T Ó P I C O : Coração Negro: distúrbio fisiológico volta a preocupar cafeicultores no Sul de Minas
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Coração Negro: distúrbio fisiológico volta a preocupar cafeicultores no Sul de Minas
Autor: Sérgio Parreiras Pereira
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Último comentário neste tópico em: 22/03/2011 07:32:21
Sérgio Parreiras Pereira comentou em: 21/03/2011 15:18
Coração Negro: distúrbio fisiológico volta a preocupar cafeicultores no Sul de Minas
Coração Negro: distúrbio fisiológico volta a preocupar cafeicultores no Sul de Minas
março 21st, 2011 by equipepec.
Depois da esperada florada e da avaliação de seu pegamento, o produtor ainda passa por mais um período de tensão. Ao se cortar os grãos de café, de aspecto normais, que estão caindo da planta, verifica-se que as lojas onde se acomodam as sementes estão parcial ou totalmente enegrecidas. Nesta primeira quinzena de março, cafeicultores do Sul de Minas, especificamente na região de Lavras, estão preocupados com o fenômeno denominado “Coração Negro”.
O gerente executivo do Polo de Excelência do Café, Edinaldo José Abrahão, cafeicultor no município de Luminárias, faz o alerta para a ocorrência do distúrbio no Sul de Minas. Em 2006, o Coração Negro foi responsável por uma forte queda de rendimento, alteração do tipo e depreciação da qualidade. Na época, a anormalidade foi registrada pelo informativo da Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas da região de Franca (Mogiana), no Estado de São Paulo.
A má formação dos frutos está descrita no livro “Semiologia do Cafeeiro – Sintomas de desordens nutricionais, fitossanitárias e fisiológicas”, em capítulo assinado pelos professores da Universidade Federal de Lavras (UFLA), fisiologista José Donizeti Alves e o fitotecnista Rubens José Guimarães. Trata-se de um fenômeno associado às altas temperaturas e seca no período de 80 a 120 dias após a florada, acompanhada de um forte veranico, o que compromete os processos fisiológicos envolvidos no enchimento dos grãos.
De acordo com o professor Donizeti, o que se pôde observar neste ano foi a ocorrência de um veranico, caracterizado por seca e altas temperaturas, que se iniciou em janeiro e se estendeu até meados de fevereiro. Em seguida a essa intempérie do clima, observou-se um grande volume de chuva, sem, contudo, decrescer significativamente a temperatura, principalmente a máxima.
Estas intempéries podem ser comprovadas por meio do Boletim da Estação de Avisos Fitossanitários da Fundação Procafé, referente ao mês de fevereiro ( CLIQUE AQUI ). A análise dos gráficos revela que em fevereiro houve baixa disponibilidade de água no solo, justamente no período crítico para a ocorrência do distúrbio fisiológico nos grãos.
Na avaliação do professor Donizeti, a associação de período de seca, seguido pelo de chuva em excesso e altas temperaturas, muito provavelmente foi a causa dessa anomalia que comprometeu eventos fisiológicos nessa fase do desenvolvimento do fruto. Ele explica que nestas situações ocorre o descarregamento de carboidratos para atender a demanda de carbono durante a expansão dos frutos, que deficientes em carboidratos, têm sua produção de energia comprometida. Este evento provoca vários eventos indesejáveis, como a ruptura da parede e membrana celular. Ainda nesta condição, vários metabólitos são extravasados, culminando com a morte das células, daí a origem desse aspecto enegrecido no interior dos frutos.
O problema é que em desordem fisiológica associada aos fatores ambientais muito pouco há de se fazer. O professor ressalta que, de maneira geral, com a volta do clima à normalidade, esse fenômeno tende a cessar. Entretanto, aqueles frutos que estão com essa desordem fisiológica já instalada ficam comprometidos. O resultado desse lote será um menor rendimento do café beneficiado, alteração no tipo e peneira e, conseqüentemente, depreciação da qualidade da bebida. “Resta ao cafeicultor poucas alternativas. É torcer para que as chuvas diminuam e as temperaturas fiquem mais amenas o mais rápido possível”, considera, lembrando que o outono está chegando.
Para agravar a situação, é comum que o “Coração Negro” venha acompanhado por ataques de pragas e doenças. Portanto, Donizeti alerta para que haja atenção especial ao controle fitossanitário da lavoura. Neste aspecto, Edinaldo Abrahão recomenda aos cafeicultores que tenham cautela na identificação da causa da queda dos frutos. “Muitas vezes, os distúrbios fisiológicos são confundidos com o ataque de fungos, como Phoma e Colletotrichum, que resulta num controle equivocado e aumento desnecessário do custo de produção”, complementa.
Polo de Excelência do Café
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