T Ó P I C O : Valorização de funcionários é prioridade em fazenda de café no interior de SP
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Valorização de funcionários é prioridade em fazenda de café no interior de SP
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 19/08/2023 18:38:10
Leonardo Assad Aoun comentou em: 19/08/2023 18:30
Valorização de funcionários é prioridade em fazenda de café no interior de SP
Os proprietários da Bom Jesus, terceira colocada na categoria grandes propriedades do Prêmio Fazenda Sustentável, investem na educação dos colaboradores
Por Eliane Silva — Cristais Paulista/Globo Rural
Leandro Lombardi trabalha na Fazenda Bom Jesus há 21 anos e, atualmente, é um dos gerentes da propriedade - Foto: Ricardo Benichio
Na Fazenda Bom Jesus, que se dedica à produção de café em Cristais Paulista (SP), o visitante é recebido por um sorridente “Jesus” de cabelos longos, que abre a porteira e indica a direção a seguir para chegar à sede.
O porteiro Nailton Renato Fonseca de Oliveira é ator nas horas vagas e interpreta Jesus na celebração da Paixão de Cristo. Ele trabalha há seis anos na fazenda e reveza o trabalho na portaria com seu pai, Reinaldo Arrans Oliveira.
A família é uma das 13 que moram na fazenda, incentivadas pelos proprietários que não cobram aluguel, fornecem cesta básica, premiam os funcionários com viagens de férias e investem na educação dos colaboradores.
A sustentabilidade social é um dos pilares mais importantes da Bom Jesus, que produz 18 mil sacas de café por ano em 420 hectares, sendo 80% cafés especiais, exportados para Austrália, Inglaterra e Estados Unidos. A fazenda é certificada pela UTZ e pela Rainforest Alliance (2008) e passa por auditorias anuais que verificam 127 requisitos.
Produzir café não é só lucrar ou contabilizar o prejuízo. É uma atividade que envolve muita gente
— Lucas Lancha de Oliveira, administrador da Fazenda Bom Jesus
O biólogo Bruno Bastianini Neroni, que cuida das certificações e da parte ambiental, dá aulas de reforço escolar aos filhos dos funcionários, que têm também aulas de inglês online. Os colaboradores adultos têm aulas para prestar as provas do exame nacional para jovens e adultos (Encceja).
“Não é só plantar, colher, vender e pôr o dinheiro no bolso ou contabilizar o prejuízo. Produzir café é uma atividade que envolve muita gente. Nós oferecemos moradia e participamos da vida das famílias que trabalham na fazenda”, diz o agrônomo Lucas Lancha de Oliveira, da quinta geração do café, que assumiu em 2011 a administração da fazenda comprada há 39 anos por seus pais, Gabriel Oliveira e Flávia Lancha. O irmão mais novo de Lucas, Gabriel Afonso, é o diretor financeiro.
O casal, que preparou a sucessão e agora atua no conselho de administração da empresa, deu os primeiros passos na sustentabilidade ambiental e social da fazenda em 1998, ao recuperar áreas de pastagens e trocar o gado pelo cultivo do café, e investir no pilar social. Flávia criou uma gincana anual na Bom Jesus, que recebe centenas de estudantes para provas e aulas de conscientização ambiental.
Em 2014, por exemplo, 750 crianças da gincana plantaram árvores nativas para recuperação de uma área que abriga uma das 12 nascentes da Bom Jesus.
Fazenda Bom Jesus, em Cristais Paulista, no interior de São Paulo, foi a 3ª colocada na categoria Grandes Propriedades do 7º Prêmio Fazenda Sustentável
A Fazenda Bom Jesus, que produz 18 mil sacas de café por ano em 420 hectares, quer ampliar as práticas de sustentabilidade na produção
Nos últimos anos, está em curso a redução do uso dos defensivos químicos e a substituição por biológicos. Segundo Lucas, em três anos, a propriedade reduziu em 30% o uso de agroquímicos, substituídos por produtos biológicos. Por lá também foram adotados a roçada ecológica e drones para a pulverização de microbiológicos nos novos pés de café.
Na fazenda há 21 anos, o gerente Leandro Lombardi, de 38 anos, conta que a propriedade passou a fazer compostagem em 2017 com esterco de gado, cama de frango, água de reuso da lavagem do café, palha de café, pó de rocha e outros resíduos da produção.
Por ano, cada hectare recebe de 4 a 8 toneladas do composto. Além disso, já foi constatado um aumento de produtividade pós-compostagem, embora ainda não seja possível mensurar.
Veja as práticas sustentáveis da Fazenda Bom Jesus — Foto: Globo Rural
A colheita é mecanizada, exceto a dos cafés de primeiras safras que são colhidos manualmente por safristas.
Os 123 funcionários fixos recebem café da manhã e têm à disposição 4 ranchos (áreas de vivência) com barreira de proteção verde na fazenda para alimentação. Além disso, eles são incentivados a registrar os avistamentos de animais. No catálogo já constam tamanduá-bandeira, lobo-guará, jaguatiricas, cachorros-vinagre, macacos e gatos mouriscos, entre outros animais.
Em novembro de 2022, os Oliveira investiram R$ 1,8 milhão na instalação de cinco usinas de energia fotovoltaica, que suprem atualmente 100% das necessidades da fazenda e devem gerar um excedente no verão. A expectativa é de um payback em cinco anos.
“Gostamos de ser um grupo que favorece a comunidade em que atuamos. Produzimos com responsabilidade e achamos que estamos no caminho certo da sustentabilidade social, ambiental e financeira”, diz Lucas, acrescentando que a produção orgânica está nos planos, mas a fase ainda é de estudos para aprender como produzir café orgânico.
Lucas conta que a propriedade trabalha ainda no levantamento sobre suas emissões e sequestro de carbono e faz planos para uma cobertura de internet em toda a sua extensão via Starlink, do bilionário Elon Musk, dono da Tesla.
Produtividade recorde
O grupo já chegou a produzir 29 mil sacas de café em 720 hectares, divididos em duas fazendas na região da Alta Mogiana, favorecida pela altitude superior a 900 metros. A redução começou com as geadas de 2021, que atingiram 168 hectares. “Deu para recuperar uma parte, mas tivemos que arrancar 58 hectares”, conta o gerente Leandro Lombardi.
Nesta safra, com 124 hectares de cafezais novos, a produtividade da Bom Jesus deve chegar a 46 sacas por hectare, um recorde. Cerca de 300 hectares são irrigados por gotejamento. Além do café, a família planta 1.024 hectares de cana e 370 de soja, milho e sorgo. Em Canarana (MT), ela cultiva outros 4.300 hectares de soja, milho e sorgo.
Parte do café que a fazenda produz chega aos consumidores com a marca própria do grupo, a Labareda. Ela já atende ao mercado regional de Franca e está em expansão no estado de São Paulo.
O Q-grader Douglas Patrocínio Freiria Rad, que cuida das operações do pós-colheita da Bom Jesus, diz que 100% da produção é rastreada do campo até o embarque.
Ele testa e classifica na própria fazenda os cafés naturais, que são pré-secados nos terreiros e finalizados em 8 secadores rotativos, e os de via úmida, que são lavados, descascados e despolpados. Há ainda os microlotes cuidados em terreiro suspenso, que passam por fermentação para concorrer em concursos, serem exportados ou vendidos para microtorrefadoras.
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