Denis Henrique Silva Nadaleti comentou em: 10/08/2015 09:37

Terra dos barões, área de plantio de café 'desaparece' em Campinas

Município tinha três milhões de hectares em 1994, segundo IEA.
Hoje, produção da bebida é feita em apenas 430 hectares.

Trabalhadores apanham café na região de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)

Grande polo produtor de café no século XVIII nos chamados “Mares de Café”, devido às imensas plantações a perder de vista, Campinas (SP) chegou a concentrar 15% da produção nacional da bebida nos áureos tempos dos barões do café. Mas hoje, a extensão desse cultivo na cidade   é de 430 hectares, contra três milhões de hectares em 1994, um abrangência 6.970 vezes menor.  Vale lembrar que a cultura tem um ciclo bienal, com um ano bom e outro ruim, fora os  fatores climáticos.

Os dados são do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios ( APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo. As estatísticas começaram a ser realizadas em 1983.

A falta de mão de obra e a especulação imobiliária [avanço das áreas urbanas] são dois dos principais fatores que influenciam na redução das áreas de plantio do café em Campinas, que hoje tem 1,1 milhão de habitantes e 90% das empresas voltadas para comércio e serviços, segundo o Caderno do Empreendedor e da Cidade Sustentável da Prefeitura.

Apanhador trabalha na colheita do café na região
de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)

“As pessoas [mão de obra] estão indo para o setor de serviços e o café perdeu força. Outro problema é o valor elevado da terra na região, que não motiva investimentos na cultura ”, explica  José Augusto Maiorano, diretor do Escritório de Desenvolvimento Rural de Campinas (EDR) da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati).

Outro fator apontado por Maiorano para a queda na área de plantio é a falta de áreas planas, que viabilizaria a mecanização da colheita. 

Maiorano ressalta ainda que pragas também reduziram o plantio. Em relação à produção. Campinas também amarga queda no número de sacas de 60 quilos. Em 1994, a estatística aponta que foram 60 mil, contra 10,4 mil no ano passado.

Diversidade
Para o coordenador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo, Orlando Melo de Castro, a realidade da agricultura em Campinas e região foca na produção das hortaliças e na fruticultura. “São culturas que agregam mais valores. E estão muito perto do público consumidor. A tendência de São Paulo é a diversidade agrícola”, ressalta o especialista.O estado responde por 27% do Produto interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro.

Em relação ao café, Melo de Castro lembra que em alguns casos os cafeicultores conseguem manter a produção, mas apenas se o produto tiver diferencial, ou seja, qualidade da bebida. Isso só se faz com tecnologia que resulta em rentabilidade.

Para o diretor do Café Canecão, Natal Martins, entre os cafés de qualidade e com valor agregado, a tendência é o aumento do consumo das cápsulas de café, que hoje não são baratas, mas o valor pode cair. "Em Portugal já consomem 15 milhões de cápsulas por mês. Baixandro o preço vão democratizar. Mas é claro que os consumidores não vão abandonar o coador de papel e de pano", afirma o empresário.

Balanço exportações
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento divulgou o balanço das exportações de café entre os meses de janeiro a junho de 2015. Em boletim divulgado pela Embrapa Café , o país exportou 17,7 milhões de sacas de 60 quilos. Este montante geraram US$ 3,2 bilhões de receita na balança comercial, segundo o informe.  

Ainda segundo o governo federal, o Valor Bruto da Produção (VBP) estimado para o ano é de R$ 17,97 bilhões. Ainda segundo a Embrapa Café, a previsão da safra para o ano é de 44, 3 milhões de sacas, com uma produtividade média de 22,8 sacas por hectare. A área de produção brasileira é de 1,9 milhão de hectares.

Catadora faz panha do café na região de Campinas (Foto: Reprodução EPTV)

Fonte: G1

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