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T Ó P I C O : Café: A importância do magnésio (Mg) vai além da clorofila - Por Moscardini & Mazzafera

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Café: A importância do magnésio (Mg) vai além da clorofila - Por Moscardini & Mazzafera


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 13/04/2023 16:56:19


Leonardo Assad Aoun comentou em: 13/04/2023 15:18

 

Café: A importância do magnésio (Mg) vai além da clorofila - Por Davi Moscardini & Paulo Mazzafera

 

Café: A importância do magnésio (Mg) vai além da clorofila
Davi Moscardini & Paulo Mazzafera 

O magnésio (Mg) é um macronutriente de plantas, requerido em quantidade expressiva pelas culturas agrícolas. Por muito tempo este foi um nutriente esquecido na cafeicultura e atualmente preocupa pela facilidade com que se encontra sua deficiência no campo. O papel mais icônico do Mg nas culturas é sua presença como átomo central da estrutura da clorofila, pigmento que confere a cor verde aos vegetais e responsável pela captação da energia luminosa. Apesar deste ser o papel mais notável deste nutriente, ele também modula a atividade de mais de 300 enzimas. Não menos importante é que até 3/4 do Mg das folhas está envolvido na síntese de proteínas e até 1/5 dele está relacionado com as clorofilas.

Fotossíntese e transporte de sacarose

Além de fazer parte da molécula da clorofila, o Mg modula a atividade da enzima Rubisco. Essa é a enzima que possibilita a fixação do carbono do CO2 do ar em carboidratos, que serão usados na produção de biomassa.

figura 1

Outro problema originado pela deficiência do Mg relaciona-se ao transporte de sacarose no floema. Plantas bem nutridas com Mg transportam a sacarose até os tecidos drenos (raízes novas, frutos, folhas novas). A falta de Mg inibe a ATPase que fornece energia para que ocorra o carregamento da sacarose no floema (Figura 1). Como consequência, há um acúmulo transiente de sacarose na folha fonte. A planta interpreta de que não existe mais demanda pelos tecidos drenos e diminui a taxa fotossintética.

Figura 1. Concentração de sacarose nas folhas e taxa de translocação em plantas de feijão submetidas a deficiência de Mg por 12 dias. (Cakmak et al., 1994).

O acúmulo de sacarose em plantas deficientes em Mg favorece o desenvolvimento de pragas e doenças, os quais, juntos com a inibição da fotossíntese, levam à produção de espécies reativas de oxigênio, que causam as temidas escaldaduras na cultura do café (Figura 2). Este é o motivo pelo qual cafeeiros bem nutridos em Mg apresentam tolerância a elevada intensidade luminosa.

figura 2

Figura 2. Escaldadura em folhas de cafeeiro. Sintoma típico da deficiência de magnésio.

Na cultura do café fases fenológicas fundamentais para construção do potencial produtivo, como o pegamento da florada e o desenvolvimento dos frutos, são altamente dependentes da fotossíntese realizada pelo par de folhas adjacente ao internódio produtivo. A deficiência de Mg é, portanto, catastrófica para o cafeeiro, pois impacta diretamente na produção de energia necessária para desenvolvimento de componentes cruciais da produtividade na cultura. 

Sintomas de deficiência de Mg no cafeeiro 

O início da deficiência é caracterizado pela perda da cor verde escura intensa, esmaecendo para tons verde-amarelados, até chegar ao sintoma típico, caracterizado pelas cloroses internervais nas folhas velhas. O progresso da deficiência leva a queda de folhas, elevada intensidade de escaldaduras no lado do sol poente e grão chochos no ápice de ramos plagiotrópicos. Isso ocorre em casos severos de deficiência, quando o cafeeiro já não consegue transportar fotoassimilados para os frutos devido à de níveis inadequados de Mg.

figura 3

Causas de deficiência de Mg no cafeeiro 

A expansão da cafeicultura para solos de baixa fertilidade natural e o aumento expressivo de produtividade nas últimas décadas fizeram do Mg uma das maiores preocupações na nutrição mineral do cafeeiro. O aumento do potencial produtivo veio acompanhado de adubações potássicas mais pesadas, que favoreceram a deficiência de Mg, uma vez que há uma inibição competitiva entre estes nutrientes durante a absorção pelas raízes. Todos estes fatores em conjunto diminuíram a capacidade da calagem em nutrir adequadamente o cafeeiro em Mg.

Como fornecer Mg no cafezal?

O primeiro aporte de Mg no cafezal deve ser realizado pela calagem, para atingir 70% da saturação por bases. Neste momento, recomenda-se optar por corretivos de maior reatividade, como a cal virgem dolomítica, que apresenta como vantagens a reação mais rápida e o maior teor de Mg na composição. Em solos com relação Mg/K superior a 2 e com o Mg superior a 9 mmol/dm³, apenas a calagem pode ser suficiente para fornecimento deste nutriente, desde que a adubação potássica seja realizada com parcimônia.

Ressalta-se que em anos de carga elevada chega-se a aplicar 400 kg de K2O por hectare, dose que pode estreitar muito a relação Mg/K e levar a deficiência do Mg. Em casos de alta produtividade ou desequilíbrio no solo, o aporte adicional de Mg com outra fonte se faz necessário. Uma fonte interessante para este fim é o óxido de magnésio, que apresenta elevado teor de Mg e altíssima reatividade. A dose deve ser da ordem de 50 a 100 kg de Mg por hectare, sempre levando em conta o teor no solo para reestabelecer a adequada relação Mg/K. 

Alguns resultados positivos também têm sido observados com aplicações foliares de fontes solúveis de Mg, que são um socorro em momentos de deficiência. Ressalta-se que por se tratar de um macronutriente o fornecimento da dose adequada não é passível de ser realizado apenas via folha, estratégia que sempre deve ser associada a correção via solo.

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