T Ó P I C O : Torrefações brasileiras produzem café descafeínado com técnicas próprias | Por Ensei Neto
Informações da Comunidade
Criado em: 28/06/2006
Tipo: Tema
Membros: 5250
Visitas: 28.169.285
Mediador: Sergio Parreiras Pereira
Comentários do Tópico
Torrefações brasileiras produzem café descafeínado com técnicas próprias | Por Ensei Neto
Autor: Leonardo Assad Aoun
45 visitas
1 comentários
Último comentário neste tópico em: 24/11/2025 12:37:15
Leonardo Assad Aoun comentou em: 24/11/2025 12:09
Torrefações brasileiras produzem café descafeínado com técnicas próprias | Por Ensei Neto
O aumento do consumo de café descafeínado tem estimulado a pesquisa aplicada pelas torrefações brasileiras
Por Ensei Neto
Há uma tendência de mercado que aponta para o crescimento de produtos que não contém seus princípios originais como as cervejas sem álcool e, também, o café descafeinado, parte da onda do Bem Estar ou Wellness.
Preparar um café nada mais é do que extrair cafeína, como comentei anteriormente. Nos últimos anos, diversos estudos passaram a demonstrar os benefícios do café, por tabela da cafeína e sua família, como a melhora da cognição, da memória de curto prazo e, até, no ânimo geral, afastando-se definitivamente da fama de bebida que desencadeava gastrites e mal estar, que são devidos ao produtos de baixa qualidade. No entanto, existem pessoas, que por algum motivo de médico ou por convicção, optam por consumir o café descafeinado.

Café torrado e moído. Foto: Ensei Neto/Arquivo Pessoal
Dentre as plantas de café, uma se destaca por apresentar teor de cafeína muito baixo como característica, que é a Laurina, da espécie arabica. Porém, sua produção é muito limitada, resumida a poucos produtores com acesso às plantas, além de sua produtividade menor que a média. Por outro lado, processos industriais tornam o produto acessível ao consumidor pela possibilidade de grande escala.
Deve ser levado em conta que, mesmo com os processos mais sofisticados, a extração total da cafeína ainda não é alcançada e, por isso, a legislação brasileira estabelece que um grão torrado é classificado como descafeinado para teor menor que 0,1% em peso de cafeína.
O primeiro café descafeinado foi produzido pela gigante suíça Nestlé, em 1961, que empregou tecnologia baseada na extração em solução aquosa, quando os grãos crus do café são mergulhados em água quente, passando, em seguida, por secagem para adequá-los ao processo de torra.
O segundo processo, bastante comum entre as indústrias de descafeinado, envolve a extração por solvente orgânico como o cloreto de metila ou o hexano, levando-se em conta que possuem baixo ponto de ebulição, evaporando em temperaturas próximas ao do padrão ambiente (25ºC, 1 atm), o que traz segurança para o consumidor.
Um terceiro processo, que emprega o gás carbônico em condição denominada supercrítica, isto é, a uma pressão extremamente baixa ou quase vácuo, aplicado aos grãos crus em banho de água, o que permite a extração da cafeína como um fluido que se combina com muita facilidade. O resultado sensorial é muito superior, porém exige instalações de alta complexidade.
Mais recentemente, como alternativa ao não emprego de solventes orgânicos, surgiu a canadense a Swiss Water Decaffeinated Coffee Co., que detém a patente de processo que começa com uma solução aquosa denominada de Extrato de Café Verde, GCE - Green Coffee Extract, composto por substâncias solúveis em água do grão de café à exceção da cafeína. Os grãos crus de café são hidratados para se tornarem compatíveis com o extrato e ficarem imersos para a cafeína ser demovida até atingir o teor de 0,1% em peso, seguindo, então, para a secagem e empacotamento. Os insumos desse processo, incluindo o extrato, são reaproveitados, garantindo o compromisso ecológico da empresa.
As grandes e médias torrefações optam por um desses processos e respectivas empresas prestadoras desse serviço para criarem seu café descafeinado, identificado pela embalagem com a cor azul predominante.
Procurando alternativas para ter seu café descafeinado devido ao pouco volume inicial para seu lançamento, bem como para driblar os custos elevados na terceirização, uma torrefação de médio porte do Nordeste, o Café 2 de Julho, da Bahia, lançou o seu produto a partir de solução doméstica. A Engenheira de Alimentos Deisiane Magalhães, que se dedicou aos estudos dos processos de descafeinação dos grãos de café também em suas horas vagas, optou por empregar a extração em meio aquoso que, após diversos testes e aprimoramentos, alcançou os níveis exigidos pela legislação brasileira de no máximo de 0,1% de cafeína em peso.
Uma vez que o protocolo ficou ajustado, fazer este novo produto parte da linha comercial foi um caminho natural e rápido.
Dessa forma, há hoje uma alternativa viável às pequenas empresas e, principalmente, um protocolo brasileiro para se obter um café descafeinado.
Fonte: Estadão/Ensei Neto
Visualizar |
| Comentar
|


