Mesmo diante de condições climáticas adversas, o agronegócio mineiro se destacou em 2024 e registrou forte crescimento.

O Valor Bruto da Produção (VBP) dos produtos agrícolas investigados pela Produção Agrícola Municipal (PAM) chegou a R$ 86,6 bilhões, o que representa um avanço de 6,9% em relação a 2023.

O desempenho positivo contrasta com o resultado nacional: segundo o IBGE, o VBP das principais culturas no Brasil recuou 3,9%, somando R$ 783,2 bilhões. Com isso, Minas Gerais passou a responder por 11,1% do total, superando os 9,9% do ano anterior e ultrapassando o Paraná para ocupar a 3ª posição no ranking nacional, atrás apenas de Mato Grosso e São Paulo.

De acordo com Humberto Silva Augusto, chefe da Seção de Pesquisas Agropecuárias do IBGE em Minas, o crescimento do VBP estadual se deveu, principalmente, à valorização dos preços. Produtos como café, batata-inglesa, laranja e cana-de-açúcar tiveram forte incremento de valor, enquanto culturas como soja e milho sofreram quedas tanto de produção quanto de preço.

O café permaneceu como carro-chefe, garantindo a liderança nacional. Mesmo com redução na safra (28,1 milhões de sacas), o valor de produção alcançou R$ 35,1 bilhões, alta de 45,5% frente a 2023, representando 50,8% do VBP brasileiro do produto. Minas lidera a produção de café arábica e concentra sete dos dez maiores municípios produtores do país, com destaque para Patrocínio, Manhuaçu, Ibiraci, Campos Gerais, Monte Carmelo, Três Pontas e Carmo do Paranaíba.

A soja, por outro lado, registrou queda expressiva de 36,8% no valor, fechando em R$ 13,6 bilhões. A cultura se concentra no Triângulo Mineiro, em cidades como Unaí, Paracatu e Uberaba, que figuram entre os 100 maiores produtores nacionais.

A cana-de-açúcar manteve posição de destaque, com VBP de R$ 12,2 bilhões, acima dos R$ 11,4 bilhões de 2023. Minas é o segundo maior produtor do país, responsável por 11% da produção nacional. Uberaba lidera como maior produtor nacional, acompanhada por Frutal e Conceição das Alagoas.

No segmento de hortaliças, a batata-inglesa foi o grande destaque, com crescimento de 80,2% no VBP, que chegou a R$ 4,7 bilhões. Minas responde por 34,3% da produção brasileira, com liderança do município de Perdizes, seguido por Sacramento e Santa Juliana. Já o alho reforçou a força da diversificação agrícola do estado: Minas produz 50% do total nacional, com destaque para Rio Paranaíba.

A diversidade é, de fato, um diferencial: entre os 70 produtos investigados pela PAM, Minas figura entre os três maiores produtores em 23. Além da liderança em café, batata e alho, ocupa a segunda posição nacional em cana-de-açúcar, banana, feijão, laranja, sorgo, tangerina, abacate e limão; e a terceira em tomate, cebola, abacaxi e amendoim. Com esses resultados, café, soja e cana-de-açúcar, juntos, representaram mais de 67% da área colhida e 70,5% do valor da produção agrícola mineira em 2024, consolidando o estado como potência do agronegócio brasileiro.