Leonardo Assad Aoun comentou em: 24/07/2022 22:47

COMENTÁRIO SEMANAL- CAFÉ - POR JOSEPH REINER

Cafezal Sul de Minas

O mercado encerrou sexta-feira em 206,70 centavos, basicamente 7 centavos acima do fechamento de sexta retrasada, base Setembro. O mercado chegou a trabalhar durante a semana acima dos 220 centavos, acenando com a volta de negociação acima de 222 centavos, porém voltou a ceder ontem ficando no grande canal que vai de 202 a 242 centavos.

Nada de novo com os estoques certificados. Continuam sendo retirados e o saldo já está batendo nas 700 mil sacas… e também nada de novo porque neste momento é o café com o melhor custo & beneficio, pois cafés semi washed brasileiros já estão com um sinal positivo na frente, e isto antes dos custos logísticos de entrega. Colômbia e America Central então…

Se você ainda está digerindo o que aconteceu na semana retrasada, o menu desta última semana não ajudou em nada a decifrar o macro cenário.
Como a gente vem conversando nas últimas semanas, neste semestre houve uma aceleração da migração (não em uma escala linear, mas vem acontecendo) dos fundos de longo prazo para ativos que façam sentido em um cenário econômico inflacionário, e agora passando para recessivo.
Mais de 70 Bancos Centrais já elevaram suas taxas de juros, e na semana passada, o ECB aumentou a taxa básica em 0,5 pontos.
Num primeiro sinal, o preço das gasolina em alguns estados americanos já caiu quase 30% desde o pico no inicio de Junho. No momento nada indica um pouso muito tranquilo, e consequente possível volta dos fundos mais ativamente em Café. Consequentemente, com a participação maior de specs e fundos de curto prazo, temos certeza de um cenário de ainda maior volatilidade, como observamos nas últimas semanas/meses.

Nos fundamentos, a única coisa que muda é que temos um problema com a safra brasileira maior do que a maioria estava prevendo.
Chegamos a quase 70% da safra colhida (em algumas regiões sim, existe um atraso), percentual que nos leva a crer, que a famosa pressão de safra deve começar de verdade agora (semana passada realmente tivemos um fluxo maior de venda, porém bem aquém do que poderíamos chamar de “pressão de venda no pico de safra”).

Tenho conversado com muitos produtores e agrônomos… a opiniao é praticamente unânime, de que as previsões inicias de colheitas não vão se realizar. Para corroborar ainda mais este sentimento, não podemos esquecer que, com o leve atraso, temos muitas das entregas de cafés futuros sendo efetuadas agora, o que torna visível para o produtor, que o saldo a ser vendido vai ser menor do que o previsto. Está ai uma das razões do porque temos observado, produtores pegando capital de giro no sistema financeiro bem no meio do fluxo de colheita.

A Consultoria intencional HEDGEPOINT, indicou esta semana que o déficit global será de 7,2 milhões de sacas neste ciclo atual. Em termos de estoques & demanda, será o menor estoque desde a safra de 2008/2009. A mesma consultoria também diz que o cenário recessivo pode reduzir o consumo de café e portanto, contrabalancear os fundamentos muito positivos.

Não vou tocar no tema clima, pois estamos no período de inverno que naturalmente é um período de poucas chuvas (o que é muito bom para a qualidade). Nada de anormal, porém, vamos lembrar que alguns meses atrás, conversamos que o déficit hídrico deste ano voltaria a tona de maneira muito forte, se por um acaso tivéssemos uma entrada de primavera errática em termos de chuvas. Temos as primeiras previsões de chuvas para o início da segunda semana de Agosto. Veremos…

O cardápio que vem pela frente ainda é recheado:

1. Florada Brasil;
2. Eleições Brasil;
3. Eleições USA;
4. Inverno Europeu & Putin;
5. Outras dezenas de surpresas que ocorrem semana a semana…

Única coisa certa é que a renda fixa não está ruim!

Boa semana a todos!!!

Joseph Junqueira de M. Reiner*

*Joseph Reiner tem 36 anos de mercado em exportação e empresas de varejo. Atuou também no gabinete do Ministro Blairo Maggi e hoje atua em Conselhos, além de ser produtor de café no Sul de Minas.

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