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T Ó P I C O : Pretextos e Implicações da Intervenção Pública no Mercado de Café

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Criado em: 28/06/2006

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Pretextos e Implicações da Intervenção Pública no Mercado de Café


Autor: Celso Luis Rodrigues Vegro

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9 comentários

Último comentário neste tópico em: 19/09/2019 00:20:52


Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 13/09/2019 15:29

 

Pretextos e Implicações da Intervenção Pública no Mercado de Café

 

 

Pretextos e Implicações da Intervenção Pública no Mercado de Café

 

 

Elaborar políticas públicas requer amplos conhecimentos técnicos sobre o papel do Estado, especialmente em um país que adotou o liberalismo econômico como premissa de sua administração. Toda intervenção deve ser, necessariamente, pautada pelos incentivos, preferencialmente contra cíclicos, mobilizando a iniciativa privada em investimentos adicionais capazes de viabilizar ganhos de escala no crescimento econômico e na ampliação do bem-estar de sua população, notadamente, dos menos favorecidos (foco na redução da heterogeneidade social). Quatro pilares devem ser considerados: a) abrangência; b) oportunidade; c) desenho; e d) eficiência alocativa. Nos últimos anos, foram agregados a esse desenho, ainda, diretrizes de sustentabilidade socioeconômica e ambiental, tornando-se fundamentos na destinação dos recursos.

Nos últimos cinco anos, o mercado de café exibe cotações declinantes nas duas bolsas internacionais de comercialização do produto (Figura 1). Em contrapartida, os custos de produção no Brasil têm sido ascendentes, especialmente os gastos com mão de obra e fertilizantes (Figura 2).

 

 

 

 

Tais trajetórias têm descapitalizado os cafeicultores. A permanência de lavouras de sequeiro e com colheita manual é economicamente questionada. A conjuntura de preços deprimidos e custos em ascensão mobiliza o segmento no pleito por políticas que permitam a manutenção da renda em defesa da cafeicultura. Dentre as políticas debatidas entre as lideranças do segmento, duas têm sido mais alardeadas: a) PEPRO invertido; e b) opções públicas.

O Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (PEPRO) consiste em subvenção concedida diretamente aos produtores rurais quando o preço por eles recebido encontra-se abaixo do preço mínimo de referência estabelecido para a cultura. Em março de 2019, o Conselho Monetário Nacional autorizou elevação dos preços mínimos de referência para o café (arábica = R$362,53/sc. e conilon = R$210,13/sc.). Portanto, pelas diretrizes da Política de Garantia de Preços Mínimos, não há ainda possibilidade de lançamento de PEPRO para café, pois as cotações atualmente se situam acima dos R$410,00/sc. para arábica e dos R$280,00/sc. para o conilon.

Diante dessa dificuldade para constituir um PEPRO convencional, as lideranças políticas e setoriais criaram uma nova modalidade, denominada de invertido. A proposição consiste em subvencionar em R$50,00/sc. aos cafeicultores que conseguirem comercializar seu produto somente quando obtiverem oferta de compra entre R$438,00/sc. a R$488,00/sc. para arábica, e entre R$278,00/sc. a R$328,00/sc. para conilon1. Esses limites de preços buscam alavancar as cotações no mercado interno. A chamada inversão ocorre na medida em que para obter subvenção o cafeicultor precisa, voluntariamente, reter o produto para forçar a alta nas cotações. Qualquer preço recebido abaixo ou acima da faixa determinada perderia o direito de receber a subvenção. A delimitação de faixas atende ao princípio de que temos diversas cafeiculturas no território brasileiro e que um valor seco poderia beneficiar ou prejudicar uns e outros.

Como não há previsão dessa ação pública no orçamento da CONAB, os parlamentares da frente do café/agricultura precisarão incluir o PEPRO invertido no orçamento da União de 2020 (limitado pelo teto dos gastos). Diante do atual cenário de deficit fiscal do governo federal, são remotas as possibilidades de êxito dessa proposição.

A engenhosidade da política proposta é bastante atraente. Todavia, sua operacionalização deverá ser de difícil execução. A comprovação do recebimento na faixa de acesso ao benefício dependeria da apresentação da nota fiscal emitida pelo comprador do produto (cooperativa, trader, indústria, corretor etc.). Esse mecanismo pode criar fábricas de notas fiscais com lançamento de preços contabilmente majorados, mas financeiramente deprimidos, visando rachar com o comprador parte da subvenção obtida pelo cafeicultor.

Uma alta de preços fictícia com intuito de capturar a subvenção distorce o mercado, podendo gerar quedas nas cotações ainda mais acentuadas no futuro. Mais coerente seria elaborar estratégia, de convencimento da autoridade monetária, de que os preços de referência estão abaixo dos custos médios de produção, demandando sua correção. Com preço reajustado, a possibilidade de operar PEPRO na forma clássica seria caminho menos tortuoso para promover a estabilidade de renda do segmento.

No caso das opções públicas, o comprador da opção de venda é o produtor e/ou suas cooperativas, sendo o vendedor da opção a CONAB. Quando o produtor compra uma opção de venda, ele adquire o direito (mas não a obrigação) de vender o produto a um preço de exercício, estabelecido pelo governo. Caso o comprador exerça a opção, o governo (vendedor da opção) é obrigado a comprar. No leilão da opção de venda, o produtor e as cooperativas oferecem seus lances para ajustar o prêmio a ser pago pelo direito de vender ao governo.

As opções de venda representam política pública moderna, pois se vale de mecanismos de mercado enquanto instrumento de garantia de preços e, consequentemente, de renda. Havendo previsão de recompra da opção, ou seja, liquidação financeira do título adiciona flexibilidade para a política, cessa o interesse/espaço para receber o produto.

Nas duas edições anteriores de opções de venda (safras 2009 e 2010), calculou-se o preço de exercício oferecido pelo governo a partir do preço mínimo vigente acrescido de 10% a título de apoio à comercialização e expectativa de aumento do preço pelo mercado, mais o custo de carregamento (custos de armazenagem, financeiro e de registro) entre o período de colheita e a data de exercício. Determinou-se ainda que a embalagem do café a ser entregue, em caso de exercício, fosse de sacaria de juta nova, com ressarcimento pela CONAB. O ICMS teve o mesmo tratamento das operações comerciais feitas no mercado à vista, enquanto o custo de transporte até o armazém autorizado caso ocorra o exercício da opção corria por conta do cafeicultor. Entretanto, a cada real de incremento dos preços da opção de venda, o governo carrega mais risco com a operação, pois se tais preços não forem alcançados dentro de prazo estipulado, o prejuízo do tesouro com a operação é quase certo.

A oportunidade da adoção da política de opções públicas para compra de café precisa ser analisada mediante quatro condicionantes fundamentais para a tomada de decisão: a) preços vigentes no mercado físico; b) fase do ciclo bienal da cultura; c) patamar dos estoques públicos do produto, e d) regras para a desova dos estoques adquiridos em caso de exercício.

A corrente safra brasileira é de ciclo de baixa no calendário bienal da cultura. Ainda assim houve incremento dos estoques mundiais. Caso não ocorram distúrbios climáticos de significativo impacto sobre as lavouras ao longo do segundo semestre de 2019 e primeiro trimestre de 2020, a próxima safra tenderá a ser maior que a atual (ciclo de alta). Esse cenário é muito desfavorável para a alavancagem das cotações internacionais do produto. Sob tal conjuntura, haverá maior resistência das autoridades responsáveis em sustentar um programa de opções públicas, pois normalmente a intenção perseguida é a de lançar o plano quando as expectativas são altistas para a evolução das cotações, trabalhando a política na antecipação do fenômeno, minimizando as chances do exercício da opção ainda que contemple a liquidação financeira.

Caso a construção do consenso aponte para o lançamento de opções públicas, será imprescindível estabelecer as regras de desmobilização dos estoques no mesmo protocolo que assinalou as opções de venda, legitimando a decisão e conferindo maior transparência para a política.

Os parâmetros de qualidade da bebida também podem gerar grandes dificuldades para implementação de leilões de opção de venda para esse ano. Houve muita desuniformidade na maturação dos frutos, refletindo-se em dificuldade de produzir lotes com qualidade exigida (normalmente tipo 6 bebida dura). Para preparar lotes aptos para entrega em caso de exercício da opção, os cafeicultores terão custos adicionais de rebenefício de seu produto para alcançar a padronização exigida, recebendo pelo resíduo da separação eletrônica valor muito aquém do preço que vier a ser estipulado. A depender do preço determinado para o exercício da opção, caso seja adotada, a venda de um lote bica corrida poderá ser mais vantajosa.

Mais uma vez, por hipótese, havendo o exercício do volume contratado, os demais players desse mercado terão que comprar o produto disponível não vinculado ao programa. Se a quantidade estabelecida pela política for capaz de influenciar a formação dos preços (algo bastante difícil de ser alcançado por meio de uma política unilateral) haverá incremento dos custos de aquisição de matéria-prima por parte dos torrefadores, solubilizadores e exportadores. Portanto, pode surgir resistências por parte de elos importantes dessa cadeia no apoio ao pleito das lideranças.

Sendo o governo único vendedor, assume isoladamente o risco de preço. Sob essa condição, o prêmio pago pelo direito de venda produz prêmio muito inferior ao que seria praticado pelo mercado com mais participantes. Planejar, no escopo da política, progressiva transferência do risco para os agentes privados (contraparte dos produtores), de modo a alcançar um mercado de opções privadas mais desenvolvido no país, seria fortemente recomendável. Uma alternativa seria o governo subsidiar uma parte do prêmio negociado no mercado a ser pago pelo produtor, deixando que o próprio mercado se desenvolva e assuma o risco.

Aparentemente, implementar PEPRO convencional (sem a jabuticaba da inversão) seria a ação mais racional do que lançar opções, enquanto política pública para a futura safra, pois permite dimensionar o gasto efetivo com a política e cabalmente estabelece a decisão em subsidiar o cafeicultor sem causar impacto os demais elos da cadeia.

 

 

 

1Essas faixas de preços são indicativas e poderão ser alteradas com o avanço dos debates entre os parlamentares e lideranças do segmento.

 

 

Palavras-chave: políticas públicas, PEPRO, opções públicas, mercado de café.

 

 

Data de Publicação: 13/09/2019

Autor(es): Celso Luís Rodrigues Vegro (celvegro@iea.sp.gov.br

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Marco Antonio Jacob comentou em: 14/09/2019 13:00

 

Jabuticabas e Jabutis , homens maus e homens bons.

 

Prezado Celso Vegro , 

A cafeicultura mundial  incluso a brasileira têm apenas um problema , os baixos preços pagos pelo fruto dos cafeicultores . 

O valor atual é apenas 25% do valor de 1982/1983 ,quando se iniciou o Acordo Internacional do Café , o valor da época trazido a valor presente pela inflação americana seria hoje US$3,70 per libra. 

Em 8 de Abril as organizações humanitárias Heifer International e Lutheran World Relief divulgaram o manifesto “Preços Justos Desesperadamente Necessários para Acabar com a Pobreza do Café “ escrito a 4 mãos pelos seus presidentes,  abaixo copiamos um parágrafo:

“Há muito defendido por governos, empresas privadas e organizações sem fins lucrativos como meio de impulsionar o desenvolvimento, o café se tornou uma das commodities mais negociadas no mundo. Mas enquanto a demanda do consumidor e os preços continuaram a aumentar, e as empresas de café registraram lucros recordes, os motores dessa indústria de US $ 200 bilhões - muitos dos milhões de cafeicultores do mundo - vão para a cama com fome, todas as noites. Isso tem acontecido há décadas.

É uma vergonha as "elites cafeeiras brasileiras" se fazerem de cegos , surdos e mudos para o grave problema humanitário dos cafeicultores mundiais e que também prejudica os cafeicultores e a sociedade brasileira. 

Outros países produtores de café já mostraram um caminho a ser seguido , que é dar dignidade e justo  valor ao café, e , que é necessario um  preço mínimo de exportação de café, conforme exemplo abaixo. 

Colombianos querem piso de US$ 2 por libra-peso para o café arábica
Proposta foi defendida por representantes do setor no país durante o 2°  Fórum Mundial dos Produtores de Café . 
Produtores da Colômbia defenderam, nesta quarta-feira (10/7), um preço mínimo de US$ 2 por libra-peso no café arábica. Durante o 2º Fórum Mundial dos Produtores de Café, em Campinas (SP), o gerente geral da Federação dos Cafeicultores do país (FNC), Roberto Vélez, avaliou que é um valor justo para remunerar os custos de produção e ainda garantir rentabilidade para o produtor.
https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Agricultura/Cafe/noticia/2019/07/colombianos-querem-piso-de-us-2-por-libra-peso-para-o-cafe-arabica.html

 

Sabemos que o "mercado bursatil" é imperfeito e viciado , e o apetite por lucros neste mercado nunca fará os preços de café serem justos , lá é um jogo onde os cafeicultores não participam. 

Então quanto mais se esperar que o "mercado bursatil " vai se corrigir por sí proprio , mais estará sacrificando vidas e sonhos  de milhões de cafeicultores do mundo e de suas familias. 

Esta na hora daqueles que querem debater politicas cafeiras e se dizem representantes dos cafeicultores parararem de inventarem jabutis e jabuticabas. 

As duas políticas debatidas entre as lideranças do segmento,  a) PEPRO invertido; e b) opções públicas , não prestam para o momento atual , são remedios caros para os contribuintes brasileiros , pois dependem de dotações  orçamentarias em um país onde o orçamento federal esta sendo contingenciado por falta de recursos. 

Tambem ambas as opções citadas são dirigidas a apenas alguns grupos privilegiados , não atendem 100% dos cafeicultores , principalmente os menores e mais necessitados. 

Infelizmente e não sei qual o "motivo" destas lideranças, não estarem debatedendo a "Sugestão de Politica Cafeeira Mundial", pois todos as "lideranças" tem o conhecimento desta sugestão desde dezembro de 2018 e depois em abril de 2019  , abaixo um breve resumo do escopo da sugestão : 

Os países produtores de café, liderados pelo Brasil que detém um terço (1/3) da produção mundial de café, devem criar a OCAFÉ - Organização dos Países Produtores de Café.
A OCAFÉ - Organização dos Países Produtores do Café, será uma organização governamental das nações produtoras e exportadoras de café, fórum permanente dos países produtores de café com a missão de 4 (quatro) objetivos:
1. Criar regras de exportação de café com preços acima dos custos de produção, garantindo a Sustentabilidade Econômica dos produtores , sempre respeitando os consumidores. 
2. Fomentar o aumento do consumo de café em todo o mundo, consumir café é gerar riquezas.
3. Em havendo excedentes de café, criar estoques estratégicos e de segurança nos países produtores.
4. Agir com inteligência e planejamento na produção mundial de café sem criar excedentes.

 

O Presidente Bolsonaro deverá participar dia 25 de Setembro próximo, durante a Assembleia Geral das Nações Unidas da reunião “ Ações conjuntas para enfrentar a crise dos preços do café e alcançar sua produção sustentável ”, uma iniciativa do Presidente da Colombia , Sr. Ivan Duque . 

Se depender das propostas das atuais lideranças brasileiras do segmento cafeeiro , o Presidente Bolsonaro deverá ir na reunião "nú " , sem nenhuma proposta para o gravissimo problema humanitário das 25 milhões de familias no mundo que dependem diretamente do café  , enfim , as atuais lideranças brasileiras do segmento cafeeiro querem que predomine a desunião entre os países produtores , agem para que o Presidente Bolsonaro perca o protagonismo politico natural por ser o Brasil o maior produtor de café do mundo.  

Infelizmente algumas lideranças da cafeicultura brasileira agem e pensam que prejudicando os cafeicultores que estão em outras nações beneficiará os cafeicultores brasileiros , é um estupido engano , uma tremenda falta de visão holística , em completo antagonismo a " Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável" da ONU , onde 193 países são signatários , inclusive o Brasil , veja abaixo a declaração do Sr. Silas Brasileiro , Presidente do CNC . 

"O momento atual é de uma crise aguda a nível mundial, pois os preços aviltados nos levam, às vezes, a tomar medidas imediatistas que, ao invés de beneficiar os nossos produtores, podem beneficiar os demais países que produzem café, isto em razão de não terem uma política cafeeira como temos no Brasil", afirmou Brasileiro, sem fazer qualquer citação específica.... 

 

O Sr. Silas Brasileiro poderia dizer qual é a politica cafeeira do Brasil , o CDPC - Conselho Deliberativo de Politica Cafeeira , do qual ele faz parte ficou 3 anos sem se reunir , é notório  que a sociedade brasileira não suporta mais mentiras e embromações. 

Também a declaração do Sr. Silas Brasileiro é de uma insensibilidade atroz em não reconhecer que os melhores valores recebidos pelos cafeicultores brasileiros farão que as milhares de cidades que têm a cafeicultura como atividade agrícola e econômica se desenvolvam , levanto a uma virtuosa atividade econômica que beneficiará a sociedade e a Nação Brasileira. 

Enfim , quem quer  perpetuar  a pobreza e tristeza disseminada nas milhões de familias de cafeicultores  , é um homem mau. 

Para os "ignorantes"  que dizem que acordos entre paises não funcionam , estes ignoram o acordo dos paises produtores de petróleo em 1973 - OPEP , que trouxe valor ao preço do petroleo , simplesmente quadruplicou os valores do petroleo em 6 meses. 

Convido a todos  para pesquisarem e  conhecerem Dubai ,  Abu Dhabi , Doha etc. , cidades que foram desenvolvidas devido a valorização do petroleo. 

No ano de 2022 , estas lideranças da cafeicultura brasileira poderão assistir confortavelmente a Copa do Mundo do Catar , rica e desenvolvida por causa do justo valor do petroleo , porém em se manterem silentes e omissos em debater uma politica cafeeira mundial ,   milhões de familias de cafeicultores permanerão  passando por privações e necessidades , então mostrem que são homens com responsabilidades e capazes de ajudarem a humanidade em encontrar mais desenvolvimento e felicidade. 

Convido os homens e mulheres de bom coração a debaterem uma solução duradoura para a cafeicultura mundial.  

 

 

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 17/09/2019 08:08

 

Mobilização

 

Prezado Marco Jacob

Acredito que a mobilização da sociedade civil é o caminho mais reto e direto para atingir maiores patamares de civilidade. A problemática do café (preços) requer esse tipo de organização a que se propõe com respaldo da declaração do 2 fórum mundial de cafeicultores, cujas propostas são exeqúiveis e sob boa liderança se concretizar.

O primeiro grande desafio será formalizar a OCAFE o que dependerá de contribuições voluntárias de seus membros. Vencido esse desafio creio que sob madura e cautelosa liderança grande parte das proposta são passíveis se transformar em políticas que valorizem o segmento.

Boa sorte.

Torcemos pelo êxito da empreitada.

Abçs

Celso Vegro

 

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João Marcos Altieri Ramos comentou em: 17/09/2019 11:24

 

APPC

 

Prezados,

Primeiramente parabéns para o Dr. Celso Vegro pelo excelente artigo.

Parabenizo àqueles que propõem criação da OCAFÉ, mas pessoalmente acredito que não sairá do papel. Não existe mais espaço para tal. Divulgo abaixo um artigo interessante de 2000 liderado pelo pesquisador Dr. Luiz Moricochi e equipe.

Ótimo debate !

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João Marcos Altieri Ramos comentou em: 17/09/2019 11:25

 

O Mercado De Café E A Appc

 

ARTIGOS

 

O Mercado De Café E A Appc

 

            Constantemente ouvem-se comentários de que os preços de café começaram a subir a partir de 93, graças à intervenção no mercado feita pela Associação dos Países Produtores de Café (APPC) criada em setembro daquele ano. Este fato é, inclusive, citado como exemplo para justificar a intervenção atual nesse mercado. Dada a freqüência com que esse argumento é utilizado, gostaríamos de fazer alguns comentários a respeito do período em que foi criada a APPC, considerado um dos mais difíceis da nossa cafeicultura em anos recentes.
            Tudo começou em 1985, com a seca que também assolou as regiões cafeeiras do Brasil, fazendo com que os preços de café disparassem no final daquele ano e começo de 1986, tendo alguns produtores vendido café a mais de 400 dólares a saca. Como conseqüência desses preços, a produção de café no Brasil atingiu o volume recorde em 1987, ou seja, mais de 42 milhões de sacas. Entretanto, não foi só aqui que houve aumento de produção, mas em quase todos países produtores e foi essa avalanche de produção que na prática fez com as cláusulas econômicas do Acordo Internacional do Café fossem suspensas em 1989 e que os preços do produto desabassem para níveis de 40 dólares a saca em 1992. Contribuíram também para essa situação crítica a abrupta extinção do IBC (deixando o setor completamente à deriva) e a própria condição em que se encontravam os produtores na época, ou seja, bastante descapitalizados.
            Nesse contexto, o mercado de café fica muito complicado, pois a sua característica de demanda inelástica associada ao fato de que grande parte dos países produtores dependem desse produto como principal fonte de receitas cambiais, faz com que seja criado um círculo perverso: só se consegue vender mais café, reduzindo seus preços em proporção maior que o aumento na oferta (demanda inelástica) e com essa queda de preços os países produtores são obrigados a vender mais ainda, já que contam com uma quantidade determinada de recursos que deverá ser internalizada principalmente através das exportações de café.
            Tudo isso aconteceu em 1992 e 1993, resultando em estoques elevados nos países consumidores (mais de 20 milhões de sacas) e preços mais baixos ainda nos países produtores. Quem acompanha de perto as políticas e o mercado de café sabe que, além dessas questões de natureza técnico-econômica, contribuiu fortemente também para aumentar aqueles estoques uma jogada estratégica dos demais países concorrentes contra o Brasil (uma história longa que não cabe neste artigo), mas que não deu certo.
            Nesses anos de dificuldades, muitos países da América Central e da África não dispunham sequer de recursos para fazer a colheita de café. É claro que tal situação não poderia se perpetuar e aí entram os fundamentos de mercado. Foram reduzidos drasticamente os tratos culturais e muitas lavouras abandonadas e erradicadas (mais de 1 bilhão de pés só no Brasil), situação que passou a se refletir nos preços. Com efeito, as cotações médias dos arábicos brasileiros, segundo dados da Organização Internacional do Café (OIC), passaram de 56 cents em 1992, para 66 cents em 1993 e 143 cents em 1994, mostrando a nítida tendência de alta, já a partir de setembro de 1992; após ter chegado à cotação mais baixa do período, ou seja, 46 cents em agosto daquele ano, os preços passaram a ser ascendentes nos meses seguintes, terminando o ano com o produto cotado em 74 cents em dezembro. Em 1993, houve de início certa resistência no mercado a essa tendência de alta, que, no entanto, acabou se confirmando, configurando, assim, o começo do ciclo de preços elevados que atingiu o ápice em maio de 1997 (209cents).
            Por que os preços começaram a reagir a partir de 1992/1993? Simplesmente porque, a partir dessa época até 1997, sistematicamente, a produção mundial de café foi inferior à demanda, cuja diferença de volume em favor do consumo atingiu em média cerca de 6 milhões de sacas anuais. É, portanto, completamente equivocado o argumento segundo o qual os preços subiram devido à criação da APPC. Não foi também por causa das geadas de 1994, como muitos afirmam, embora, é claro, esse fenômeno tenha acentuado aquela tendência de alta, pois o mesmo tipo de café que era vendido a 40 dólares em 1992 fora negociado um mês antes da geada a 140 dólares. Essa mudança nos preços ocorreu porque tinha de ser assim mesmo, devido à interação de fatores endógenos ligados à própria dinâmica do mercado desse produto, ou seja, foi o mercado que funcionou...
            Na atual conjuntura mundial, estamos convivendo num contexto de produção maior do que o consumo, situação que deverá perdurar seguramente por mais uns 2 ou 3 anos, a menos que intervenham quaisquer componentes de natureza climática (secas, geadas, etc.), afetando diretamente o setor produtivo.
 


 

 

 

Data de Publicação: 01/06/2000

Autor(es): Luiz Moricochi (moricochi@iea.sp.gov.brConsulte outros textos deste autor
Antonio Roger Mazzei (mazzei@iea.sp.gov.brConsulte outros textos deste autor
Roberto de Assumpçao (rassumpçao@iea.sp.gov.brConsulte outros textos deste autor

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Marco Antonio Jacob comentou em: 17/09/2019 13:34

 

equivocados

 

A APPC deu muito certo em 1993 , elevou os preços de US$0,70 para US$1,30 , a ação da APPC por iniciativa do José Eduardo de Andrade Vieira. A APPC só perdeu o seu motivo de existir devido a geada de 1994 , que elevou o preço para mais de US$2,20 per/lb . 

Porque será que ninguem comenta a geada de 1994 como motivo da extinção da APPC ?

Porque querem confundir. 

Em 1994 , com a geada veio o Plano Real , com as maiores taxas de juros do mundo, então o negocio de alguns é realmente confundir. 

Viva a OPEP , viva a OCAFÉ . 

Vejam o comportamento dos preços de 1993 até 1998 

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 17/09/2019 16:07

 

A história se repete a primeira vez como tragédia a segunda como farça (Karl Marx)

 

- Consequências da Política de Retenção

            A Organização Internacional do Café (OIC) divulgou que as exportações mundiais somaram 87.734 mil sacas de café no período de setembro de 1999 a agosto de 2000, observando-se aumento de 4,4% em relação ao volume exportado em igual período anterior (84.036 mil sacas). Na contramão do aumento do comércio mundial, o Brasil teve redução de 3.897 mil sacas (-16,8%) enquanto que Vietnã, México, Índia e Guatemala, no conjunto, aumentaram 6.138 mil sacas (+33,0%) (Tabela 1). Por mais que seja negado pelas autoridades e alguns empresários do setor, tal fato deve ser atribuído ao Plano de Retenção de Café conduzido pela Associação dos Países Produtores de Café (APPC). Outra conseqüência da desaceleração das exportações brasileiras de café é a da perda da participação no mercado norte-americano, declinando oito pontos percentuais entre os meses de janeiro e agosto de 2000 (market share de apenas 11% em relação aos 19% verificados em igual período de 1999), segundo informações do U.S. Bureau of Statistics. Essa perda correspondeu a 131,60 mil sacas que os norte-americanos deixaram de importar do Brasil, enquanto que no mesmo período as importações dos Estados Unidos da América aumentaram 3%.

TABELA 1 - Exportações Mundiais de Café Verde e Solúvel, Países Selecionados,
Set. 1998-ago. 1999 a Set. 1999-ago. 2000

(mil sc./60kg)

País

Set.1998-ago.1999 (a)

Set.1999-ago.2000 (b)

Variação (b)-(a) 
(em quantidade)

Variação (b)/(a)
(em %)

Brasil

23.121

19.224

- 3.897

-16,8

Vietnã

6.639

10.208

3.569

53,8

Colômbia

10.476

9.058

-1.418

-13,5

México

4.062

5.113

1.051

25,9

Guatemala

4.454

4.854

400

9,0

Índia

3.363

4.481

1.118

33,2

Peru

1.978

2.412

434

21,9

Total Geral

84.036

87.734

3.698

4,4

          Fonte: Elaborada a partir de dados básicos da OIC, 2000.

            Embora o referido Programa tenha iniciado oficialmente a partir de 15 de julho, já estava sendo elaborado e anunciado bem antes e assim muitos produtores já no último trimestre de 1999 se recusavam a vender o produto na expectativa de que pudessem fazê-lo a melhores preços no futuro. Segundo dados da Federação Brasileira dos Exportadores de Café (FEBEC), entre setembro de 1999 e agosto de 2000, o preço médio de exportação foi de US$104/saca de café verde, podendo-se estimar em mais de 400 milhões de dólares o montante de receitas cambiais que o Brasil deixou de internalizar, o que é muito significativo no atual contexto das contas externas brasileiras. Alega-se que caso não houvesse a retenção os preços de exportação seriam menores, argumento que precisa ser mais bem analisado, primeiro, porque vivemos uma situação de excedente de café no mercado mundial e, segundo, porque os nossos clientes não tiveram dificuldades em encontrar outros fornecedores inclusive em concordância com nossos exportadores.

Comentário publicado em nov./2000

 

 

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Marco Antonio Jacob comentou em: 17/09/2019 21:25

 

não misturar alhos com bugalhos

 

Prezado Celso Vegro , 

A discussão trazida por João Carlos Altieri Ramos é sobre APPC de 1993.

Voce postou dados de setembro de 1998 até agosto de 2000 , eu realmente não lembro de APPC em 1998 , vou procurar saber , pois se passaram 20 anos , a memoria ta meio lotada e lenta. 

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 18/09/2019 10:36

 

Lapsos

 

Prezado Jacob Padecemos juntos das mesmas incapacidades. Abçs Celso Vegro

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