T Ó P I C O : O café está diferente? Entenda por que o Brasil está mudando sua produção
Informações da Comunidade
Criado em: 28/06/2006
Tipo: Tema
Membros: 5250
Visitas: 28.199.806
Mediador: Sergio Parreiras Pereira
Comentários do Tópico
O café está diferente? Entenda por que o Brasil está mudando sua produção
Autor: Leonardo Assad Aoun
59 visitas
1 comentários
Último comentário neste tópico em: 02/12/2025 10:18:15
Leonardo Assad Aoun comentou em: 02/12/2025 10:00
O café está diferente? Entenda por que o Brasil está mudando sua produção
Com as regiões produtoras sofrendo com secas intensas e frequentes, produtores brasileiros buscam alternativas

Café (Foto: Pexels / Gu Ko)
(Bloomberg) — Nos próximos anos, o café do Brasil pode começar a ter um sabor um pouco diferente. O país sul-americano é o maior produtor mundial de café arábica, uma variedade de grão mais suave. Porém, com as mudanças climáticas dificultando o cultivo desses grãos, alguns produtores estão investindo no robusta, que gera um grão mais amargo, mas que tolera temperaturas mais altas e é mais resistente a doenças.
As regiões tradicionais de cultivo de café no Brasil, que produzem majoritariamente arábica, têm enfrentado secas mais intensas e frequentes, além de temperaturas mais elevadas. O arábica ainda é a principal exportação de café do país, mas a produção de robusta vem crescendo em ritmo mais acelerado: mais de 81% nos últimos 10 anos, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, que monitora a produção global de café.
Para o Brasil, o robusta representa uma oportunidade de continuar sendo o maior fornecedor mundial de café no futuro, mesmo com o agravamento dos efeitos das mudanças climáticas, afirma Fernando Maximiliano, gerente de Inteligência de Mercado de Café da StoneX, empresa de serviços financeiros.
“Não foi necessariamente a demanda que impulsionou o crescimento da produção de robusta”, acrescenta. “Na verdade, os problemas climáticos e as perdas no arábica foram os principais fatores que estimularam o crescimento do robusta.”
Nos últimos três anos, a produção de café arábica no Brasil cresceu a uma taxa anual de cerca de 2% a 2,5%, enquanto a produção de robusta aumentou aproximadamente 4,8% ao ano. Na safra deste ano, o robusta registrou um crescimento de quase 22%, uma colheita recorde, segundo a StoneX.
Isso demonstra que a produção de robusta se destaca pela maior capacidade de enfrentar condições climáticas adversas e também pela rentabilidade, segundo analistas.
Em regiões mais quentes do Brasil, onde o arábica não consegue prosperar, os produtores de café estão encontrando formas de cultivar robusta e mitigar o impacto das altas temperaturas. Uma dessas técnicas é o plantio das árvores de café sob a sombra de árvores nativas e outras espécies.
“Dessa forma, a planta permanece produtiva, mantém um pouco mais de umidade e não se degrada tão facilmente”, explica Jonatas Machado, diretor comercial da Café Apuí, produtor agroflorestal de café robusta na região amazônica.
Um grão diferente
O Vietnã é o maior produtor mundial de robusta, mas o Brasil está se aproximando e pode superar o país do Sudeste Asiático devido a uma cadeia de suprimentos bem estruturada, segundo analistas do Rabobank, empresa de serviços financeiros.
O robusta tem maior concentração de cafeína e sabor mais forte que o arábica. No entanto, as gerações mais jovens dão menos importância ao tipo de café ou ao grau de torra, preferindo opções personalizadas, que incluem adição de leite, cremes e xaropes, que mascaram o sabor dos grãos.
“Eles não se importam tanto com a origem ou as notas de degustação”, diz Matthew Barry, gerente global de insights para alimentos, culinária e refeições da empresa de pesquisa de mercado Euromonitor International.
Se os preços do café continuarem subindo, os consumidores também podem se voltar para o robusta, que é mais barato.
Na Europa, a diferença de preços entre robusta e arábica provavelmente será ainda maior nos próximos anos. Uma nova lei exigirá que commodities importadas sejam certificadas para comprovar que não se originaram de áreas recentemente desmatadas ou degradadas, embora a data de implementação ainda não esteja definida. O café solúvel, que é majoritariamente feito com robusta, está excluído dessas regras. Essa exceção pode aumentar a demanda por produtos à base de robusta, segundo o Rabobank.
A União Europeia é o maior consumidor de café solúvel, respondendo por quase 50% da receita global, de acordo com a consultoria Grand View Research.
Embora o robusta costume ser mais barato que o arábica, seus preços têm atingido níveis recordes.
No geral, o robusta tem preços mais baixos
Esses preços mais altos, aliados ao fato de que as cultivares de robusta são quase duas vezes mais produtivas que as variedades de arábica, têm convencido um número crescente de produtores brasileiros a investir no plantio de robusta, afirma Alexsandro Teixeira, pesquisador de café da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Os produtores de robusta também estão melhorando a qualidade dos grãos, o que tornou a variedade mais atraente para os consumidores e elevou seus preços, acrescenta.
© 2025 Bloomberg L.P.
Visualizar |
| Comentar
|


