T Ó P I C O : Cafeicultor de Araraquara foi um dos mais importantes do interior paulista
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Cafeicultor de Araraquara foi um dos mais importantes do interior paulista
Autor: Margareth Pederneiras da Costa
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Último comentário neste tópico em: 08/11/2011 07:04:32
Margareth Pederneiras da Costa comentou em: 08/11/2011 07:04
Cafeicultor de Araraquara foi um dos mais importantes do interior paulista
Carlos Leôncio de Magalhães, conhecido como Nhonhô Magalhães, foi um dos maiores fazendeiros de café do Estado de São Paulo nas primeiras décadas do século XX.
Nhonhô nasceu em Araraquara em 1875, único filho homem de Carlos Baptista de Magalhães, abastado fazendeiro, comerciantee banqueiro daquela cidade, que também participou ativamente na política local. O pai serviu duas vezes como vereador de Araraquara, de 1877 a 1880 e de 1894 a 1896. Liderou uma revolta monarquista na região, em 1902, com aparticipação do filho, mas assumiu a presidência do diretório local do Partido Republicano poucos anos depois.
Magalhães foi muito ativo na Sociedade Rural Brasileira e teve uma casa comissária e uma empresa financeira, entre outros empreendimentos.
O acervo documental deste fazendeiro e empresário, e de seus herdeiros, está na Unidade Especial de Informação e Memória da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), o catálogo visa estimular o interesse dos pesquisadores e facilitar alocalização dos documentos.
Nhonhô atuou na administração das fazendas do pai, desde jovem começou a comprar fazendas por conta própria em Matão (SP),posteriormente vendidas com amplas margens de lucro. A valorização das terras compradas por ele foi a fonte de boa parte de sua fortuna.
A estudante de graduação do curso de Ciências Sociais da UFSCar, Amanda Martins, que estuda a trajetória do cafeicultor, explica que o negócio mais lucrativo realizado por ele foi a compra da Sesmaria do Cambuhy em 1911, uma propriedade de 25.000 alqueires paulistas (605 quilómetros quadrados) na região dos atuais municípios de Matão, Nova Europa e Gavião Peixoto. Posteriormente, essa área foi transformada na “Companhia Agrícola e Pastoril d´Oeste de São Paulo”.
“Em 1924, parte das terras foram vendidas a um grupo inglês em por 20.000 contos, mais de dez vezes o valor que ele pagou. Quando vendeu a propriedade para os ingleses, esta tinha 14 fazendas, 2,5 milhões de pés de café, 15 mil cabeças de gado e dez estações ferroviárias”, explica Amanda.
A fazenda comprada pelos ingleses pelo grupo Cambuhy Coffee and Cotton Estates Limited, viria a ficar conhecida como “a Fazenda dos Ingleses” localizada em Matão.
Quando jovem, Nhonhô trabalhou em uma casa comissionada em Santos (SP), mais tarde, estabeleceu sua própria casa comissária com parte do dinheiro que ganhou da venda da Companhia Agrícola e Pastoril. Estabeleceu a Companhia Paulista de Comércio e Finanças, que funcionou como banco e financiadora de negócios.
No mesmo período, organizou uma companhia de imigração, que foi responsável pela introdução de trabalhadores europeus na região, os principais grupos foram italianos, alemães, japoneses e "polacos" (denominação para imigrantes do Leste Europeu).
Em 1912, adquiriu casas e prédios em São Paulo, principalmente no bairro dos Campos Elíseos, para onde se mudou em 1912.
No entanto, o êxito de Nhonhô não está apenas em seus negócios, mas pelo fato deste tê-los diversificado. Ele investiu não só no café, mas em gado, cana-de açúcar e em transportes.
Núcleos Coloniais do Cambuhy
A Sesmaria do Cambuhy deu origem à “Companhia Agrícola e Pastoril d´Oeste de São Paulo”, que foi responsável por um dos maiores projetos de imigração do Estado de São Paulo, dando origem posteriormente aos Municípios paulistas de Nova Europa, Gavião Peixoto, e ao Distrito de Nova Paulicéia (atualmente pertencente à Gavião Peixoto).
O professor doutor Mivaldo Messias Ferrari, Chefe do Departamento de Ciências Humanas e Sociais (CHS) do Centro Universitário de Araraquara (UNIARA), explica que o que os cafeicultores tinham em mente ao criar os Núcleos Coloniais era que estes servissem de celeiro de mão-de-obra para a indústria cafeeira.
A queda na imigração italiana deu-se devido à proibição do governo italiano por conta das más condições em que muitos colonos viviam. Oferecia-se como chamarisco para cada imigrante europeu recém chegado uma gleba de terra de dez alqueires e cada colono tinha um período de dez anos para pagar.
Ferrari explica que as terras do Núcleo Colonial do Cambuhy foram compradas por Carlos Leôncio Magalhães do Desembargador Bernardo Avelino Gavião Peixoto. As terras de Nhonhô eram servidas por dez estações ferroviárias para facilitar o escoamento de sua produção, dentre elas: Toryba, Teixeira Leite, Cambuhy, Uparoba, Gavião Peixoto, Nova Paulicéia, Nova Europa, Matão, Ponte Alta e Santa Josepha.
Os Núcleos Coloniais do Cambuhy deram origem às cidades de Nova Europa, fundada em 1907, e Gavião Peixoto, funadada em 1924. Incialmente, Nova Europa possía 259 lotes de terra e Gavião Peixoto 213.
Fazenda Itaquerê
A fazenda Itaquerê de propriedade de Nhonhô, foi concebida para ser a fazenda modelo do cafeicultor, localizada em Nova Europa. Era moderna e diversificou sua produção, com a criação de gado e plantação de cana-de-açúcar. O maquinário do engenho foi importado da França e a fazenda contou com um ramal de trens que ligava a fazenda até a estação de Curupá.
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