T Ó P I C O : Brasil deixa de embarcar 638 mil sacas de café em março
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Brasil deixa de embarcar 638 mil sacas de café em março
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 29/04/2025 11:23:24
Leonardo Assad Aoun comentou em: 29/04/2025 11:18
Brasil deixa de embarcar 638 mil sacas de café em março
Prejuízo dos exportadores com armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates foi de R$ 8,9 milhões
Apesar do período de entressafra dos principais produtos que são enviados em contêineres ao exterior, incluindo o café, os exportadores enfrentam gargalos logísticos nos portos do país. Além disso, empilham prejuízos com custos extras durante os processos de embarque. Em março, segundo dados atualizados pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) junto a seus associados, o setor não conseguiu embarcar 637.767 sacas do produto. Ou seja, o equivalente a 1.932 contêineres.
Em março
Dessa forma, a falta de embarques gerou um prejuízo de R$ 8,901 milhões no caixa das empresas devido a gastos imprevistos com armazenagem adicional. E, ainda, detentions, pré-stacking e antecipação de gates.
Desde que o Cecafé iniciou o levantamento, em junho de 2024, as empresas associadas à entidade já reportaram um prejuízo de R$ 66,576 milhões com esses custos extras. Isso em função da estrutura defasada nos principais portos de escoamento de café do Brasil.
Transações comerciais
A princípio, o não embarque desse volume de café também fez com que o país deixasse de receber US$ 262,8 milhões, ou R$ 1,510 bilhão, como receita cambial em suas transações comerciais no mês passado. Nesse sentido, considerando o preço médio Free on Board (FOB) de exportação de US$ 336,33 por saca (café verde) e um dólar de R$ 5,7462 na média de março.
“O Brasil é o país que mais repassa o preço FOB da exportação ao produtor. E, ao deixarmos de embarcar nossos cafés devido à não concretização dos embarques, temos o repasse menor a nossos cafeicultores. Que trabalham arduamente para entregar produtos de qualidade e sustentáveis”, explica o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron.
Investimentos
Segundo Heron, as autoridades públicas vêm fazendo anúncios importantes sobre investimentos em infraestrutura, que contribuirão para mitigar os gargalos logísticos. Entretanto, é necessário dar “urgência e celeridade” aos processos. De forma que o governo atenda mais rapidamente às demandas crescentes do comércio exterior brasileiro.
“Os investimentos anunciados são muito importantes. Como o leilão do TECON10 em Santos, a concessão do canal de entrada marítima ao porto, o túnel de ligação Santos-Guarujá e a terceira via de descida da Rodovia Anchieta para a baixada santista. Porém, a entrega demorará cerca de cinco anos e o segmento exportador nacional demanda de soluções urgentes, pois os prejuízos são gritantes”, analisa.
Infraestrutura
De antemão, Heron recorda que a infraestrutura dos portos não acompanhou a evolução do agro brasileiro. E, apesar de observarem recordes de movimentações, o cenário é “muito ruim” para as empresas que atuam no comércio exterior.
“Todas as cargas que dependem de contêineres enfrentam esses problemas que relatamos no café. A tendência é que o cenário se agrave, pois o agronegócio não para de evoluir e serão necessários anos para chegarmos em condições adequadas na logística portuária. Basta lembrar que estamos na entressafra, com oferta menor, e, ainda assim, mais de 600 mil sacas de café estão paradas nos pátios. Onerando, assim, nossos exportadores, por não terem condições de embarque devido à falta de condições modernas e contemporâneas nos portos”, analisa.
Heron conclui que o Cecafé seguirá buscando o diálogo com todos os atores, dos setores público e privado, envolvidos com a matéria. Aliás, levando dados e informações reais sobre o cenário logístico-portuário para que soluções de impacto imediato possam ser encontradas.
“É importante destacar que os terminais portuários seguem empenhando esforços para atender aos exportadores de café. Bem como a contumaz busca pelo diálogo dos agentes privados do comércio exterior e das lideranças públicas. Como autoridades portuárias, Ministério de Portos e Aeroportos e da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários). Que demonstram crescente interesse em informações consistentes, como os dados apurados pelo Cecafé, para entenderem os desafios e buscarem soluções”, conclui.
Raio-X dos atrasos
Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 55% dos navios, tiveram atrasos ou alteração de escalas nos principais portos do Brasil em março de 2025. Isto é, 179 de um total de 325 embarcações.
Porto de Santos
De acordo com o Boletim DTZ, o Porto de Santos, que respondeu por 78,5% dos embarques de café no primeiro trimestre de 2025, registrou um índice de 63% de atraso. Ou alteração de escalas de navios, o que envolveu 113 do total de 179 porta-contêineres. Nesse sentido, o tempo mais longo de espera no mês passado foi de 42 dias no embarcadouro santista.
“Conforme dados de relatórios de mercado que monitoramos, dentro desse universo dos dados totais referentes a Santos, além dos atrasos, soubemos que ocorreram 19 omissões de escalas e outras 13 omissões por cancelamento da viagem em embarcações de longo curso. Isso em março, por conta das limitações de infraestrutura portuária, que elevam o tempo de espera dos navios. Isso nos causa grande preocupação porque potencializa a lotação nos pátios, o que desencadeia efeito em toda a cadeia produtiva”, comenta o diretor técnico do Cecafé.
Também no mês passado, somente 12% dos procedimentos de embarque tiveram prazo maior do que quatro dias de gate aberto por navios no embarcadouro santista. Inclusive, outros 55% possuíram entre três e quatro dias e 33% tiveram menos de dois dias.
Rio de Janeiro
Por outro lado, o complexo portuário do Rio de Janeiro (RJ), o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 17,2% de participação nos embarques de janeiro a março deste ano, teve índice de atrasos de 59% no mês passado. Portanto, com o maior intervalo sendo de 15 dias entre o primeiro e o último deadline. Esse percentual implica que 43 dos 73 navios destinados às remessas do produto sofreram alteração de escalas.
Ainda no primeiro trimestre deste ano, 18% dos procedimentos de exportação tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por porta-contêineres nos portos fluminenses. Em suma, 36% registraram entre três e quatro dias; e 46% possuíram menos de dois dias.
Adesão ao Boletim DTZ
Por fim, os exportadores interessados em acessar o Boletim Detention Zero podem se inscrever clicando aqui. Com o cadastro efetuado, pois, a ElloX passará as orientações a respeito dos procedimentos para a obtenção das informações dos terminais aos contatos mencionados.
Fonte: Hub do Café
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