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T Ó P I C O : O que é biochar e por que startup aposta nele para gerar créditos de carbono

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O que é biochar e por que startup aposta nele para gerar créditos de carbono


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 23/01/2024 12:49:38


Leonardo Assad Aoun comentou em: 23/01/2024 12:42

 

O que é biochar e por que startup aposta nele para gerar créditos de carbono

 

A startup NetZero investiu no composto de resíduos agrícolas, que fixa água, nutrientes e carbono no solo

Por Camila Souza Ramos — São Paulo/Globo Rural

Olivier Reinaud (à esquerda) e Pedro de Figueiredo: em expansão, NetZero considera o Brasil o país com o maior potencial de produção do biochar no mundo

Olivier Reinaud (à esquerda) e Pedro de Figueiredo: em expansão, NetZero considera o Brasil o país com o maior potencial de produção do biochar no mundo — Foto: Divulgação

Com a dificuldade que muitas indústrias têm de reduzir suas emissões de gases estufa para atender suas metas, produtos que prometem capturar o carbono da atmosfera e armazená-lo permanentemente no solo parecem bastante atrativos nos mercados de carbono. É no que aposta a startup NetZero, que acabou de conseguir uma certificação internacional para gerar créditos de remoção de carbono a partir do biochar que produz em Lajinha (MG).

Feito de matéria-prima orgânica, o biochar é defendido por seus produtores como uma solução quase “mágica” para as mudanças climáticas. O biochar da NetZero é feito de palha de café, um resíduo que normalmente ficaria exposto no solo após a colheita, decompondo-se e emitindo não só carbono como também metano, ainda pior para o aquecimento global.

Na unidade de Lajinha, a empresa capta essa biomassa com colaboração dos produtores da região e a transforma no biochar após um processo de decomposição a altas temperaturas (pirólise). A fábrica processa 16 mil toneladas de biomassa por ano e produz 400 mil toneladas de biochar ano, o que atende até 3 mil hectares.

Quando aplicado no solo, o produto retém água e nutrientes, o que diminui a necessidade de fertilizantes. “Não é fertilizante porque não traz nutrientes para o solo, mas melhora a capacidade do solo de reter esses nutrientes e água. Isso aumenta a produtividade e a receita agrícola”, afirma Olivier Reinaud, um dos sócios da NetZero. Além disso, também fixa carbono da biomassa no solo por “milhares de anos”, afirma, o que fortalece o potencial de sequestro de carbono.

Quem atestou que o biochar da NetZero é capaz de capturar carbono foi a certificadora internacional Puro Standard, que desenvolveu metodologias alinhadas com a definição do IPCC para “remoção de carbono” não só para o biochar, mas também para outros projetos de injeção de carbono no subsolo.

Com a certificação, a NetZero está agora autorizada a começar a vender seus créditos de remoção de carbono, gerando uma fonte adicional de receita além da venda do biochar. Dois dos clientes que já firmaram contratos de longo prazo com a startup para comprar seus créditos de remoção de carbono são o Boston Consulting Group (BCG) e o banco Rothschild.

Pela singularidade do crédito, que remove carbono da atmosfera, e não apenas evita emissões, seu preço é bem mais alto que os de outros créditos de carbono. A Puro Standard vende créditos de projetos de biochar (nenhum deles de resíduo agrícola) por valores entre 135 e 589 a tonelada de carbono. No único projeto brasileiro registrado na plataforma, o crédito é ofertado a 165 a tonelada.

Já os créditos de carbono referentes a emissões que se consegue evitar na agropecuária podem ser encontrados à venda por US$ 20 a tonelada do carbono, enquanto créditos de carbono de projetos REDD+ (manutenção de floresta em pé) estão sendo negociados abaixo de US$ 10 a tonelada do carbono, segundo plataformas internacionais.

Apesar de valorizada no mercado voluntário, a capacidade de captura de carbono do biochar já foi alvo de questionamento por causa da origem da biomassa. No caso da biomassa de madeira, o questionamento é se não haveria derrubada de florestas — que são sumidouros naturais de carbono — apenas para fabricar um produto comercial.

No caso do biochar da NetZero, para garantir que o carbono que está sendo sequestrado já não iria para o solo de outras formas, como através de compostagens da palha de café, a empresa prefere não pagar aos produtores pela biomassa. “Não forçamos ninguém a nos dar a biomassa, os produtores nos dão a biomassa de graça. Só entra a biomassa que não seria usada de nenhum outro jeito”, diz Reinaud.

A NetZero vê no Brasil o maior potencial de produção do biochar no mundo, motivo pelo qual está executando um plano de expansão no país. Após construir Lajinha, que custou R$ 30 milhões, a startup está erguendo uma nova planta em Brejetuba (ES) e prospectando mais municípios para construir duas novas unidades.

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