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T Ó P I C O : O RAIO CAI DUAS VEZES NO MESMO LUGAR - por Prof. José Donizeti Alves

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Comentários do Tópico

O RAIO CAI DUAS VEZES NO MESMO LUGAR - por Prof. José Donizeti Alves


Autor: Sergio Parreiras Pereira

4.312 visitas

6 comentários

Último comentário neste tópico em: 28/01/2015 15:20:14


Sergio Parreiras Pereira comentou em: 19/01/2015 07:52

 

O RAIO CAI DUAS VEZES NO MESMO LUGAR - por Prof. José Donizeti Alves

 

O RAIO CAI DUAS VEZES NO MESMO LUGAR

Prof. José Donizeti Alves - UFLA*

Quando se fala no volume da safra de café para este ano de 2015, a frase que me vem à cabeça é uma só. Ao contrário do que se imagina, o raio cai duas vezes no mesmo lugar. Para ficar dentro do contexto da cafeicultura isto quer dizer que o calor e a seca do início do ano passado novamente se fazem presentes e como tal, irão afetar, da mesma maneira que afetaram a safra de 2014, a safra de 2015 e com vários agravantes.

O primeiro que gostaria de lembrar é que no final de 2013 as chuvas estavam normais. Já no final de 2014 o volume de chuva já estava muito abaixo da média, impondo déficits hídricos acentuados em varias regiões de MG e SP, desde o inicio de 2014. Como consequência, tivemos, além da queda na produção de 2014, uma forte queda na taxa de crescimento de ramos (justamente daqueles que irão produzir neste ano), vários eventos de florada, floradas tardias, abortamento de flores, queda de chumbinho, seca de ponteiros, etc, etc, etc. Na ausência de condições para adubar a lavoura e em vista de um forte depauperamento das plantas, muitos cafeicultores prevendo que neste ano não iriam produzir nada ou quase nada, optaram por podar a lavoura.

A semelhança do que ocorreu no início de 2014, seca e muito calor estão se repetindo neste primeiro mês do ano. O agravante neste caso, é que, hoje, as lavouras não se encontram no bom estádio vegetativo e reprodutivo daquelas do início de 2014. Muito pelo contrário, em vista das intempéries (calor e seca) que já estavam instaladas desde o ano passado e da ausência de tratos culturais desde o inicio da primavera, hoje as lavouras encontram-se, a exceção das irrigadas, com baixo vigor vegetativo. Estes dois agravantes, sem a menor sombra de dúvidas afetarão, em maior dimensão o volume da próxima safra e em um segundo plano, a safra de 2016.

Gostaria de destacar que em função do forte calor e seca deste mês, o enchimento dos grãos já começou a ser prejudicado. Isto equivale a dizer que as percentagens de frutos chochos e de frutos pequenos serão bem maiores que a comumente esperada, caso esses dois fatores não estivessem presentes. Além disso, em função das varias floradas e principalmente da principal florada ter ocorrido tardiamente, teremos uma grande desuniformidade de maturação e um menor período de desenvolvimento dos frutos. Esses dois fatores contribuirão para depreciar a qualidade do café.

Em vista do exposto, penso que a safra de 2015 terá uma quebra significativa e obvio, não será igual a do ano passado. Se quiserem um número bastante realístico com tudo o que escrevi acima, é possível que ela varie na faixa de 25 a 28 milhões de sacas de café arábica. Chuvas regulares nos próximos meses teriam a capacidade de reverter, em parte, a percentagem de frutos chochos e pequenos.

 

*Universidade Federal de Lavras 
Departamento de Biologia 
Setor de Fisiologia Vegetal

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MARCELO ALMEIDA comentou em: 19/01/2015 09:22

 

O RAIO CAIU SIM NO MESMO LUGAR.........

 

BOAS OBSERVAÇÕES,PARABÉNS PELA MATERIA..

OUTRA OBSERVAÇÃO E A QUANTIDADE DE FRUTOS DA ULTIMA FLORADA QUE ESTA SECANDO POR FALTA DE HIDRATAÇÃO, POIS OS DRENOS DOS FRUTOS MAIORES SÃO MAIS EFICIENTES...

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Marco Antonio Jacob comentou em: 19/01/2015 10:17

 

Infelizmente , è vero.

 

Em fim de fevereiro teremos os dados da Fundação Procafé de previsão de safra com pesquisas de campo.

Infelizmente e novamente as condições climaticas não estão ajudando , altas temperaturas associadas a poucas chuvas nos leva a crer que teremos uma diminuta safra em 2015.

Em algumas regiões já estava com deficit hidrico no solo , e com estas altissimas temperaturas , a evapotranspiração é imensa.

A extensão e intensidade deste veranico também poderá refletir  na produção de 2016.

Num potencial atual de safra para 2015/16 em 40/42 milhões de sacas , sem estoques , o deficit mundial de café será enorme.

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Arnaldo Reis Caldeira Júnior comentou em: 19/01/2015 10:46

 

RESUMINDO PARA OS PREGUIÇOSOS.

 

Parabéns pelas conclusões Dr. José Donizeti Alves.

Vamos resumir e pontualiza seu texto para os preguiçosos .

1. A SECA PREJUDICOU O ESTADO VEGETATIVO DOS CAFEEIROS PARA 2016.

2. A SECA ESTÁ PREJUDICANDO A GRANAÇÃO DOS GRÃOS DO CAFÉ PARA 2015. GRÃO CHOCOS E MAU GRANADOS SERÃO LOGO EVIDENCIADOS.

3. A SAFRA DE ARÁBICA DEVERÁ GIRAR ENTRE 25 A 28 MILÕES DE SACAS.

 

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Jefferson R. Adorno comentou em: 19/01/2015 12:03

 

E a água pra lavar café este ano ?

 

Professores,

Somente pra colaborar um pouco com o tema.

Como cafeicultor da média mogiana paulista, concordo 100% com suas opiniões. O que nos salvou em 2014 e possivelmente nos ajudará também em 2015 é o sistema safra zero, as lavouras esqueletadas por não terem necessidade de encher os grãos, sentiram muito pouco com a seca em 2014, mas agora com o dobro de carga, com certeza sentirão muito.

Em nossa região as nascentes continuam secando em pleno mês de janeiro, em nossa propriedade mesmo com todas as nascentes preservadas e reflorestadas, a nossa preocupação é não ter água nem pra beber a partir de maio deste ano, quanto mais para lavar café. Nós produzimos somente natural, como deve estar a preocupação dos produtores de via úmida então ?

Quem plantou café a partir de final de dezembro, nem irrigando está conseguindo salvar as mudas por causa das elevadíssimas temperaturas.

Abraços cafeeiros,

Jefferson Adorno

Fazenda Retiro Santo Antônio

Santo Antônio do Jardim / SP

http://www.retirosantoantonio.com.br

 

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Willem comentou em: 28/01/2015 15:19

 

Anomalia climatica x cafeicultura

 

Mas para piorar nosso futuro, pesquisadores do INPE acreditam que esta anomalia deve afetar o clima do SE do Brasil por mais 2-3 anos, com temperaturas elevadas e chuvas irregulares. Além disso, não podemos lançar mão da irrigação devido a restrição do uso agua para consumo humano e animal. Logo, está na hora de começarmos a discutir alternativas a curto e medio prazo para a cafeicultura em MG.

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