T Ó P I C O : Fazenda Modena, em Linhares, é a primeira fazenda de café conilon certificada pela Rede de Agricultura Sustentável
Informações da Comunidade
Criado em: 28/06/2006
Tipo: Tema
Membros: 5250
Visitas: 27.637.507
Mediador: Sergio Parreiras Pereira
Comentários do Tópico
Fazenda Modena, em Linhares, é a primeira fazenda de café conilon certificada pela Rede de Agricultura Sustentável
Autor: Agda Silva Prado
1.349 visitas
1 comentários
Último comentário neste tópico em: 08/11/2011 07:24:49
Agda Silva Prado comentou em: 08/11/2011 06:54
Fazenda Modena, em Linhares, é a primeira fazenda de café conilon certificada pela Rede de Agricultura Sustentável

Foram apenas 10 quilômetros da cidade de Linhares, região norte capixaba, para chegar na propriedade que virou referência nacional para cafeicultura de conilon. No pequeno trecho de estrada de chão já é possível observar a divisa da fazenda com placas alertando a proibição de caçar no local. A informação parece obvia, mas são esses cuidados que fizeram a Fazenda Modena conseguir a certificação do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), em 2010. Foi a primeira fazenda que produz a variedade conilon de café a conseguir a certificação da Rede de Agricultura Sustentável (selo Rainforest Alliance Certified).
Selo de certificação conquistado pela Fazenda Modena
Raimundo de Paula Soares Filho, proprietário da fazenda e também superintendente da Realcafé, empresa do Grupo Tristão, com forte atuação do mercado capixaba, começou o trabalho em 2006. "Durante vários anos fui vendo o trabalho da Tristão para incrementar a qualidade do café arábica. O conilon está seguindo o mesmo caminho", diz. Os 160 hectares de pastagem, quando comprou a terra, mudaram de cenário. Atualmente, o cafeicultor tem 107 hectares de café e 48 hectares de área florestal, entre reserva legal e área de preservação permanente. O aspecto ambiental é uma das exigências para a certificação. É necessário ter a área de encosta plantada (no caso da Modena que fica na beira da lagoa), outorga de água, casa específica para os agrotóxicos, entre outros critérios.
Os funcionários da fazenda são todos registrados de acordo com a legislação trabalhista. Os cuidados com o lado social da fazenda também são requisitos para obtenção da certificação. Na Modena, os trabalhadores possuem curso para aplicação de agrotóxicos, oferecidos pelo Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural). Os tratores têm cinto de segurança e cobertura para proteção. Além disso, segue-se um padrão de higiene, como instalação de banheiros móveis em pontos estratégicos na propriedade, e relacionamento, com sugestões dos funcionários nas ações gerenciais da fazenda. "São alguns princípios fundamentais para conseguir o selo, mas, além disso, são cuidados com o ser humano. Depois que você adota essa linha vira uma coisa cultural, fica natural", destaca Raimundo.
Gerenciados pelo engenheiro agrônomo, Diego Fanchiotti Del Caro, os funcionários registram cada ação realizada na fazenda. O controle de remédios, adubação, tudo é detalhado em um livro. "É quase um diário da história da fazenda", diz Del Caro. O acompanhamento das atividades acaba ajudando na condução sustentável da produção. Com uma produtividade média de 120 sacas por hectare, hoje a fazenda Modena produz cerca de 8.000 sacas de café, mas a meta é chegar as 10 mil no próximo ano. A colheita por aqui leva um período maior do que nas propriedades tradicionais. Raimundo utiliza o plantio em linha e por talhão com quatro clones diferentes. "Temos o semi-precoce, o médio, o tardio e o super-tardio. Nossa colheita vai de 15 de abril a 15 de outubro", diz o produtor, que consegue distribuir sua produção em vários períodos para não sobrecarregar a mão de obra e os secadores. Outra novidade adotada é no sistema de irrigação. Com um investimento alto, a fazenda usa um pivô linear, que consegue mais precisão e maior rendimento. "A mangueira utilizada, chamada de LEPA, é mais parecida com a chuva. Com isso, conseguimos um aproveitamento melhor da água".
Neto de cafeicultores, Raimundo inova e recebe certificação
Um dos desejos dos produtores de café para o sucesso na atividade é o manejo da lavoura. Porém, para Raimundo isso não tem nenhum segredo. "É só seguir os manuais e livros do Incaper. Tem lá de A a Z o que precisa fazer. Se o produtor seguir o que tem lá, o resultado aparece", afirma. Uma das recomendações é em relação a secagem do café. Na Modena, utiliza-se o método da queima indireta, e o tempo de secagem é de 30 a 40 horas. Realizar o processo mais rápido ou de forma inadequada pode trazer prejuízos. "O mercado já está rejeitando café com cheiro de fumaça", alerta Raimundo.
A certificação conquistada pela fazenda Modena foi o primeiro passo para alcançar novos mercados. Após o reconhecimento do trabalho será necessário manter os padrões adotados. A cada ano, o Imaflora realiza uma auditoria para verificar o cumprimento dos critérios acordados. E a cada três anos é necessário renovar a certificação.
De acordo com o cafeicultor, o investimento para conseguir a certificação foi um pouco acima do que teria para implantar uma lavoura 'normal'. "Fazer uma fazenda arrumada, seguindo esses critérios, gasta 5% a mais do que uma convencional", afirma. O retorno do investimento começa a aparecer aos poucos. Raimundo planeja, em breve, começar a exportar café lavado direto da sua fazenda. Empresas mundiais já estão exigindo qualidade superior do café conilon. O produtor, que atualmente recebe em seu café cerca de 5% a mais do valor de mercado, acredita que essa tendência de valorização é inevitável. "A medida que o mercado for mudando vou ter mais retorno. É uma aposta minha. O consumidor vai pagar mais por esse selo porque vai saber os padrões de produção que foram adotados. Mas a minha relação com os funcionários já é uma recompensa, nem precisa de ágio no preço", finaliza.
Revista Campo Vivo
Visualizar |
| Comentar
|