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T Ó P I C O : Para 'respirar' café: conheça sabores e aromas únicos da Rota Cafés do Sul de MG

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Para 'respirar' café: conheça sabores e aromas únicos da Rota Cafés do Sul de MG


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 23/04/2024 18:16:33


Leonardo Assad Aoun comentou em: 23/04/2024 18:10

 

Para 'respirar' café: conheça sabores e aromas únicos da Rota Cafés do Sul de MG

 

Bebida rara e surpreendente pode ser harmonizada com quitandas locais em experiências diferenciadas nas cidades de Baependi, Cambuquira, Caxambu, Cruzília e Três Pontas

Por Paulo Campos/O Tempo

Café secando em terreiros suspensos da Fazenda Caxambu e Aracaçu

Café secando em terreiros suspensos da Fazenda Caxambu e Aracaçu — Foto: Paiol Café Boutique / Divulgação

Os cafés do sul de Minas têm nomes curiosos (Catuaí, Catiguá, Bourbon, Arara, Icatu, Obatã etc) e estão espalhados por 649 hectares, na maior região que concentra o maior número de árvores de café plantadas por metro quadrado no mundo. Na estrada, antes de nossa chegada ao município de Três Pontas – base de partida para a Rota Cafés do Sul de Minas – se avista as plantações nas montanhas, a mais de 1.000 metros de altitude.

Enfileirados e distantes 80 cm um do outro, esses “arbustos” cheios de aromas e sabores produzem um café raro e surpreendente, combinação de terroir único – altitude, clima, umidade e solo – com saber fazer local – método de plantio, manejo do solo, processos de colheita e pós-colheita – na busca constante pela excelência dos grãos.  São chamados cafés especiais e se diferenciam daqueles que você toma no dia a dia.

A viagem à Cafés do Sul de Minas é principalmente para "respirar" café 24 horas, conhecendo seu processo de produção, sentindo os aromas, degustando suas diversas variedades e harmonizado a bebida com quitandas locais, como bolos, broas, pães de queijo e geleias, mas também para descobrir cidades ricas em história, cultura e natureza, com povo hospitaleiro e que adora boa prosa ao redor de uma mesa ou de um fogão à lenha.

A casa onde morou Milton Nascimento e os pais adotivos em Três Pontas

Três Pontas tem dois filhos ilustres – o cantor e compositor Milton Nascimento morou na com a família, na infância, em uma casa na rua José Bonifácio, após o nascimento no Rio de Janeiro (RJ). A casa de dona Lilia e Seo Zino, pais adotivos de Milton, é hoje um museu. Perto dali, a praça principal da cidade, batizada com o nome de uma música de "Bituca", Travessia, já foi palco de show do artista quando completou seus 80 anos, em 2022.

O túmulo de Padre Victor no Santuário de Nossa Senhora D’Ajuda

Mas quem se faz onipresente é o beato João Victor – há até uma estátua do padre no trevo da cidade, revelando Três Pontas como destino forte no turismo religioso. O corpo do padre foi sepultado no Santuário de Nossa Senhora D’Ajuda. O negro, escravo, que enfrentou preconceitos e barreiras sociais no início do século para ser ordenado padre, foi beatificado pela Igreja Católica e leva cerca de 70 mil romeiros à cidade mineira.

Três Pontas

A barista Ariane Igino e Denise Chaves de Brito no Paiol Café Boutique, em Três Pontas

Desde 2023, Três Pontas está inserida na Rota Cafés do Sul de Minas com dois atrativos para serem visitadas – o Paiol Café Boutique e a Fazenda Santa Quitéria. Na Fazenda Caxambu, depois de 7 km em estrada de terra, nosso grupo é recebido por Denise e Rafael, terceira e quarta geração da família Chaves de Brito, que há mais de cem anos produz cafés de varietais, entre elas Bourbon, Mundo Novo, Arara e Catuai, em 220 hectares.

"Um hectare corresponde a 10 mil m², por volta de 5.000 árvores de café. Nossa produção é, em média, de 9.000 a 10.000 sacas de 60 kg por safra (maio a setembro). Temos uma média de 42 sacas por hectares, enquanto no Brasil a média é de 28 a 30 por hectare. Procuramos ter cultivo sustentável, cuidados com o solo e a produção", informa Rafael Silva de Brito, que abandonou a engenharia de produção para perpetuar a tradição cafeeira.

As varietais degustados no Paiol Café Boutique: Rerserva, Bourbon e Mundo Novo

No Paiol Café Boutique, enquanto Rafael promovia o tour pela fazenda para explicar os processos de produção, Denise preparava quitutes para harmonizar com três variedades de café – Bourbon, Mundo Novo e Arara. Com mesa pronta e aromas espalhando pelo espaço, a barista Ariane Igino explica o ritual: “Nessa experiência, servimos três tipos de cafés, de sensoriais diferentes, para vocês poderem experimentar aquilo o que a gente produz".

A mesa de quitandas no Paiol Café Boutique para ser harmonizada com café

Impossível resistir à mesa com bolos, broas, pães de queijo, queijo parmesão, geleias artesanais de frutas da época como jaboticaba, morango, acerola e limão siciliano. Os cafés degustados são muito doces, com acidez e corpo equilibrados e notas frutadas, mas tudo depende do método adotado para a secagem dos grãos. No caso do Bourbon e Arara, utiliza-se o honey process: o café é descascado e colocado a mucilagem para secagem.

Rafael Silva de Brito apresenta a cerveja Flor de Café

No final do tour, somos surpreendidos por uma bebida rara, o Arara Reserva, uma das centenas de varietais do Paiol. Depois de passar pelo honey process e atingir 11% de umidade, o café é levado à torra e em descanso em barril de carvalho para maturar durante 22 dias, em um processo similar ao do vinho. Após esse período, o café adquire gosto amadeirado do carvalho, sensorial de uva macerada, o que lhe confere teor alcoólico e gosto diferenciado.

Pode ser que o turista tome um café hoje e amanhã experimente outro no tour. A fazenda produz 83% de cafés especiais e também comercializa cervejas artesanais à base de café, como a Flor de Café, uma lager produzida com trigo de mel em parceria com cervejaria local Chopp Senhorita. "Nós apenas oferecemos a flor do café como ingrediente especial para fazer parte do processo, o que resulta em uma cerveja única", conta Silva.

A seleção de varietais de café no Paiol Café Boutique

A gestora da fazenda Carmen Lúcia Chaves de Brito, conhecida como 'Ucha', estava em viagem na época da nossa visita à Fazenda Caxambu. "Minha irmã é alma da fazenda, ela é mágica", enfatiza Denise. 'Ucha' largou a universidade para assumir a fazenda com a morte do patriarca e manteve o legado da família. É também a primeira mulher a assumir a presidência por duas vezes da Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA).

"Ela considera os grãos seres vivos e coloca música clássica a noite toda nos contêineres com as sacas de café". conta Denise. É isso mesmo: os cafés da Caxambu ouvem música para relaxar: "Após passarem pelos estresses oriundos de todos os processos aos quais são submetidos, é o momento de darmos a eles um repouso merecido. Não existe comprovação científica para a questão da música. É um mimo, um carinho", declarou 'Ucha' ao programa Globo Rural.

Cambuquira

As estradas de terra e as paisagens até a Fazenda Santa Quitéria

Percorrer fazendas em veículos com tração 4x4 ladeando cafezais, parando ora nas estradas para contemplar os imensos vales em mirantes, torna a road trip ainda mais surpreendente. O trajeto mais longo da rota compreende o trecho entre Três Pontas e Cambuquira, 77 k ou uma hora e meia de viagem. Famosa pelas águas com propriedades medicinais e terapêuticas, Cambuquira foi uma das primeiras cidades do Estado projetada com ruas largas, calçadas amplas e muita arborização. O Parque das Águas tem cinco fontes de águas radioativas. É lá o nosso ponto de encontro com o receptivo Mantiqueira Off Road, que promove os passeios pela Mantiqueira.

"Além das águas, Cambuquira tem carência de oferecer diferentes experiências para o turista. E como o café é importante para nossa região, começamos a nos preparar para recebe-lo com agendamento via Instagram", conta Sylvia Morais de Sousa Tinoco, do Grupo Santa Quitéria, proprietário de duas áreas agrícolas, a Fazenda Santa Quitéria, dentro da área urbana de Cambuquira, e a Fazenda Taquaral, localizada na divisa entre os municípios de Três Corações e Cambuquira, voltada à tecnologia e cultivo de variedades exóticas de cafés.

Sylvia Tinoco e Carlos Fasani com as taças de degustação na Fazenda Santa Quitéria

Sylvia e Carlos Fasani, Q-Grander, especialista em cafés especiais, recebe nosso grupo em uma antiga tulha de café reformada para abrigar um centro de visitação. O cenário está montado com uma mesa com grãos de cafés especiais em recipientes e taças com doces, uvas, morango, chocolates, nozes e castanhas para serem harmonizados com a bebida. A experiência começa com a história da família Tinoco, explicações sobre as diferenças entre o café especial e tradicional, exibição de um vídeo explicativo e degustação de dois tipos de cafés, o tradicional especial e o fermentado.

"O café está vinculado a lembranças afetivas e olfativas, é muito do que a gente lembra da casa dos pais, dos avós, e, ao mesmo tempo, ele nos remete a uma complexidade de sabores. A trajetória da Simone Carneiro de Morais Sousa na cafeicultura é de mais de 50 anos, sempre vinculada à prática agrícola", conta Fasani. Atualmente Simone faz parte da Associação das Mulheres Empreendedoras do Café da Serra da Mantiqueira (Amecafé). "Ela foi precursora, a quinta geração de uma família com mulheres à frente dos negócios. Estamos falando de uma história de vanguarda e tradição na produção de café", acrescenta.

Os visitantes aprendem a distinguir os cafés especiais (claros) dos tradicionais (escuros) na Fazenda Santa Quitéria)

A Santa Quitéria recebe grupos de cinco a dez pessoas, incluindo café da manhã ou da tarde com quitutes mineiros harmonizados com café. "A gente dá uma modulada na experiência ou um enfoque diferente", explica Sylvia. Na época da colheita, de maio a agosto, a experiência inclui o processamento do café e o terreiro. A grande maioria do café produzido na Santa Quitéria é exportado vias cooperativas Minas Sul e Cocarive. A marca do café é própria e é respaldada pelo Certifica Minas, C.A.F.E Practices, 4C e Fair Trade. "Fomos as 10 primeiras fazendas do Brasil certificadas para vender para o Starbucks, o que significa que estamos obedecendo o tripé de ciclos de sustentabilidade ambiental, econômica e social", destaca Fasani.

“Quando o turista estrangeiro vem aqui comprar café a primeira coisa que ele quer é Indicação de Procedência. Da mesma forma que a gente sai daqui para tomar um espumante na região de Champagne, é o caminho inverso: há interesse de conhecer os cafés da Mantiqueira. Estamos falando de cafés com perfis sensoriais, de bebidas únicas, que a gente não vai conseguir encontrar em lugar nenhum do mundo. São características endêmicas da região para proporcionar na xícara uma bebida de extrema doçura, achocolatada, com tons levemente cítricos Hoje, o café especial vem ganhando espaço no mercado, na mesa do brasileiro, sobretudo no turismo", conclui Fasani. A experiência na Fazenda Santa Quitéria termina com um mirante com vista para a cidade, os cafezais, a fazenda e o pôr do sol.

Ivanyse, o marido e o filho na Fazenda Catiguá: empresa familiar

Emenda-se a Santa Quitéria à Fazenda Catiguá. O veículo 4x4 corta os cafezais da serra da Mantiqueira, levantando poeira e proporcionando paisagens de tirar fôlego. Catiguá, que dá origem ao nome da fazenda, é uma árvore, não a espécie de café. A experiência pode ser degustar o café com quitandas ou simplesmente estender o passeio até o processamento e à lavoura cafeeira. Datada de 1966, a fazenda tem 500 hectares, mas apenas 60 produzem o café arábica. A proprietária Ivanyse Borges de Carvalho Bernardes apresenta duas mostras de café: um especial torrado 85 pontos (o mínimo para um café ser considerado especial é 80 pontos) e um riado queimado (leia-se ruim, amargo).

Na Fazenda Catigua, a mesa com quitandas

Ivanyse abandonou a carreira de servidora pública e acompanha de perto todo o processo de produção, do manejo da lavoura à colheita. "Nasci e cresci em meio às lavouras de café e sempre acompanhei meus pais", fala. Ela mesmo faz questão de acompanhar todo o processo de produção. "A Mantiqueira tem tantos produtos maravilhosos. Apenas nos resta cuidar dos grãos no pós-colheita para não que eles não estraguem. Tenho o terreiro de café e os maquinários como a cozinha da minha casa", afirma. Além do manejo diferenciado, a produtora dedica-se também à fermentação dos cafés especiais, com destaque para o café avinhado. A produção é pequena, de 2.000 casas. Sobre a Rota dos cafés Especiais, ela considera importante divulgar o trabalho dos cafeicultores da região.

Baependi

O Café Seival com a cidade de Baependi ao fundo

No portal de Baependi, um ônibus amarelo espera nosso grupop ara levar ao Café Seival. No bairro homônimo, na parte mais alta da cidade, o produtor Dimas Borges oferece o roteiro “Do Pé à Xícara”. A ideia não é nova e começou bem antes da rota, numa época em que as águas minerais e o turismo religioso eram os únicos atrativos da região. “Nós começamos há sete anos a fazer a torra do café, depois veio a guia Ana Cristina com o Raul, do Hotel União, de Caxambu, e enxergou nisso aqui um produto turístico, então começaram a vir os primeiros turistas”, relembra.

Dimas Borges posa para foto com os grãos amarelos na lavoura de café

Em 7 hectares com plantações de café, ele mostra todo o processo de produção do café e promove degustação de um café com quitandas locais. Borges faz o cultivo das espécies Icatu, Catucaí e Mundo Novo. A visitação tem o limite de até 50 pessoas e inclui visita à lavoura, ao depósito para conhecer o café cru e a maneira de torra e moagem, finalizando com a harmonização de dois tipos de cafés, o expresso na máquina e o coado, com quitandas. O Café Seival produz cerca de 2.500 sacas de café por safra em suas quatro propriedades.

Caxambu

A Rota dos Cafés Especiais é finalizada em Caxambu, onde o guia de turismo (e apaixonado pela música) Caio Penha explica a origem das águas medicinais e terapêuticas no Parque Dr. Lisandro Carneiro Guimarães. "Hoje, o parque é gerenciado pela Codemge e brevemente vamos ter um processo de concessão de serviços para quem tiver dinamismo e quiser realizar investimentos no restauro de seus bens", afirma o Filipe Condé, secretário de Cultura e Turismo de Caxambu. Além de ser a primeira cidade do Brasil a registrar o hábito a população de coletar água do parque como bem imaterial do município. No ano passado, a cidade participou da Conferência da ONU sobre as águas e participou de missões para poder posicionar uma estratégia da região na criação de um conceito de cidades-espaço para proteger essas águas raras e únicas no mundo.

A fonte e o Balneário Hidroterápico no Parque das Águas de Caxambu

O nome de Caxambu tem duas origens. A palavra Caxambu viria do idioma tupi e significaria “águas que borbulham”.  A explicação mais plausível, no entanto, está ligada ao principal morro e mirante da cidade e sus semelhanças com o instrumento africano chamado Caxambu. Em 1814, o pequeno vilarejo foi emancipado politicamente com o nome de Águas Virtuosas de Caxambu e depois Cidade de Caxambu. A visita começa pela  “alameda das tesouras” e finaliza no Balneário Hidroterápico, local para um banho na piscina e banhos aromáticos, passando por 12 fontes de águas minerais gasosas.

Em novembro do ano passado, o governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Cutura e Turismo (Secult-MG), e o Sebrae Minas lançaram a Rota Cafés do Sul de Minas no Festival de Turismo de Gramado (Festuris). Neste mês de abril, foi a vez do governo mineiro e Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemge) promoveram o mesmo lançamento na Specialty Coffee Expo, em Chicago (EUA),  a maior feira de cafés especiais do mundo. Minas Gerais teve, pela primeira vez, um estande nao evento com apoio ainda do Centro Universitário UniBH e do Sebrae Minas. A ideia é promover as rotas cafeeiras do Estado e atrair mais turistas estrangeiros.

(*) A press para a Rota Cafés do Sul de Minas é um convite do governo de Minas, com patrocínio da Codemge e apoio do UniBH e Sebrae.

Serviço:

Como chegar: De BH a Três Pontas, são 288 km (ou 4h de carro) pela BR-381, depois BR-369 e MG-050. De ônibus, acsse Rodováriade Belo Horizonte.

Atrativos:
Paiol Café Boutique: Reservas no site ou no Instagram / @paiolcafeboutique
Fazenda Santa Quitéria: Reservas Instagram / @fazendasantaquiteria
Fazenda Catiguá: Reservas pelo Instagram / @fazendacatigua
Latícínios Paiolzinho: Reservas no site ou no Instagram / @paiolzinho
Café Seival: Reservas Instagram / @cafeseival
Parque das Águas: R$ (entrada) / Piscina: R$ 50 / Banhos hidroterápicos: R$ 25 a 70. Acesse o site Codemge.

Passeios
Guias de turismo: Instagram / @minasbrasil.turismoexperiencia ou (35) 98825-0140 no Whatsapp. Preço a partir de R$ 350 (meio período) e R$ 500 (dia) com a guia  Ana Cristina / Instagram / @guiadasaguasmg@gmail.com ou (32) 9870-35849 no Whatsapp. Preço a partir de R$ 350 (meio período) e R$ 500 (dia) com o Caio Penha).
Agência de Receptivo: Mantiqueira Off-road: Reservas Instagram / @mantiqueiraoffroad ou (35) 98847-0636 (Whatsapp). Preços a partir de $175 por pessoa.

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