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T Ó P I C O : Tarifas de Trump não freiam o café brasileiro

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Tarifas de Trump não freiam o café brasileiro


Autor: Leonardo Assad Aoun

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Último comentário neste tópico em: 14/07/2025 13:15:08


Leonardo Assad Aoun comentou em: 14/07/2025 12:47

 

Tarifas de Trump não freiam o café brasileiro

 

Por Giovanna Machado/Agrolink

O anúncio da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras para os Estados Unidos, decretada pelo presidente Donald Trump em 9 de julho de 2025 e prevista para entrar em vigor em 1º de agosto, gerou apreensão inicial no setor cafeeiro brasileiro, que abastece 32% do mercado americano com cerca de 8,1 milhões de sacas anuais. Contudo, minha visão de mercado é otimista: a demanda pelo café brasileiro, especialmente o arábica, deve superar os desafios impostos pela tarifa, mantendo o equilíbrio entre oferta e demanda. Casos pontuais de atrasos em embarques, observados em portos como Santos e Paranaguá, estão ligados a picos sazonais de demanda nos EUA e ajustes logísticos, como renegociações de contratos, mas não indicam uma crise generalizada. Se o torrador precisar de café, ele irá comprar.

A decisão de Trump, comunicada em carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reflete motivações geopolíticas, como críticas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF, mais do que fundamentos econômicos, já que os EUA mantêm um superávit comercial de US$ 90,28 bilhões com o Brasil até junho de 2025, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. A tarifa, que se soma à alíquota de 10% já existente, eleva os custos para importadores americanos, mas a dependência estrutural do mercado dos EUA pelo café brasileiro é significativa. Relatórios da National Coffee Association (NCA) indicam que cada dólar de café verde importado gera US$ 43 na economia americana, um fato pouco mencionado no Brasil que reforça a relevância do produto nacional. Torradores americanos, pressionados pela demanda, estão dispostos a absorver os custos adicionais, pois, como mencionei anteriormente, “se precisarem do café, eles comprarão”. Essa resiliência é evidenciada pela predominância do Brasil no fornecimento do Arábica, que responde por 83% das importações de café dos EUA em 2024.

A crença de que a tarifa não desequilibrará oferta e demanda se sustenta na liderança global do Brasil, que detém 40% da produção mundial de café. Mesmo com o aumento de custos, os EUA não têm alternativas imediatas para substituir o volume brasileiro. Países como Colômbia, Vietnã e Honduras, que juntos fornecem 35% do café americano, não possuem capacidade para suprir a demanda total. Além disso, a tarifa de Trump também atinge outros fornecedores, como Vietnã (46%) e Suíça (31%), o que mantém a competitividade relativa do café brasileiro, especialmente em nichos de alta qualidade. Ao que tudo indica, a NCA já negocia com o governo americano para revisar a medida, sinalizando que o impacto pode ser temporário, enquanto os torradores ajustam suas cadeias de suprimento para priorizar o café brasileiro.

No Brasil, preocupações com excedentes no mercado interno, que poderiam pressionar os preços, parecem superestimadas. A demanda global por café permanece aquecida, impulsionada por mercados como Europa (53% das exportações brasileiras) e países emergentes como China e Índia. O redirecionamento de exportações para esses destinos é viável, especialmente com o acordo Mercosul-União Europeia em fase final, que pode consolidar a presença do Brasil no maior bloco consumidor de café. A inflação de 77,88% no preço do café moído no Brasil nos últimos 12 meses, impulsionada por questões climáticas e especulação, não deve ser agravada pela tarifa, já que os torradores americanos continuarão demandando o produto brasileiro, enquanto novos mercados absorvem qualquer excedente.

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