T Ó P I C O : Funcafé amplia crédito e garante socorro a cafeicultores em safra marcada por incertezas climáticas
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Funcafé amplia crédito e garante socorro a cafeicultores em safra marcada por incertezas climáticas
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 19/08/2025 14:59:26
Leonardo Assad Aoun comentou em: 19/08/2025 15:06
Funcafé amplia crédito e garante socorro a cafeicultores em safra marcada por incertezas climáticas
R$ 1,81 bilhão para o crédito de custeio, voltado às despesas da lavoura
Foto: Pixabay
Em meio a um cenário de instabilidade climática e oscilação de preços, o governo federal anunciou o reforço do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), principal política pública de financiamento da cafeicultura no Brasil. Para a safra 2025/2026, o fundo contará com R$ 7,18 bilhões, um crescimento de 4,37% em relação ao ciclo anterior, o que representa um acréscimo de R$ 301 milhões. O objetivo é garantir suporte financeiro à produção, comercialização, estocagem e recuperação de lavouras.
Um dos destaques é a linha de Crédito para Recuperação de Cafezais Danificados, que contará com R$ 31,3 milhões em recursos voltados especificamente à recomposição de áreas atingidas por intempéries. Esses valores podem ser utilizados para práticas agrícolas como replantio, tratos culturais e manejo de solo — ações que visam restaurar a produtividade e evitar o abandono de áreas produtivas após perdas severas.
O fundo será distribuído da seguinte forma:
R$ 1,81 bilhão para o crédito de custeio, voltado às despesas da lavoura;
R$ 2,59 bilhões para comercialização, garantindo fôlego ao mercado interno e externo;
R$ 1,68 bilhão para aquisição de café, assegurando liquidez aos produtores;
R$ 1,06 bilhão para capital de giro, contemplando cooperativas e indústrias de torrefação e café solúvel;
R$ 31,3 milhões para recuperação de lavouras prejudicadas por eventos climáticos.
De acordo com o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Silas Brasileiro, o Funcafé é essencial para garantir estabilidade à atividade cafeeira, especialmente em momentos de incerteza climática. “A liberação dos recursos reafirma o compromisso com o produtor, protege a renda no campo e assegura a continuidade da produção”, destacou.
Seguro Rural vira pilar essencial diante de clima extremo
Além do crédito, cresce a percepção no campo de que o Seguro Rural deixou de ser um diferencial para se tornar um componente estrutural na gestão da lavoura. A escalada de eventos climáticos adversos, como estiagens severas, calor excessivo e geadas fora de época, colocou em evidência a necessidade de proteger o patrimônio agrícola e a renda do produtor.
De acordo com dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), entre janeiro e abril de 2025, o setor segurador desembolsou cerca de R$ 2 bilhões em indenizações no campo, refletindo o aumento de sinistros provocados por variações extremas de clima. O volume representa um salto de 8% em comparação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para a cultura do café entre as mais afetadas.
A situação é ainda mais delicada em regiões como o Norte e Noroeste Fluminense, que foram recentemente incluídas no Mapa do Semiárido após aprovação do Projeto de Lei 1.440/2019 no Senado Federal. A nova classificação permite que os produtores locais acessem políticas públicas de proteção, como o Benefício Garantia-Safra, e amplia o acesso ao crédito rural com taxas mais competitivas. Segundo a Firjan, a medida pode liberar até R$ 22 milhões por ano em recursos para essas regiões.
Para o presidente da Comissão de Seguro Rural da FenSeg, Glaucio Toyama, o avanço do seguro é uma resposta à crescente imprevisibilidade climática. “O Seguro Rural passa a ser uma ferramenta de estabilidade econômica. Ele permite que o produtor invista com mais segurança em tecnologias, insumos e práticas agrícolas adaptativas, elevando a eficiência e reduzindo os riscos de perdas totais em anos de crise climática”, ressaltou.
Preço do café recuou após 18 meses de alta
Mesmo diante de tantos desafios, o mês de julho trouxe um breve alívio para o bolso do consumidor. Dados do IBGE apontam que o café moído teve queda de 1,01% no IPCA, após 18 meses consecutivos de alta que chegaram a acumular 99,46% de aumento. Com o recuo recente, o café ainda apresenta uma alta acumulada de 70,51% em 12 meses e se mantém como o segundo item de maior peso na inflação, atrás apenas das carnes.
A queda é atribuída, segundo o IBGE, à entrada da nova safra, que aumentou a oferta no mercado e aliviou a pressão sobre os preços. O analista Fernando Gonçalves ressaltou que a redução está ligada à sazonalidade, já que a colheita contribui para maior disponibilidade do produto nas prateleiras — e não a fatores externos como as tarifas aplicadas pelos EUA ao café brasileiro, em vigor desde o início de julho.
No entanto, especialistas alertam que essa tendência pode ser pontual, já que o comportamento do preço do café está intimamente ligado às condições climáticas nas regiões produtoras e à demanda internacional — especialmente da China, que tem impulsionado o consumo global da bebida.
Clima ainda no centro das atenções
No mês de junho de 2025, geadas foram registradas em regiões produtoras do Sudeste, atingindo lavouras situadas em áreas de baixadas e encostas. Apesar de terem sido pontuais, os episódios geraram preocupações quanto à produtividade da próxima safra, especialmente em áreas que já estavam em estágio vegetativo inicial.
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