Leonardo Assad Aoun comentou em: 18/08/2024 18:03

'Café brasileiro é o melhor do mundo', diz rede de cafeterias chinesa

Luckin Coffee se comprometeu a comprar até US$ 500 milhões do grão brasileiro

Por Isadora Camargo — Ponta Grossa (PR)/Globo Rural

Rede de cafeterias Luckin Coffee possui 20 mil lojas na China — Foto: N509FZ/Wikimedia Commons

Após dois meses de um acordo de promoção de café brasileiro na China, entidades do segmento no Brasil estão otimistas com o cenário de exportações que podem alcançar até o final do ano. A gigante chinesa Luckin Coffee, líder em cafeterias no país asiático, considera o café do Brasil o melhor do mundo.

“O café brasileiro é o melhor do mundo”, afirmou Yan Yan Sabrina Zhao, chefe de Desenvolvimento Sustentável da companhia.

A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) recebeu, na quarta-feira (14/8), a visita de uma comitiva de representantes do grupo chinês. A empresa é parceira da ApexBrasil para a comercialização e divulgação do café brasileiro na China.

Em junho deste ano, durante a visita do vice-presidente Geraldo Alckmin à China, a ApexBrasil e a Luckin Coffee assinaram, em Pequim, um Protocolo de Intenções para promover o café brasileiro na China. A rede de cafeterias chinesa se comprometeu a comprar até US$ 500 milhões em café brasileiro.

De acordo com a Apex, o acordo quer aumentar a conscientização na China sobre a alta qualidade e a sustentabilidade ambiental do café produzido no Brasil, enquanto na União Europeia a o debate mais acelerado é da lei antidesmatamento para as importações dos grãos brasileiros. 

O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), por sua vez, aposta no aumento exponencial das compras chinesas do café, que vem subindo desde o ano passado.

Durante a visita, a executiva enfatizou o potencial da produção e exportação brasileira do grão. “Sabemos que o Brasil é o maior produtor de grãos de café arábica do mundo. Para nós, divulgar o café do Brasil quer dizer divulgar o melhor café do mundo”, ressaltou.

Fundada em 2017, a Luckin Coffee possui 20 mil lojas, com 110 mil funcionários e 69 milhões de clientes no país asiático. No ano passado, o faturamento da empresa chegou a 24,9 bilhões de yuans chineses.

Os planos da gigante chinesa, entretanto, não se limitam ao país asiático. Na visita da comitiva, Zhao contou que o objetivo é criar uma marca mundial de café e para isso tem enviado pesquisadores a diversas origens produtoras para avaliar a qualidade dos grãos e eficiência do fornecimento.

"Por isso, importamos as melhores matérias-primas do mundo, inclusive, café produzido pelo Brasil. Desde o ano passado, enviamos vários pesquisadores atrás dos melhores fornecedores de cafés do mundo, inclusive chefiados por mestres da World Barista Championship (WBC). Nossos grupos de pesquisa já chegaram na Etiópia, Panamá, Indonésia e agora estão no Brasil”, destacou Zhao.

O presidente da ApexBrasil, Jorge Viana, acredita que a parceria com a Luckin Coffee vai alavancar a "marca Brasil" na exportação e no consumo de café. “Recebemos aqui o maior grupo chinês de cafeterias e que já começou a comprar café do Brasil. Essa parceria vai impulsionar a internacionalização do café brasileiro e da marca Brasil”, destacou.

Variedades

Durante a reunião, Viana também apresentou aos representantes da empresa chinesa a variedade de café robusta amazônico. “Uma grande mudança está acontecendo no consumo de café no mundo. Hoje, o café arábica é o mais consumido. No entanto, outras variedades estão entrando com força no mercado, como é o caso da robusta, que é muito usada na indústria de cafés solúveis. É um café de qualidade, que vem sendo trabalhado para se tornar gourmet”, disse ele.

Viana defende que o Brasil vai caminhar para ser o maior produtor de robusta também e deve passar o Vietnã nessa liderança, em especial depois das quebras de safras do país asiático devido à estiagem.

O café robusta também foi defendido pelo presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), Márcio Cândido Ferreira. “Hoje com a demanda enorme de sustentabilidade, o café robusta atende ao quesito de poder ser produzido em larga escala usando menos área de plantio. O café arábico alcança, na média, 50 sacas por hectare, enquanto o nosso colinon robusta tem potencial para mais de 100 sacas por hectare”, explicou.

Márcio Cândido acrescentou que as condições atuais de pesquisa e tecnologia elevaram o café robusta a um patamar de qualidade bastante avançado. “Anteriormente, as grandes marcas do mundo colocavam o robusta nos blends mas não declaravam. Hoje, elas fazem questão de dizer que têm robusta no blend”, frisou.

Os maiores produtores da variedade conilon no Brasil são Espírito Santo e Sul da Bahia, enquanto para o robusta amazônico, que se espalha entre os Estados do Norte, o líder de produção é Rondônia com quase 4 milhões de sacas de 60 quilos em 2023, com uma produtividade de 60 sacas por hectare.

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