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T Ó P I C O : Quantificar Convicções Passadas

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Comentários do Tópico

Quantificar Convicções Passadas


Autor: Celso Luis Rodrigues Vegro

1.857 visitas

12 comentários

Último comentário neste tópico em: 06/03/2017 18:03:23


Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 24/02/2017 08:50

 

Quantificar Convicções Passadas

 

Colegas

Algumas reflexões para o contexto atual.

Leitura para quem não pretende pular carnaval.

Abçs

Celso Vegro

http://www.iea.sp.gov.br/out/LerTexto.php?codTexto=14249

 

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Leonardo Assad Aoun comentou em: 24/02/2017 12:48

 

Quantificar Convicções Passadas

 

O impasse envolvendo a importação de café por parte do Brasil se arrasta há mais de uma década. Até mesmo as operações de drawback não puderam ser implementadas devido a intransigência de “lideranças” da produção. Ao princípio de 2015, uma operação, envolvendo arábica originado no Peru, quase conseguiu quebrar esse entrave, mas devido ao esfacelamento do governo anterior, não houve como continuar com essa importação (lobbies da cafeicultura barraram o assunto).

Os opositores das importações argumentam que há suficiente disponibilidade do produto, mesmo considerando a espantosa quebra de safra de conilon do norte do Espírito Santo. Dizem-no com razão, pois em anos de safra considerada “normal”, o fluxo de café para mercado interno (torrefadoras e solubilizadoras) e externo (exportação e solubilizadoras) demanda o esvaziamento mensal de 20 a 22 armazéns de 200 mil sacas! Realmente precisa haver café, e muito café, para garantir tão portentoso fluxo. Aqueles que apregoam a existência de estoques deveriam parar com achismos e se dar conta de que, mesmo tendo estoques o fluxo de produto, é de tal magnitude que mesmo uma pequena restrição afeta o suprimento, ainda que apenas no curto prazo.

Alguns cafeicultores se queixam da falta de planejamento do segmento, o que provoca o aparecimento de crises, numa hora beneficiando os industriais e exportadores, e em outras (mais raramente) os produtores. Em safras passadas, o governo federal lançou mão dos contratos de opções públicas para aquisição de café. A política foi bem-sucedida por ter entesourado a fazenda pública e fornecido lotes atuais para a realização de leilões, arrefecendo, minimamente, a escassez de oferta. Não internalizar definitivamente essa ferramenta no escopo da política cafeeira consiste em miopia dos gestores, pois, uma vez implantada, permitiria a superação da política de preços mínimos para o produto tão demandada pelo segmento, e daria cores de política de mercado para o planejamento.

Outro erro comum dos que lutam contra as importações consiste na crença de que, uma vez liberadas, concederiam vantagens competitivas para a grande indústria de capital internacional frente às pequenas e médias nacionais e familiares. O processo de consolidação do segmento sempre existiu e ganhou maior impulso a partir da corrente década e deverá continuar com ou sem importações liberadas. Tal fenômeno pertence à dinâmica do capital aplicado em qualquer segmento em que, por meio dos ganhos de escala, potencializa suas margens2. Ademais, no maior país produtor e exportador e segundo maior consumidor, carece-se de empresas verdadeiramente grandes capazes de participar do cenário internacional, barganhando com os grandes conglomerados do varejo.

A consolidação do segmento, tampouco, poderia inverter a trajetória da qualidade que se imprime ao mercado desde meados dos anos 1990. No expressivo contexto dos espressos, das cápsulas e dos cafés certificados, tal retorno é algo muito improvável, mesmo porque nos chamados cafés de combate inexiste praticamente margem para o fornecedor, enquanto nos produtos considerados especiais e gourmet, a margem ronda os dois dígitos. Ninguém dá tiro no pé!

A impossibilidade de constituir blends com produto importado é reconhecido componente que impediu o Brasil de se credenciar como plataforma global para negócios em café. Inúmeras plantas fundadas em países concorrentes trocaram o Brasil por outros territórios (México, Vietnã, Indonésia, Índia e China), onde existem regras para as importações. O mais angustiante, como bem lembrou recentemente outro analista desse mercado3, se no país não se põe em prática o drawback, em outro que o adota será feito o produto e essa substituição do Brasil conduz ao naufrágio qualquer esforço doméstico de avanço na cadeia de valor com geração de renda e empregos, algo sempre destacado/invejado nas comparações entre Pindorama e Alemanha, sendo que o primeiro inclusive entrega parcelas crescentes de seu mercado para produto processado com origem na União Europeia4.

No panorama da cafeicultura mundial, o Brasil desponta enquanto líder inconteste. Marcos regulatórios de diversas naturezas, que parametrizam a cafeicultura no país, encontram-se à frente inclusive de países de maior grau de desenvolvimento, como por exemplo, o nosso Código Florestal. A reinvindicação de compliance (seguimento a regras de conformidade similares às nacionais) para impedir a entrada de novas pragas e doenças inexistentes no país, e evitar que prática de dumping no mercado interno decorrente da adoção de modalidades de trabalho sub-humanas, são enfaticamente aventadas. Assim, os cafés certificados por empresas de reconhecimento internacional (UTZ, Rain Forest, 4C) teriam mais facilidade em acessar ao mercado brasileiro, trazendo consigo preços mais elevados decorrentes da acreditação concedida pelos respectivos selos. Alternativamente, caso não seja possível emitir complianceno país de origem do produto, poder-se-ia insti-tuir tarifa adicional, visando equalizar o nacional ao preço  do produto devido às exigências legais aqui vigentes.

Os cafeicultores brasileiros, aparentemente, desconhecem a informação de que o país é fornecedor de produto para nossos concorrentes no mercado internacional. Em 2015, por exemplo, México, Indonésia, Índia, Vietnã e Colômbia importaram 844 mil sacas de café brasileiro5, representando 51% do total dos embarques para países produtores. Paradoxalmente, as “lideranças” não enxergam problemas em comercializar com concorrentes; porém, importar deles consiste em algo impensável.

O propalado conceito de agronegócio talvez (ou certamente?) não possa ser efetivamente aplicado à cadeia produtiva do café. A ausência quase que completa da celebração de contratos em âmbito das transações é um dos fatores que colocam o segmento à mercê de políticas pusilânimes. A agroindústria de T&M e de solubilização precisam constituir melhor governança e coordenação nessa cadeia, abandonando a organização do suprimento pautada pelo mercado spot de preços diários, para outro em que produtores e industriais assumam compromissos de longo prazo com delineamento contratual dos direitos e deveres das partes envolvidas em termos de preços, quantidades e qualidade da bebida.

Não se pode eximir de culpabilidade pelo imbróglio das importações os próprios cafeicultores e seus líderes, pois, ao aferrarem-se em posicionamentos claramente especulativos, ou seja, promover retenção do produto sob cenário de escassez, contribuem para esgarçamento dos elos que constituem a cadeia e, com isso, o sistema como um todo se fragiliza, arruinando a credibilidade entre as partes.

O paralelo com a lavoura de cacau pode ser valioso. O Brasil importa amêndoas de países africanos e asiáticos desde que as lavouras do sul da Bahia foram dizimadas pela vassoura de bruxa, sem que compliances fossem exigidas para ingresso do produto no país. Atualmente, tendo sido encontrada genética e forma de manejo capazes de convívio com a doença, o Brasil vem reconquistando posição de destaque na produção cacaueira e em breve pode até retornar como exportador dessa commodity, consolidando o Pará como território líder na produção (ressurgimento da lavoura em patamares superiores de tecnologia e produtividade). Portanto, importações podem ser benéficas para o segmento considerando prazos mais elásticos.

Debatedores prós e contras, confinados ao campo da retórica, tendem a permanecer no impasse. Governo pusilânime assiste ao esgrimir de argumentos sem se pronunciar ou, quando o faz, de forma pouco assertiva (análises estão sendo feitas, etc.). Para desembaraçar o novelo, requer-se quantificação econômica da empreitada, coisa para a qual apenas os especialistas em comércio exterior estão efetivamente gabaritados6. Verdadeira sopa de siglas se perfila quando se trata de conduzir uma importação: Terminal Handling Charge (THA); Bill of Landing (BL - taxa de conhecimento do embarque); International Ship and Port Facility Security (ISPS); Drop Off Fee (taxa de devolução por contêiner); Inicial Licence Fee (ILF – taxa de registro por contêiner); e Damage Protection Plan. Ademais, a esse coletivo de emolumentos se somam os conhecidíssimos PIS, COFINS, IPI, ICMS, Adicio-
nal ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMN), Adicional de Indenização do Trabalhador Portuário Avulso (AITP) e quarentenário.

Valendo-se dos parâmetros observados em 22/02/2017, uma saca de café robusta embarcado FOB em Ho Chi Minh/Vietnã custaria, depois de computados todos os custos de aquisição, logística e desembaraço da mercadoria, entre R$645,12/sc. para mercado interno e R$473,65/sc. em operação de drawback com quarentena. Importante ressaltar que o custo FOB porto Ho Chi Minh alcançaria R$403,00/sc. (R$128.960,00/320 sc.), ou seja, acréscimo de R$70,65/sc. de custos da operação7 (Tabela 1).

Comparativamente aos preços atualmente praticados no mercado físico para o produto capixaba, em 22/02/2017, o conilon tipo 8 na praça de Vitória, Estado do Espírito Santo, foi cotado a R$411,00/sc. (até 13% de unidade para processamento industrial)8, sendo, portanto, expressiva a diferença frente ao custo do produto importado em operação drawback com quarentena (de R$56,40/sc.).

O critério adotado para a autorização das importações (antes de sua suspensão) previa quantidade de 250 mil sacas por quatro meses, totalizando 1 milhão de sacas. Aplicar-se-ia imposto de importação de 2% e sobre qualquer volume excedente em 35%. Como se pode constatar, a autoridade comercial foi bastante cautelosa na concessão da medida, pois perante uma safra de 50 milhões de sacas, o produto importado representaria apenas 2% da quantidade colhida, sem hipótese, portanto, de causar qualquer tipo de prejuízo aos cafeicultores e trabalhadores dessa cadeia produtiva.

Como mencionado, o debate em torno da importação de café pelo Brasil manteve- -se no campo da retórica (inclusive por este analista que o artigo assina). A quantificação da operação como a esboçada no texto parametriza economicamente o assunto, permitindo aos agentes econômicos formularem a estratégia mais adequada para suas necessidades. Outras origens e tipo (arábica) demandam idêntica simulação; tal desdobramento, porém, fica a cargo daqueles que ainda se interessam pela pauta.

 

____________________________________________________________________________________

1O autor agradece o trabalho de sistematização do banco de dados econômicos conduzido pelo Agente de Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica do IEA, o analista de sistemas Paulo Sérgio Caldeira Franco. 

 

2Em 2000, o Brasil possuía oito plantas de solubilização. Até recentemente, havia apenas cinco, sendo que uma delas foi reativada pelo espírito arrojado de um cafeicultor, contemplando agora seis unidades. Como se pode observar, o fechamento/retomada de plantas ocorre independente da entrada ou não de café do exterior.

 

3VARELLA, B. M. Importar ou não importar? eis a polêmica. Cafépoint. Disponível em: <http://www.cafepoint.
com.br/blogs/conjuntura-de-mercado/importar-ou-nao-importar-eis-a-polemica-103151n.aspx>. Acesso em: fev. 2017.

 

4VEGRO, C. L. R. Importações de café verde: a mais determinante das políticas para o café. Peabrius. Disponível em: <http://www.redepeabirus.com.br/redes/form/post?topico_id=65064>.  Acesso em: fev. 2017.

 

5Informações estatísticas fornecidas pelo responsável pela TI do CECAFE, Eduardo Heron dos Santos.

 

6Os dados foram gentilmente compilados por Nelson Pereira de Souza Junior, economista e analista de comércio exterior da Café Três Marias (e-mail: nelson@cafetresmarias.com.br).

 

7Em 15/12/2016, o preço recebido pelo cafeicultor vietnamita foi de R$585,80/sc. GIÁ cà phê n?i d?a nhích cao d?n, g?n ch?m 43.500 d?ng/kg. Giacaphe, Vietnã, dez. 2016. Disponível em: <http://giacaphe.
com/50864/15-12-2016-gia-ca-phe-noi-dia-nhich-cao-dan-gan-cham-43500-dong-kg/>. Acesso em: fev. 2017.

 

8CENTRO DO COMÉRCIO DE CAFÉ DE VITÓRIA - CCCV. Banco de dados. Vitória: CCCV. Disponível em: <http://www.cccv.org.br/>. Acesso em: fev. 2017. Segundo testemunho de importante liderança capixaba, os estoques de conilon encontram-se no mesmo patamar dos de arábica, ou seja, não há risco de desabastecimento. O mercado vai se aproveitar dessa informação para deprimir preços. Curioso que os defensores das importações atuam no sentido contrário (importações sinalizam colapso de oferta e alavancagem nas cotações). Caso houvesse apenas um mínimo de razoabilidade na declaração da liderança, haveria nos embarques volumes significativos de produto exportado, o que absolutamente não é o caso. Não há teoria econômica capaz de explicar esse desacordo. 

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Cesar de Castro Alves comentou em: 01/03/2017 11:39

 

Convicções passadas

 

Celso,

Excelente análise e colocações.

abr

 

 

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Sérgio Pedini comentou em: 02/03/2017 05:34

 

Celso

 

E como qualificar melhor esse debate, Celso? Mudando os interlocutores?

TAGS: Debate

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 02/03/2017 05:45

 

Excelência

 

Prezado Cesar Castro

Grato pelo prestígio.

Se puder exiba o artigo para o Alexandre.

Att

Celso Vegro

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Paulo Henrique Leme comentou em: 02/03/2017 07:34

 

Análise lúcida

 

Caro Celso,

Uma análise perfeita. Como discutimos anteriormente via mídias sociais, acho que a questão do compliance deve ser levada em conta. É uma questão de justiça com o cafeicultor brasileiro. 

E sinceramente, não vejo café mais competitivo no mundo que o brasileiro (mesmo sem compliance). Como você bem provou. A conjuntura só irá favorecer o Robusta do Vietnã caso o Real se valorize.

Sendo assim, o agronegócio café no Brasil (via Funcafé) deveria subsidiar a indústria de solúvel, com financiamentos de longo prazo que pudessem garantir o investimento tecnológico para quebrar as barreiras de custos alfandegários e de logística inerentes à exportação do café processado. O drawback seria uma alternativa (caso o real se valorize), mas as alternativas de uso do café brasileiro deveriam se esgotar.

Por outro lado, a não importação de cafés arábicas de qualidade de outras origens é o gargalo para o crescimento da indústria no Brasil. Uma das grandes empresas do mercado sabe bem que esse é o grande entrave para consolidar seu posicionamento competitivo no crescente mercado de monodoses no Brasil (e vê, sem muito poder fazer, o fortalecimento de concorrentes).

Ainda, esta impossibilidade de importação de outras origens não permite que se desenvolva no país uma forte e consolidada plataforma de exportação de cafés torrados. Nesse caso, não há subsídio que dê conta.

Quanto ao papel das lideranças, esqueça qualquer outro tipo de posicionamento. Seria suicídio político se posicionar de outra maneira. Não há solução.

Porém, até onde compreendi, houve grande vitória da indústria, afinal as normas fitossanitárias para importação foram, enfim, liberadas. Não funcionaram agora, mas vão funcionar dentro em breve. Não tenha dúvida. 

Somente um governo forte poderia tomar decisão favorável à importação. Não é o caso de um executivo oriundo de um "golpe" parlamentar. E também, a decisão teria que vir única e exclusivamente de outro órgão que não o MAPA (o custo político seria alto demais para 99% dos Ministros). 

Tudo como dantes no quartel de Abrantes.

Abraços,

PH

 

 

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 02/03/2017 12:55

 

Representantes

 

Prezado Sérgio

Um palpite: escolhendo melhor aqueles que tem a função de nos representar.

Talvez um dia conseguiremos.

Att

Celso Vegro

 

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 02/03/2017 13:08

 

Fortalecer a indústria

 

Prezado PH

Seu comentário contempla várias sugestões.

Veja, a indústria de solúvel tem condições de crescer 5%a.a e com isso absorver volumes crescentes de matéria prima nacional. Essa visão estratégica e desenvolvimentista é que precisa entrar na cabeça de nossos representantes.

Os cafeicultores que foram fechar rodovia no ES precisam ser alertados que as importações foram barradas mediante um toma lá da cá típico da velha e escrota política brasileira. O projeto de reforma da previdência poderia perder apoio da bancada do ES e RO caso fosse autorizada a importação. Não teve nada de técnico nessa decisão. O pior é que os mais afetados pela reforma serão justamente os agricultores familiares (cafeicultores do ES e RO) que não constribuiram para a previdência mas tem direito de se aposentar com 65 anos. 

Quanto aos compliances, mantenho meu posicionamento inicial que já lhe passei. Caso a Alemanha (maior importador do Brasil) solicitasse os mesmos patamares de bem estar social deles para os embarques de café brasileiro, metade nem saia de Santos. 

Enfim... muito debate pela frente.

Grato pelo comentário.

Grande abraço

Celso Vegro

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Sérgio Pedini comentou em: 03/03/2017 01:20

 

Fortalecer a indústria

 

Análise cuidadosa e muito bem feita Celso, parabéns. Só espero que essa "indústria nacional" se enxerge verdadeiramente como nacional e pague seus impostos em dia e não participe dos processos de corrupção como corruptores, pois normalmente quando falamos de nossos "representantes" em Brasília via de regra nos esquecemos desse elo fundamental da cadeia de podridão.

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Celso Luis Rodrigues Vegro comentou em: 03/03/2017 08:06

 

Capital

 

Prezado Sérgio

Nesse caso vale uma máxima que cunhei a algum tempo

"Onde sobra dinheiro falta caráter"

Abçs

Celso Vegro

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