T Ó P I C O : Certificação Fair Trade - Questão de Justiça e de um bom café
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Certificação Fair Trade - Questão de Justiça e de um bom café
Autor: Antonio Sergio Souza
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48 comentários
Último comentário neste tópico em: 06/02/2012 17:04:31
Rodrigo Belmonte Cascalles comentou em: 13/12/2011 12:20
Quebrando Paradigmas
O selo FairTrade possui, sem dúvida alguma, o maior reconhecimento público sobre sua atuação na agricultura familiar. Ele foi concebido para isso e todo marketing foi elaborado para transmitir essa mensagem. O consumidor final acredita nesse conceito.
Os demais sistemas de certificação também têm seus objetivos específicos e tentam transmitir, cada qual, sua respectiva mensagem. Nem sempre é fácil, considerando a quantidade de propaganda que "engolimos sem digerir" todos os dias.
Apenas gostaria de esclarecer que o sistema da Rede de Agricultura Sustentável "RAS" (reconhecido no mercado pelo selo Rainforest Alliance Certified) é aplicado em mais de 30 países e os produtores certificados são, na sua maioria, pequenos (média de 7 hectares). É um sistema que busca equilíbrio entre aspectos sociais, ambientais, agronômicos e gerenciais.
No Brasil, quem abraçou as oportunidades do selo Rainforet Alliance Certified foram os produtores de maior escala. Uma simples questão de visão de negócio, pois para a agricultura familiar seria mais simples cumprir os critérios propostos pela Norma da RAS.
É fundamental ressaltar que a complexidade deste sistema de certificação é proporcional à complexidade da propriedade agrícola. Buscamos equilíbrio.
No final das contas, o mais importante é encontrarmos alternativas para fortalecermos uma cafeicultura que se sustente ao longo das gerações.
TAGS: Rainforest Alliance, Certificação
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Aibi Jorge Torres - Tecnólogo em Cafeicultura - Pós-Graduando em Cafeicultura Sustentável comentou em: 13/12/2011 14:02
O Movimento do Comércio Justo
O que está em jogo é nada menos do que o futuro do comércio equitativo, o futuro dos pequenos agricultores. Comércio justo é um movimento, não uma marca. Ninguém pode reclamar a propriedade sobre um movimento. Em última análise, cabe a todos envolvidos discernir se aqueles que reclamam serem os diretores do movimento estão no seu direito de estipular mudanças.
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Marco Antonio Jacob comentou em: 13/12/2011 17:49
Certificação, uma nobre idéia , porém dentro de um lupanar
Devo causar alguma polêmica com o que vou dizer !
A idéia em sí de certificações é boa , principalmente o Fair Trade , porém dentro do contexto , é uma boa ação no interior de um lupanar , bordel , prostibulo ou simplesmente puteiro , para aqueles menos afeitos a classica lingua portuguesa , ou , boas maneiras no meio de uma orgia , para eu ser mais claro.
As grandes industrias ,ou , grandes marqueteiros, inventaram os selos sociais ( Fair Trade , Rainforest , Utz , 4C e etc) , adicionando uma porcentagem mínima de cafés certificados a seus produtos finais, e , depois estampando em 100% das embalagens o selo social.
Enfim , um oligopólio de industrias , pressionando mercados com as mais deslavadas mentiras em termos de produção , estoques e etc ., e , depois vêm com selos sociais , dando uma merreca de premio aos produtores.
Gostaria de saber quando uma industria criará um selo social , uma certificação , no qual garanta por 30 anos , comprar café por preços que cubram 100% dos custos de produção , mais uma margem de lucro , aos produtores que se fidelizarem a esta indústria.
Também gostaria de saber , quando as indútrias serão obrigadas a comprar 100% de cafés certificados.
Quando falo de custos , não é só os insumos , falo de depreciações , salário de gerenciamento do produtor , custo do capital investido , custo previdênciarios , fiscal, financeiro e etc., digamos uma planilha de custos feitos por alemão ou ingleses.
Então para mim , os selos sociais só servem para o produtor aprender gerenciamento , porém pagam caro por isto , vejam os preços cobrados pelas certificadoras.
Do resto é balela , um premiozinho de 2% a 3% sobre o preço da mercadoria (commodity).
Uma esmolinha aos produtores de café , pois peguem os preços de cafés quando existia o acordo internacional de café , e, joguem a inflação mundial e verão que nos últimos anos , os produtores mundiais atravéz de miséria , subsidiaram os grandes importadores mundiais de café.
Enfim , vivemos em um mundo hipócrita.
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Miguel comentou em: 13/12/2011 18:13
Comercio Justo para Todos
Boa tarde,
Primeiro, desculpas pelo portunhol. Eu queria escrever um pouco sobre o trabalho que nos estamos fazendo em Fair Trade USA pra ter um modelo mais inclusivo que tambem apoia aos trabalhadores rurais trabalhando em fazendas de cafe e, ao mesmo tempo, aumente o mercado dos agricultores familiares. O site embaixo tem mas informacao sobre a visao:
http://fairtradeforall.com/vision-overview-portuguese-translation/
Pra esclarecer um pouco, o Fair Trade hoje trabalha com trabalhadores rurais em fazendas medias e grandes em outros produtos ao nivel mundial (cha, bananas, flores) e a Fair Trade USA esta 'piloteando' (testando) como o modelo pode trabalhar em cafe. A ideia e que o premio Fair Trade (o sobre-preco) vai pra os trabalhadores rurais em fazendas e os trabalhadores tem que decidir democraticamente como vai usar o premio (similar a o que as associacoes Fair Trade fazem agora). Os estandares pra fazendas tem que ser muito rigorosos porque as fazendas podem fazer mais (invertir mais) que os agricultores familiares na parte laboral e ambiental. A primera versao dos estandares esta neste site:
Nos gostariamos ter suas opinoes sobre os estandares pra poder melhorar os estandares nos prossimos meses.
Nossa ideia e testar estandares e o modelo pra ver como nos podemos abriar a certificacao pra apoiar tambem a trabalhadores rurais em fazendas so se tambem podemos crescer o mercado pra os agricultores familiares. E um proceso de estudo onde nos queremos melhorar o trabalho e o sistema.
Fico as ordenes pra cualquer duvida sobre o trabalho.
Atenciosamente,
Miguel Zamora
Diretor, Innovacao em Cafe e Relacoes com produtores
Fair Trade USA
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Beatriz Rosa comentou em: 13/12/2011 20:33
Critérios para os trabalhadores nas Fazendas Fair Trade USA
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Fábio Lúcio Martins Neto comentou em: 14/12/2011 12:19
Comércio Justo
Olá,
Gravíssima esta decisão da Fair Trade USA (antiga TransFair USA). Concordo com o colega Sérgio Pereira e com o barista Wylsel Sacramento.
Trabalho com cafeicultores da agricultura familiar na Bahia e conheço e vivencio todas as suas dificuldades. Conheço e vivencio, também, as alternativas batalhadas com muito suor por eles, principlamente, após a crise do início dos anos 2000, investindo seus parcos recursos na obtenção de cafés gourmets e orgânicos.
Entretanto, os desafios de melhorarem suas organizações (assossiações e cooperativas) e buscar uma inserção mais profissional (não digo nem justa) são enormes e, por isso, o mercado do comércio justo é uma meta a ser buscada.
Me parece que esta decisão da Fair Trade USA está ancorada na necessidade de aumento da oferta de café com a certificação para o comércio justo.
Porém, vejo com muita tristeza a busca por estes cafés em grandes propriedades. É muito fraco o argumento da Fair Trade USA de beneficiar os trabalhadores rurais, pois ainda é grande o número de agricultores familiares produtores de café excluídos do comércio justo.
Para isso, acredito que a Fair Trade USA deveria focar mais seu trabalho com os agricultores familiares, pois ainda existem muitas organizações possíveis de serem certificadas em muitas regiões produtoras que poderão ofertar diversos tipos de cafés.
Abraços,
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João Marcos Altieri Ramos comentou em: 14/12/2011 13:23
Estranho né? Quanta bondade!
Senhores,
A Empresa de Fair Trade dos Estados Unidos agora está preocupada com nossos trabalhadores rurais assalariados! Estranho né?
Quanta bondade!
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Sérgio Pedini comentou em: 14/12/2011 13:58
Fair Trade USA
Caro Miguel, seja bem vindo aos Peabirus! Mil desculpas, mas não posso concordar com a postura da Fair Trade USA. Achar que produtores familiares e grandes produtores ocupam espaços no mercado internacional sob as mesmas condições é no mínimo uma ingenuidade.
E apresentar normas que valorizem os trabalhadores dessas empresas com exigências quase sempre "legais" ou "trabalhistas" é, no meu modo de entender, uma falta de respeito à nossa institucionalidade, ou seja, leis existem para serem cumpridas e não para serem valorizadas como resultados de sistemas diferenciados de certificação.
Continuo achando essa decisão uma lástima, um retrocesso e, principalmente, uma total insensibilidade da Fair Trade USA com relação aos produtores familiares de todos os países produtores de café do planeta.
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Ulisses Ferreira comentou em: 14/12/2011 14:05
Fair Trade Cresce Cada vez Mais
Como Consultor em certificações (Rainforest, Utz e Fair Trade), já certifiquei 05 grupos de agricultores Familiares e sempre me preocupei com o pequeno crescimento do número de associações/cooperativas Fair Trade. Sempre dizia que o mercado americano precisa de muito café, e que mesmo que entrassem 1000 pequenos produtores isso seria um volume pequeno diante da demanda de empresas como Green Mountain e Starbucks, porém sempre houve uma certa resistencia das organizações Fair Trade em certificar novos grupos de pequenos produtores.
Além disso, diferentemente do que ocorre em outras certificações quando a Fair Trade USA fechou parceria com grandes coorporações de café para comprarem cafés do comércio justo, não houve um acordo de fomento a novas certificações, por exemplo, quando a nespresso se comprometeu a usar somente café certificado Rainforest Alliance em suas capsulas a primeira iniciativa que fizeram foi criar e capacitar um corpo técnico para aumentar o numero de empreendimentos certificados não só no Brasil mas em outros países produtores.
Outro ponto é que o Fair Trade acredita que o produtor tem que ser protagonista e não deva depender de consultores e sim se capacitar para atender aos requisitos da certificação, como consultor em certificação Fair Trade acho isso errado, lógico!!!! Mas principalmente pelo fato que isso leva tempo, não é de um dia para o outro que o produtor passará a ser protagonista de seu próprio futuro.
Mas o fato é que o projeto piloto Fair Trade For All, está em andamento e que precisa de novas opniões que ajude a criar critérios que garantam que os benefícios do comercio justo sejam mantidos aos agricultores familiares e também estendidos aos trabalhadores de médias de grandes propriedades.
Não entro na discusão dos conceitos e principios, até porque cada um pode ter o seu, procuro pensar de forma mais prática o que está realmente por traz dessa decisão e como irá afetar cada um dos cafeicultores, e principalmente, como garantir que o resultado dessa mudança seja positivo.
Vejo tudo isso como o crescimento de um negócio que nasceu com a visão de Schumacher, Small is Beautiful, e que agora virou um negócio lucrativo para grandes corporações. Mas que não pode continuar aqui no Brasil como o Clube dos Bolinhas, é preciso mais empreendimentos certificados.
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Paulo Henrique Leme comentou em: 14/12/2011 16:47
Opinião dos produtores
Caros colegas,
O que não podemos ignorar é que esta decisão influencia bastante o mercado e a vida dos produtores já certificados. Gostaria de saber o que eles pensam disto, e se eles tem a exata noção dos benefícios e malefícios que podem surgir, independente da filosofia do Comércio Justo.
Um abraço!
Paulo Henrique Leme (PH)
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