T Ó P I C O : #Café com fraude - - - D.E. Master Blenders 1753 (a antiga Sara Lee)
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Criado em: 28/06/2006
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#Café com fraude - - - D.E. Master Blenders 1753 (a antiga Sara Lee)
Autor: Carla de Pádua Martins
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4 comentários
Último comentário neste tópico em: 14/09/2012 09:59:58
Carla de Pádua Martins comentou em: 14/09/2012 07:09
Café com fraude
O café amargou na Master Blenders: queda de 7% nas ações após descoberta de irregularidades
São Paulo - Quando decidiu trocar a diretoria financeira do varejista francês Carrefour por um posto semelhante na subsidiária brasileira da holandesa D.E. Master Blenders 1753 (a antiga Sara Lee), dona do café Pilão, em junho deste ano, o paulista André Maurino vislumbrava uma carreira e tanto pela frente.
A operação brasileira de café é a maior da empresa no mundo, com faturamento de 1,5 bilhão de reais, ou 21% da receita global. Marcas como Pilão, Palheta e Café do Ponto fazem da Master Blenders a líder do mercado nacional. E o Brasil é o maior produtor mundial de café e segundo mercado consumidor do produto.
Mas Maurino logo percebeu que, por trás dessa força toda, algo parecia errado. Ante o que ele julgou serem indícios de manipulação de resultados, ele solicitou uma auditoria à PricewaterhouseCoopers. A suspeita chamou a atenção da matriz, que despachou para o Brasil sua cúpula em julho.
Em 1º de agosto, a empresa divulgou um comunicado informando a descoberta de problemas de contabilidade na operação brasileira, que, somados, resultam em perdas de 85 milhões a 95 milhões de euros (de 212 milhões a 237 milhões de reais). Dizia ainda que os balanços financeiros dos últimos três anos e meio seriam revisados.
A informação fez com que as ações da Master Blenders, que havia passado a negociá-las em Amsterdã apenas três semanas antes, desvalorizassem 7% no dia seguinte. “Em questão de minutos perdemos quase 500 milhões de euros (cerca de 1,2 bilhão de reais)”, afirma Errol Keyner, vice-diretor da Associação Holandesa de Acionistas.
Segundo EXAME apurou, a suposta fraude custou o emprego do presidente brasileiro, Dantes Hurtado, do antigo diretor financeiro e do segundo executivo de finanças, demitidos na primeira semana de setembro. Procurada, a Master Blenders não deu entrevista nem confirmou as demissões.
A Master Blenders contratou em julho a auditoria Ernst & Young e a empresa de investigação americana Kroll. O que aconteceu? Sabe-se até agora que a maior parte do problema estava no departamento de vendas. Para cumprir as metas de crescimento estabelecidas pela matriz e garantir seus bônus anuais, alguns executivos teriam registrado uma série de pedidos de varejistas por conta própria, sem que eles fossem oficialmente realizados — uma prática conhecida como “antecipação de venda”.
A gigante do café Master Blenders, dona do Café Pilão, descobriu uma fraude milionária na operação brasileira. A cúpula da empresa caiu — e esse deve ser só o começo.
Ao final, o varejista até aceitava a compra, mas só pagava quando desejava de fato recebê-la, o que poderia levar meses. Na contabilidade da empresa, no entanto, constava o valor integral da venda. Outro malabarismo acontecia na relação com os grandes varejistas e atacadistas.
Para convencê-los a fazer novos pedidos, mesmo quando seus estoques estavam cheios, a equipe da Master Blenders aumentava em até 50% a verba promocional paga à rede. Esse tipo de verba é usado para inclusão de seus produtos em tabloides ou para garantir uma posição privilegiada na gôndola, uma prática comum no mercado.
Ocorre que, em alguns meses, a Master Blenders não teria lançado no balanço o pagamento dessa verba como despesa, mas como “contas a receber” — por exemplo, vendia 1 milhão de reais para um varejista, mas ele pagava apenas 800 000 reais porque cobrava 200 000 reais de verba promocional. Como o dinheiro nunca voltava, isso virou uma bola de neve no balanço.
Para uma empresa do tamanho da Master Blenders, que fatura o equivalente a 7 bilhões de reais, um erro de 200 milhões de reais nas contas não chega a ser uma catástrofe — segundo dados da consultoria KPMG, empresas brasileiras e americanas perdem o equivalente a 5% do PIB em fraudes a cada ano. O maior problema está na crise de confiança que esse tipo de notícia gera.
Do balanço apresentado aos investidores na época da venda das ações, o lucro dos últimos três anos e meio ficou 37 milhões de euros menor. Por causa da revisão das informações, a associação de investidores holandeses passou a exigir uma compensação da companhia e de quem assinou seu prospecto de entrada na bolsa — no caso, a auditoria Price e o banco ABN Amro.
Oficialmente, a Master Blenders afirma que “a investigação interna já foi praticamente concluída e não revelou novas descobertas ou impactos financeiros adicionais” na operação brasileira. Mas a investigação iniciada por Ernst & Young e Kroll, que começou em julho, está programada para terminar em outubro. Ou seja, mais detalhes podem ser revelados — e não se descarta que novas perdas tenham de ser contabilizadas no balanço da empresa que é líder em vendas de café no país.
EXAME.COM
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Sergio Parreiras Pereira comentou em: 14/09/2012 07:19
Investidores buscam compensação dos donos do café Pilão
Investidores buscam compensação dos donos do café Pilão
AMSTERDÃ, 2 Ago (Reuters) - Investidores holandeses vão pedir uma indenização ao proprietário das marcas de café Pilão e Douwe Egberts, entre outras, após a empresa Master Blenders 1753 ter emitido um alerta citando fraude e problemas com impostos e estoques no Brasil, apenas três semanas depois de ser listada na bolsa de Amesterdã.
A associação holandesa de acionistas (VEB na sigla oficial), que representa principalmente investidores particulares, disse nesta quinta-feira que vai exigir uma compensação da empresa de café D.E Master Blenders 1753, da antiga matriz Hillshire Brands e de dois conselheiros.
A D.E Master Blenders, cujas marcas também incluem a empresa de pastilhas e máquinas de café Senseo, e a Pickwick tea, é o terceiro maior player no mercado global de café, após a norte-americana Kraft Foods Inc, e a Nestlé.
A empresa foi cindida do grupo Sara Lee, dos EUA, agora conhecido como Hillshire Brands, em uma listagem realizada 9 de julho.
Na quarta-feira, a D.E. Master Blenders disse que havia encontrado irregularidades na contabilidade ao fechar seus livros para o ano fiscal terminando em 30 de junho, avisando que seus resultados seriam atingidos por uma combinação de fraude, e problemas com impostos e estoques em sua unidade brasileira, e que suas demonstrações contábeis desde 2009 teriam de ser refeitas.
As ações da empresa chegaram a cair mais de 7 por cento nesta quinta-feira.
"Isso mostra que os investidores estão preocupados", disse Marco Gulpers, analista da ING.
Na cisão, os acionistas da Sara Lee receberam uma ação da D.E. Master Blenders para cada ação da Sara Lee que eles já tinham.
A D.E esperava que muitos investidores dos EUA, que não queriam ser expostos à empresa europeia de café, vendam suas participações. A empresa também publicou um prospecto de 236 páginas, datado de 1 de junho, informando compradores potenciais.
Na época do anúncio da listagem, o diretor financeiro da empresa, Michel Cup, disse esperar que as ações atrairiam uma boa mistura de investidores europeus, particularmente britânicos e holandeses, dada a familiaridade desses países com a marca Douwe Egberts.
Jan Maarten Slagter, diretor da VEB, disse nesta quinta-feira que a associação iria exigir compensação para investidores do banco listado ABN AMRO e da empresa de auditoria PricewaterhouseCoopers , além da Hillshire e da D.E Master Blenders.
"O prospecto da listagem foi feito com base em informações incorretas. Portanto, acionistas que compraram ações o fizeram se baseando informações incorretas", Slagter disse à Reuters.
"Nós estamos enviando cartas para as quatro partes envolvidas, responsabilizando-as e as convidando para discutir uma compensação para os acionistas."
A ABN AMRO não quis comentar. A PricewaterhouseCoopers não estava imediatamente disponível para comentar.
Quando Cup, o diretor financeiro, foi perguntado durante uma chamada de conferência com analistas sobre quem seria responsabilizado caso houvesse alguma reclamação legal, ele respondeu que seria a D.E Master Blenders.
Mas ele afirmou que era muito cedo para comentar sobre qualquer possível pedido de compensação, acrescentando que eles iriam "revisar e ver o que é necessário, e o que precisa ser feito".
Perguntado sobre o timming das revelações, logo após a listagem, ele disse que a empresa estava investigando o porque de as irregularidades não terem sido descobertas antes.
(Reportagem de Sara Webb e Ivana Sekularac)
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wagner comentou em: 14/09/2012 09:06
fraude
eh nada muda
mesmo neste Brasil
so os artistas
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Eduardo Cesar comentou em: 14/09/2012 09:57
Mundo corporativo
"Ao final, o varejista até aceitava a compra, mas só pagava quando desejava de fato recebê-la, o que poderia levar meses. Na contabilidade da empresa, no entanto, constava o valor integral da venda."
Um truque semelhante foi utilizado pelos executivos da ENRON, só que em maior escala, levando a companhia à falência.
Alguém pode dizer que isso é culpa da "ganância das torrefadoras", mas o problema não é só com o setor de café, é com o mundo corporativo. Executivos de empresas pequenas, médias, grandes, localizadas em países desenvolvidos ou em desenvovimento, vez ou outra, se sentem tentados a ganhar mais.
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