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Cafés Especiais: Demanda impulsiona microtorrefadores no Brasil


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 17/12/2025 19:11:40


Leonardo Assad Aoun comentou em: 17/12/2025 17:02

 

Demanda por cafés especiais impulsiona a abertura de microtorrefadoras no país

 

Procura crescente por grãos de alta qualidade também tem estimulado a criação de novas marcas; em Minas, 50 empresas foram abertas apenas neste ano

Por Cibelle Bouças — Belo Horizonte/Globo Rural

Silmara Emerick e o marido Charles Lopes de Souza adaptaram ferramentas do sítio para preparar o café especial

Silmara Emerick e o marido Charles Lopes de Souza adaptaram ferramentas do sítio para preparar o café especial — Foto: Arquivo pessoal

A crescente demanda por cafés de alta qualidade tem estimulado produtores a investir na microtorrefação e criação de marcas próprias. Em Minas Gerais, que responde por 45,6% da produção de café no país, foram abertas só neste ano 50 empresas de torrefação e moagem do grão, 48% mais do que no ano passado.

Ao todo, o Estado tem 863 negócios no segmento, dos quais 728 são microempresas. As microtorrefadoras focam em torras artesanais, feitas em pequenas escalas — lotes de até 30 sacas, envasados em pacotes de 200 gramas a 3 quilos. “O café não é mais uma commodity, ele tem uma história. Na microtorrefação, o movimento para construir esse enredo é muito forte”, diz o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio.

De acordo com o Sebrae, a microtorrefação permite ao produtor ter mais controle do processo de torra, para realçar as características dos grãos. E a proliferação de marcas ajuda a valorizar a indicação geográfica de cada café.

 

“Tudo isso é motivado por uma demanda do mercado. Os consumidores se interessam mais pelos cafés especiais, em saber quem produz, onde e como produz. E querem experimentar bebidas de diferentes origens. Os produtores viram aí uma oportunidade de negócio”, diz Priscilla Lins, gerente da unidade de agronegócio do Sebrae Minas. Ela acrescenta que há abertura de microtorrefadoras em todas as regiões do Estado.

 

Silmara Emerick, produtora em Alto Jequitibá (MG), na região do Caparaó, é a quarta geração de uma família de cafeicultores. Em 2019, decidiu produzir café especial. No ano seguinte, lançou a marca Sítio Imperial da Serra. “No começo a gente nem sabia como vender direito. A gente abriu uma conta no Instagram e um contato para vender o café”, conta Silmara.

Ela e o marido Charles Lopes de Souza adaptaram ferramentas do sítio para fazer o preparo do café especial. Parte dele é “Black Honey” — no qual parte da mucilagem (camada doce e pegajosa) do grão é mantida durante a secagem ao sol, dando origem a um café com alta doçura natural, corpo aveludado, notas de mel, caramelo, chocolate e açúcar mascavo. Outra parcela é “Red Honey”, que tem uma camada de mucilagem menor, gerando um café mais doce e ácido.

Segundo Silmara, da produção anual de 150 sacas, os cafés especiais representam entre 40 e 50 sacas. Ela afirma que o café especial chega a alcançar prêmio de R$ 1 mil por saca em relação ao convencional. “A diferença já foi maior, mas como o preço do café subiu muito, a diferença diminuiu”, diz.

Heliton Ferraz, produtor em Andradas (MG), perto de Poços de Caldas, região conhecida pelo solo vulcânico, via os cafés locais se destacarem nos concursos e decidiu abrir a própria torrefação, em 2019. “Precisava de um torrador, que é muito caro. Fomos no ferro-velho e compramos um cilindro de gás industrial. Aí fizemos um torrador com esse cilindro”, diz Ferraz, sócio da Lozano Café.

No começo, ele fazia a torra de 40 quilos de café em duas horas e meia. Hoje, já com equipamentos convencionais de torra, produz 120 quilos a cada 18 minutos.

“Hoje trabalho com duas linhas de produção, uma para torra de café gourmet e outra para cafés especiais”, afirma. Além da produção própria, Ferraz compra café de produtores da região para atender à demanda. A produção é de 23 toneladas por mês. “A meta é aumentar em 16% a produção e venda de café torrado e moído. Existe uma procura crescente pelo café de qualidade”.

Também da quarta geração de uma família de cafeicultores em Manhuaçu, na região das Matas de Minas, Oscar Dutra Rocha começou a testar a torra do café em casa de forma artesanal, e vender para amigos. Em 2020, arrendou uma torrefação e lançou a marca D’Rocha Cafés.

“Hoje a gente tem uma carteira com mais de dez produtores e faz torra para 30 marcas”, diz Rocha. Por ano, o produtor comercializa de duas a três toneladas, entre café de produção própria e de produtores parceiros. Ele também produz para marcas de varejistas e faz torrefação para outros produtores.

De acordo com Rocha, 70% da venda é feita para o consumidor final, e a intenção é vender para mais marketplaces. Em outubro, ele iniciou parceria com a Amazon para venda on-line do café.

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