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T Ó P I C O : #DEBATE - - - VALOR AGREGADO AO CAFÉ: DA FAZENDA À XÍCARA

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Comentários do Tópico

#DEBATE - - - VALOR AGREGADO AO CAFÉ: DA FAZENDA À XÍCARA


Autor: Clayton Grillo Pinto

16.154 visitas

28 comentários

Último comentário neste tópico em: 27/05/2013 08:03:18


Clayton Grillo Pinto comentou em: 10/05/2013 10:44

 

VALOR AGREGADO AO CAFÉ: DA FAZENDA À XÍCARA

 

 

VALOR AGREGADO AO CAFÉ: DA FAZENDA À XÍCARA

Alguns números (médios) que podemos usar e alguns cálculos (elementares) que podemos fazer sem medo de errar:

1- Uma saca de 60 kg (peso líquido) rende 48 kg de café torrado.

2- Um kg de café torrado rende 100 xícaras da bebida. Portanto, 48 kg torrados renderão 4.800 xícaras (10 gramas de café por xícara).

3- Uma xícara é vendida na praça a preços de R$ 0,50 a R$ 4,50, entre o cafezinho coado na garrafa e um bom espresso.

4- A esses valores, uma saca de café gera de R$ 2.400,00 a R$ 21.600,00 ao final da cadeia.

5- Considerando o novo preço mínimo do café (R$ 307,00 “é melhor do que nada”: essa foi demais...):

        5.1- R$ 2.400,00 / R$ 307,00 = 7,8 sacas. São 6,8 sacas ou 680% a mais, em relação a uma saca tomada por base.

        5.2- R$ 21.600,00 / R$ 307,00 = 70,3 sacas. Pelo mesmo raciocínio, são 69,3 sacas ou 6.930% a mais.

        Isso pode ser chamado de VALOR AGREGADO e mostra o seguinte: o problema do cafeicultor não está relacionado ao preço mínimo, nem ao alongamento de dívidas, nem à liberação de recursos para custeio, colheita e estocagem, nem às opções de vendas públicas, nem ao PEPRO, etc. Essas são medidas paliativas e que quase sempre, quando chegam, chegam atrasadas e não resolvem o problema.

        Não resolvem porque não existem políticas sérias que ofereçam suporte às “galinhas dos ovos de ouro”.

        Observando esses números nessa análise elementar, tem-se a impressão de que os cafeicultores estão é pedindo esmola, e na verdade eles não precisam disso.

        A pergunta é:

        Por que o CNC (em conjunto com as lideranças afins) não reúne todas as suas cooperativas e as transforma em fortes agroindústrias?

        Paralelamente, como extensão do mesmo projeto, seria criada uma rede de vendas em pontos estratégicos para vender, além do pó de café e dos grãos para espresso, xícaras e mais xícaras da melhor bebida social e ambientalmente correta, com identificação de origem e selo de qualidade reconhecido internacionalmente. E mais: a preços inferiores aos praticados por quem vende café 6.930% acima do preço pago ao produtor.    

        Alguém, em nome do CNC ou que faça parte da liderança da cafeicultura poderia responder com absoluta clareza às questões acima colocadas?

        Finalizando, algumas colocações soltas (só para pensar):

1- Se for feito um trabalho sério em defesa da cafeicultura, uma boa parte do valor agregado a uma saca de café (680% a 6.930%) poderia ficar com quem a produz. Não pode ficar tudo com o cafeicultor, pois, para colocar um pacotinho ou uma xícara de café nas mãos do consumidor final existem custos, e não são baixos.  

2- Cooperativa de café tem muitos donos: são seus cooperados cafeicultores. Se o cooperativismo for posto em prática, boa parcela dos especuladores e atravessadores será eliminada.

3- Não se pode ter medo dos gigantes que dominam o mercado de café no mundo. Gigantes? Gigante é o Brasil (está até na letra do Hino Nacional). Eles é que deverão ter medo, se o país maior produtor mundial aprender a elaborar seu produto (da fazenda à xícara) e deixá-los “chupando os dedos”. No mínimo terão de pagar o preço posto pelo produtor, ou que busquem matéria prima em outros países.

4- Falar do impacto de aumentos do preço pago ao cafeicultor na inflação é asneira. Numa xícara de espresso bem quente vendida a R$ 4,50 tem R$ 0,064 de café e R$ 4,44 de água, fumaça e valor agregado. Basta dividir R$ 307,00 por 48.000 gramas de café torrado e multiplicar por 10 gramas por xícara.   

5- Nem sempre nos 10 gramas de pó por xícara tem só café. Por isso os lucros ao longo da cadeia são maiores do que se imaginam. E onde fica o respeito ao consumidor?

6- Chega. Corrijam-me se escrevi algo sem fundamento. Conheço pouco do assunto e estou curioso, com vontade de saber melhor a respeito e ver onde estão os “furos”.

Abraços a todos!

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Jackson comentou em: 10/05/2013 11:56

 

Muito bom amigo Clayton!!

 

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JOSE GABRIEL WEINBERGER comentou em: 10/05/2013 12:57

 

VALOR AGREGADO AO CAFÉ DA FAZENDA À XICARA

 

Saudações,

O cálculo apresentado por Clayton Grillo Pinto é certo. Acontece que com este enorme   valor  agregado de 6930 % muitas Cafeterias encerram antes de 5 anos as suas atividades. Os motivos desta ocorrência são os mais variados.  O investimento inicial, compra do ponto de venda, instalações, despesas fixas regulares com aluguel, eletricidade, insumos, energia elétrica, mão de obra, etc. e as despesas regulares periódicas, pintura, reforma dos equipamentos, uniformes, utensílios, etc. muitas vezes impede  seguir com a atividade de comercializar xicara de café.

Abraços, Weinberger

 

 

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Edmundo Modesto de Melo Modesto comentou em: 10/05/2013 13:56

 

agregação de valor

 

Comentando o artigo digo que o artigo citado foi bem matemático e na prática é um pouco diferente. Já pensou se produtor ou cooperativa sair colocando cafeteria e vendendo café direto ao consumidor? tudo isto tem custos e por isso R$307,00 pode virar R$2.400,00 a R$21.600,00.Infelizmente alguem precisa trabalhar na cadeia de agregação de valores e são estas pessoas que ganham dinheiro realmente.E isto vale pra qualquer produto.

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Clayton Grillo Pinto comentou em: 10/05/2013 17:39

 

Valor agregado

 

Caros participantes da Comunidade,

Alguns adendos:

a) Jamais se pode pensar em ir abrindo cafeterias, uma vez que os custos para tal, assim como para manutenção, realmente são muito elevados. Em caso de um enorme empenho das lideranças, cooperativas, etc., pode-se pensar em colocar máquinas de espresso, café coado, pacotinhos de 250 a 500 gramas em padarias, pontos de venda nas próprias cooperativas, hotéis, ..., tudo dentro de um projeto "macro" e caracterizado como "Aqui tem o verdadeiro e puro café do Brasil", por exemplo.

b) Algumas pessoas que preferem não se manisfetar pela Comunidade ligaram e passaram e-mail parabenizando-me pela postagem, e uma delas, entendida do assunto, disse que não são precisos 10 gramas de café para fazer uma xícara de um bom espresso, o que se consegue facilmente com 7 gramas. Assim, a diferença torna-se maior ainda, e para o cafeicultor continua sobrando os mesmos R$ 307,00. 

- Será que realmente não tem um jeito de sobrar um pouco mais dessa diferença para a "galinha dos ovos de ouro"?

 

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Fernando Souza Barros comentou em: 10/05/2013 18:24

 

A PASSIVIDADE Ë INIMIGA DAS CONQUISTAS...

 

          Prezado Clayton

Não sei se voce é cafeicultor mas o problema é de educação,cultura e sempre sofrem com a lavagem cerebral seja de bancos,fornecedores etc...84% são pequenos.As Cooperativas comandam os Sindicatos Patronais e o Produtor aquele que está na roça é representado no CDPC em Brasília no MAPA pela CNA(Confederação Nacional da Agricultura) que é patroa das Federações que é patroa dos Sindicatos certo!Muito bem,o CDPC que é o orgão em que se reunem a CNA,a CECAFÉ,a ABIC,a ABICS,MIDIC etc...foi criado para gerir e defeinir a Politica para o Café e a gerencia do dinheiro do Funcafé ok! Os Sindicatos não tem dinheiro e estão atrasados 25 anos em relação ao dos trabalhadores certo!Mas enfim para voce ter idéia tenho um estudo pronto desde 2008 e fis aqui com os alunos da FGV aonde estudei.A idéia era vender um cafezinho e um pão de queijo por R$1,50 em quiosques e tudo.Indiquei os lugares para o estudo e venderíamos tambem o cafe torrado e moído e em grãos.Muito bem,na época o estudo com tudo e inclusive(o questionario que fiz) acessoria de um professor da Escola e tudo ficava em R$12000,00.Ofereci para algumas Cooperativas e alguns amigos Produtores.Todos refugaram certo!Muito bem ocorre que a classe D veio para a C e a C para a B e estourou o consumo de Café por aqui na cidade ok!Se tivessemos começado já teríamos uns 100 pontos de venda e uma certa escala!Estaríamos com a Marca consolidada e tudo. Nesta altura do Campeonato nós teremos que mudar e vamos fazer isto a começar com arotulagem do Café Torrado e Moido com % de Robusta,%Arábica,Origem(Mogiana,Sul de Minas,Paraná,Cerrado,Zona da Mata etc...) sabor e impureza certo,igual ao vinho que voce compra certo! Por que isto? Para educar,valorizar a dona de casa e o consumidor e não ser enganado com um selo que não fala em qualidade(qual?) mas se coloca como entendeu!Paralelo a isto vamos tirar o PVA(pretos,verdes e ardidos) e aí estaremos melhorando a qualidade de nosso café perante o mundo e 8/10 milhões de sacas de cafe da PRAÇA sem custo ao Governo.Poderemos fazer biodiesel ou oleos etc... mas menos tomar este resíduo que não é pago ao produtor e é descarregado no CONSUMO INTERNO.Aí meu amigo com a transparencia da cotação de nosso produto em Chicago por exemplo começaremos a nos impor e entrar em outros Continentes conforme já falamos aqui! Dinheiro para a empreitada não falta o que falta é vontade de trabalhar para evoluir,solidariedade e não viver de miséria,de esmolas e de palanque no CDPC achando que R$307,00 é bão demais pois se subir o preço a turma quita as dividas e se liberta do cabresto!Infelizmente por enquanto somos dominados pelas Multinacionais mas vamos dar um jeito nesta situação.

Abraço e até mais

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Marco Antonio Jacob comentou em: 11/05/2013 09:37

 

falta inteligência

 

Caro Clayton , 

sua observação é super valída.

note que o Nespresso , cada dose de café são 5 gramas de café , portanto 1 kilo são 200 doses.

eu venero o Nespresso , pois a Nestlé é inteligente ao agregar valor no seu produto , que têm uma qualidade excelente , inclusive atualmente é uma das poucas industrias que vem fazendo merchandising sobre café na nossa mídia , a grande maioria que vende LIXAFÉ não ganham dinheiro para investir em qualquer coisa , estão simplesmente sucateadas.

infelizmente o preço da matéria prima é assim tão baixo , por incapacidade dos nossos dirigentes em propor politicas sérias e continuas , só pensam em medidas imediatistas.

o preço da matéria prima atingiria  niveis satisfatórios , com apenas algumas  medidas , relativamente simples.

obrigar as industrias oferecerem café de mínima qualidade, nós da cafeicultura deveriamos criar um mecanismo de eliminar os cafés pretos e ardidos , pois são cafés podres.

divulgar as consumidores os benefícios para a saude em beber café.

criar o preço minimo de exportação de café , baseado no real custo de produção , para não transferirmos café a preço vil aos importadores.

criar uma contrato de café natural em uma Bolsa Internacional , poderia ser em Chicago.

infelizmente as lideranças não se importam com estas medidas , lamentável a atitude.

 

 

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MARCELO ALMEIDA comentou em: 11/05/2013 19:35

 

Valor agregado

 

Parabéns pelo texto....companheiro cleyton...

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JOSE GABRIEL WEINBERGER comentou em: 11/05/2013 20:21

 

Valor agregado ao café da fazenda ao xicara

 

 

Saudações!

A  questão de agregar valor   ao café que beneficie o cafeicultor  está ligado estreitamente com o consumo de café. A Norma de Qualidade Recomendável e Boas Práticas de Fabricação do  Cafés Torrados em Grão e Cafés Torrados e Moídos - ABIC , serve como normas vigentes e defende aos interesses da  Industria e do Comércio.

A qualidade da matéria prima  sofre mudança de uma safra para a outra, consequentemente a qualidade  na xicara de café também altera. 

Há muitos documentos   espalhados sobre café T em grão e café T&M  em Campinas, Larvas, São Paulo, mas um instituto exclusivamente que centraliza e objetiva esses estudos deveria ser formada:.     INSTITUTO DE CAFÉS E SEUS PRODUTOS.                                                                                                                                    O instituto que  dedica exclusivamente  analisar   a constituição química,   características físicas e sensoriais do café , determinará métodos de analises  que  está internacionalmente  aceita e de acordo com alguns normas vigentes  nacionais, trará  benefícios incalculáveis para o cafeicultor.  

Abraços,Weinberger

                                                                         

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Nicola Filardo comentou em: 12/05/2013 10:41

 

Café: do produtor ao consumidor

 

Prezado Clayton,

muito instrutivo o seu comentário; apenas que ensejou-me a lembrança daquele político calouro que reagiu com um "revogue-se" quando lhe disseram que seu pleito de salvação da lavoura não poderia ser atendido por causa da lei de oferta e procura.

As produções de ciclo curto resolvem uma crise de preço baixo de seu produto com uma oferta menor no ciclo seguinte. O café, sendo cultura perene "engessa" uma super-oferta sempre que reage a preços elevados no período imediatamente anterior com plantios maciços.

O resultado é sabido: estamos em meio a duas safras de 50 milhões de sacas, em média,  olhando para outra de 70, em 2014/15 e com perspectiva de 77, para 2015/16, medida pelo internódio vegetado. O panorama é dantesco, se concretizado.

Diante deste panorama afirmo que a maior comemoração, quando de um aumento no preço do café, dá-se na casa de intermediários de todo tipo e dos varejista de toda sorte ! É um momento de perpetuação dos estratosféricos ganhos de situação que alimentam a cadeia de consumo do produto e garantem a eles um plano de vida que inclue facilidades e bens jamais sonhados por nenhum outro ser humano.

Este é o problema técnico que nem sequer é considerado pelos donos da verdade cafeeira.

Um abraço.

Nicola.

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