarmante. Certamente, não é um cenário bom para os cafés tradicionais e extrafortes, mas guarda muitas possibilidades para os especiais.

Mesmo com o baixo crescimento per capita, a indústria de café dos EUA viveu anos muito positivos desde 2010. As vendas totais do varejo aumentaram muito, graças aos produtos de maior valor agregado, como café em grãos, cápsulas e cold brews.

A terceira onda do café está mais forte do que nunca e muitas empresas estão apostando em modelos de negócios inovadores.

Se os políticos, nacionais e internacionais, não atrapalharem o nosso desenvolvimento, os próximos anos serão muito positivos. Teremos aumento da demanda por cafés especiais, o que será bom para os cafeicultores, para os torrefadores e para os consumidores.

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Referências

[1] Infelizmente, tanto a OIC quanto o USDA deixaram de compilar estatísticas de consumo para os países da União Europeia individualmente. A partir de 2014, só existem dados agregados para a região como um todo.

[2] Dados disponíveis em http://www.scanews.coffee/2017/11/29/2017-u-s-specialty-coffee-consumption-trends/.

[3] Ver análise publicada na página do Coffee Insight no Facebook.

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José Dauster Sette comentou em: 16/02/2018 10:22

 

Consumo na Europa

 

Caro Eduardo,

Infelizmente a OIC não mais recebe do sistema Eurostat e outras fontes dados desagregados pelos países europeus individuais e por isso não mais os disponibiliza. Estamos investigando maneiras de cálculo alternativas, mas sem uma solução clara por enquanto.

Mas acredito que essa lacuna não invalida os pontos centrais que você elenca.

Continue com o bom trabalho.

 

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Luiz Araripe comentou em: 16/02/2018 10:27

 

Consumo no Brasil

 

Parabéns pelos dois artigos. 

A avaliação do consumo interno Brasileiro até o momento é feita de forma bastante superficial. Está na hora de começarmos a ter estimativas confiáveis e tecnicamente mais aprimoradas.

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 16/02/2018 10:36

 

Solapar a autarquia

 

Prezado Eduardo César

Creio que poderíamos retomar o dinamismo do mercado interno por meio de um forte movimento de liberalização comercial do segmento. Importações associadas a draw back oxigenariam nossos padrões comerciais promovendo significativos estímulos para que os apreciadores ampliassem sua demanda pelo produto.

Att

Celso Vegro

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Eduardo Cesar comentou em: 16/02/2018 11:30

 

Estimativa de consumo

 

Caro José Sette,

Obrigado mais uma vez pelo incentivo.

Fico na torcida para que a OIC consiga um meio de gerar essas estimativas.

Abraços,

Eduardo.

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Eduardo Cesar comentou em: 16/02/2018 11:32

 

Brasil

 

Prezado Luiz Araripe,

Estou de acordo. Seriam muito útil também que o país tivesse estimativas regionais de consumo, atualizadas anualmente. Com certeza o consumo per capita varia muito entre as regiões, mas não temos essas informações.

Abraços,

Eduardo

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Eduardo Cesar comentou em: 16/02/2018 11:37

 

Estímulo

 

Caro Celso,

Esse é um ponto interessante para ser trabalhado. Mas você sabe como é, o tema é polêmico... rs

Abraços,

Eduardo

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