T Ó P I C O : O PROVADOR DE CAFÉ DO FUTURO - POR CARLOS BRANDO
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O PROVADOR DE CAFÉ DO FUTURO - POR CARLOS BRANDO
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 26/05/2024 19:13:24
Leonardo Assad Aoun comentou em: 24/05/2024 11:00
O PROVADOR DE CAFÉ DO FUTURO - POR CARLOS H. J. BRANDO
No mês passado a Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA) me convidou a apresentar em seu Webinar “Conhecendo o profissional degustador”. Uma das questões levantadas após a apresentação foi acerca da minha visão sobre o provador do futuro.
Minha resposta abordou desenvolvimentos recentes em Inteligência Artificial (IA) nas áreas de identificação de defeitos de café verde e avaliação da qualidade do café e como eles podem “competir” de uma maneira positiva com os provadores. Acredito que o equipamento que usa IA será capaz de realizar uma prova de café básica e o provador do futuro terá que se concentrar no aperfeiçoamento e na sincronia entre as demandas do mercado e os produtos disponíveis, incluindo recomendações de ligas.
Haverá menos espaço para provadores de café no futuro? Acredito que não porque há espaço para controle de qualidade melhor em toda cadeia de abastecimento, principalmente fora do Brasil onde, diferentemente de outros países, a prova de café tem sido parte do comércio desde o momento que ele sai da fazenda e é oferecido aos compradores, sem mencionar que quando se trata de produtores maiores a prova acontece na própria fazenda. Inclusive no Brasil há muito espaço para provas mais sofisticadas de café com foco nos mercados de café de alta qualidade e especial.
Também tive a ideia de fazer a mesma pergunta, sobre o provador do futuro, ao Michael Sheridan, CEO do Instituto de Qualidade do Café (CQI por suas iniciais em inglês). O Michael tem uma larga experiência trabalhando com provadores de café em empresas e instituições e ele também é provador.
O Michael me escreveu que “o provador do futuro será um tecnologista habilidoso. Temos visto a tecnologia do papel, lápis e prancheta no trabalho ser ofuscada pelos aplicativos de celulares conectados a bancos de dados na “nuvem”, e muito mais tecnologia está sendo desenvolvida para classificação de café verde, imagens digitais, análise “fingerprint” e modelagem preditiva por meio da IA. Acredito que estas tecnologias não substituirão os provadores, mas acredito que com o tempo eles terão que adotar estas novas tecnologias da mesma forma que fizeram com as tecnologias que surgiram nos últimos 10-15 anos. Espero e acredito que possamos estabelecer um diálogo com esta nova tecnologia para aproveitar sua promessa de tornar nossos fluxos na cadeia de abastecimento mais eficientes e nos permitir investir mais nas pessoas que entregam qualidade.”
O Michael também crê que “o provador do futuro terá um campo de conhecimento extremamente ampliado sobre o café e uma perspectiva mais profunda e abrangente sobre os cafés que avaliam em laboratório. O ritmo extraordinário da inovação em processamento pós-colheita nos últimos anos tem ampliado as fronteiras muito mais rápido do que a ciência possa acompanhar. Nosso programa de processamento pós-colheita ajuda os participantes da cadeia de abastecimento a entenderem como é um bom processamento pós-colheita e como ele pode impactar o sabor na xicara. Este é um dos melhores exemplos que eu tenho para ilustrar o que considero uma perspectiva “mais profunda”: mais provadores saberão mais sobre como o processamento pós-colheita afeta a química e o sabor do café, até aqueles mais distantes dos lugares onde o café é processado. Isto é algo maravilhoso.”
O Michael acrescentou “que a proliferação de padrões e protocolos ampliarão a base de conhecimento: o novo formulário de Avaliação do Valor do Café (CVA por suas iniciais em inglês) da SCA (Specialty Coffee Association) traz novas perspectivas valiosas que ainda estamos aprendendo, a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (ABICS) desenvolveu um padrão e um protocolo de avaliação de qualidade específicos para café solúvel que está ganhando terreno, há esforços em andamento para desenvolver um padrão Liberica, e este ano atualizaremos o padrão de Robusta que o CQI desenvolveu há mais de uma década atrás já que o Robusta avança cada vez mais em segmentos de mercado que historicamente tem sido só de Arábica. Acredito mais e mais que provadores se familiarizarão com padrões múltiplos de maneira a expandir suas perspectivas e o valor que podem agregar à avaliação e à comunicação desde a fazenda até o mercado. Nossa própria experiência com um número crescente de Q Graders optando pela certificação tanto de Arábica quanto Robusta é a meu ver um indicador nesta direção.”
Meu comentário final é que pesquisadores tem tentado associar “terroir” – solo, altitude, latitude, clima, etc. – com a qualidade do café sem chegar a uma metodologia ou solução confiável. A IA está agora ocupando este espaço! Apenas o futuro poderá dizer até onde ela irá e como poderá redefinir o âmbito de trabalho e o papel do provador do futuro.
SE INTERESSADO NO ASSUNTO ACIMA, A REUNIÃO HÍBRIDA DO DEPARTAMENTO DO CAFÉ DA SOCIEDADE RURAL BRASILEIRA ACONTECERÁ DAS 10H ÀS 12H DA MANHÃ NO DIA 28 DE MAIO NA SEDE DA SRB (RUA FORMOSA, 367 – SP) OU PELO LINK: https://us02web.zoom.us/j/83984773905?pwd=emJRdFdESlVPTUl1bWpRMmFkUVJVUT09
ID da reunião: 839 8477 3905
Senha: 71310
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