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T Ó P I C O : CAFÉ - Inadequada estrutura da copa e do sistema radicular..... Por Prof. José Donizeti Alves

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CAFÉ - Inadequada estrutura da copa e do sistema radicular..... Por Prof. José Donizeti Alves


Autor: Leonardo Assad Aoun

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3 comentários

Último comentário neste tópico em: 19/04/2022 16:19:06


Leonardo Assad Aoun comentou em: 14/04/2022 11:37

 

Parte 3 – Inadequada estrutura da copa e do sistema radicular; dessincronização na produção de hormônios e fases fenológicas - Por Prof. José Donizeti Alves

 

Parte 3 – Inadequada estrutura da copa e do sistema radicular; dessincronização na produção de hormônios e fases fenológicas 

folha cafe ciclo

Prof. José Donizeti Alves

Anormalidades fisiológicas do cafeeiro em ambiente ensolarado e que foram herdadas do ambiente sombreado

... continuação

(iii) Inadequada  estrutura da copa e do sistema radicular, incompatível ao clima adverso

As variedades de café até duas/três décadas atrás, implantadas em espaçamentos muito grandes, tinham os ramos verticalizados, internódios longos e folhas pequenas, ou seja, típicos de uma planta de sol, o que contrariava a sua natureza  de sombra. Esta morfologia de  copa aberta, associada à grande distância entre plantas, permitia que a luz entrasse pelo dossel das plantas e atingisse as partes mais profundas dos ramos, juntas ao tronco. Com isso, praticamente todas as folhas  do cafeeiro ficavam expostas à altas insolações e elevadas temperaturas na maior parte do tempo. Como mostrado antes, essas condições adversas à uma planta de sombra, reduziam ou anulavam a fotossíntese, que, por si só já era baixa, prejudicando a produção de reservas. Além disso, a insolação de um maior número de folhas, aumentava ainda mais a transpiração das plantas e na presença de um sistema radicular raso e pouco ramificado, como era o caso na época, a água absorvida não repunha àquela perdida  pelas folhas e a planta entrava rapidamente em estresse hídrico. Amarelecimento, murcha, escaldadura e queda de folhas eram os principais sintomas facilmente visíveis.  

Já as variedades modernas, possuem uma copa típica de planta de sombra. Ramos horizontalizados, folhas maiores e mais próximas umas às outras e internamente com uma camada de carotenoides protegendo as clorofilas contra escaldadura. Naquela época, o melhoramento genético, quase não visava a seleção de plantas com base na morfologia da copa e de outras características qualitativas uma vez que, eram consideradas apenas a produção e tamanho de frutos. Entretanto, ao selecionar genótipos mais produtivos e com alta renda, foram selecionadas indiretamente, plantas cujo dossel permitia que uma folha sombreasse a outra de forma que, em média, 80% das folhas do cafeeiro fiquem sombreadas e 20% expostas ao sol. A percentagem de folhas sombreadas por área, aumentava significativamente com a adoção de um maior número de plantas/ha. 

Hoje, lavouras com grande proporção de folhas sombreadas, permitem que cada cafeeiro, individualmente, mimetize (ou “relembre”) o ambiente de origem do café, mesmo que ele esteja a pleno sol. Nesse ambiente mais ameno, onde a luminosidade varia entre 400 a 600 uE.m-2,s-1 e a temperatura entre 20 a 260C as taxas fotossintéticas chegam a 8-10 umol.m-2.s- e nessas condições as folhas produzem o máximo de reserva possível com uma menor perda de água transpirada. Trocando em miúdos o cafeeiro tornou-se mais eficiente no uso da água, que é um dos parâmetros utilizados para quantificar a relação entre a produtividade obtida por uma cultura sob determinado volume de água aplicado. Por outro lado, a minoria das folhas que estão a pleno sol, não fazem fotossíntese, principalmente nas horas mais quentes do dia e isso não trouxe qualquer limitação à produção de café, considerando as altas produtividades atingidas.

Por tudo isso, fica evidente que o problema da inadequação da copa foi inteiramente resolvido, e de quebra, proporcionou significativo aumento nas taxas fotossintéticas. Destarte, o melhoramento genético, ainda que de uma forma indireta, selecionou “plantas flex”, com copa adaptada à sombra e ao sol ao mesmo tempo. Essa solução engenhosa, ao lado da  adoção de menores espaçamentos, explica o sucesso da cafeicultura a pleno sol, praticada no Brasil e hoje, em lavouras altamente tecnológicas, uma folha pode prover facilmente de carbono e energia, 5 a 8 frutos e até mais, desde a fase da pós-florada até a colheita. Diferentemente do passado, na atualidade existem grupos de melhoristas preocupados com a seleção de progênies de café arábica tolerantes ao calor. Nestes trabalhos eles selecionam genótipos de café arábica que apresentam desempenho agronômico satisfatório sob condições de temperaturas elevadas conseguindo em alguns casos, ganhos de seleção acima de 14 sacas ha-1.

Ao mesmo tempo, em que o melhoramento do cafeeiro migrou a estrutura da copa, de sol para a de sombra, as raízes foram se aprofundando e hoje atingem facilmente dois metros de profundidade. A massa de raízes absorventes, que antes se concentrava nos primeiros 40 cm abaixo do nível do solo, hoje, com novas tecnologias de adubação, calagem, gessagem e a melhoria da estrutura física do solo, chegam facilmente a mais de um metro de profundidade. Horizontalmente, as raízes não mais se concentram abaixo da projeção da copa uma vez que elas ultrapassam o limite das outras plantas formando uma malha continua e profunda ao longo do perfil do solo. Com a adequação da estrutura da copa e do sistema radicular, as variedades modernas adquiriram uma resiliência ao clima adverso e no máximo dois anos após condições extremas de calor e seca, elas voltam a produzir normalmente.

(iv) Dessincronização na produção de hormônio entre as fases desenvolvimento das plantas

As variedades ancestrais ao migrarem de um ambiente sombreado para o ensolarado, exibiam um desequilíbrio hormonal que dessincronizava as fases fenológicas do cafeeiro. Desde que as condições climáticas fiquem dentro de seus “padrões de normalidade”, esse problema também foi resolvido e de maneira geral, os cafeeiros arábicas modernos vegetam nos meses de primavera-verão, ao mesmo tempo que florescem e geram frutos que irão crescer até o final deste período. No outono-inverno os frutos, após atingirem seu máximo crescimento, passam pelos processos de granação e amadurecimento, quando estão aptos a serem colhidos. É também nestas duas estações que as gemas presentes nos nós que acabaram de serem lançados, passam pela indução, diferenciação e, após o repouso, estão prontas para a florada. Na próxima primavera, sempre modulada pelo ambiente e produção de hormônios, os ciclos vegetativo e reprodutivo irão recomeçar, com as mesmas fases se repetindo, ano após ano, durante toda a vida produtiva do cafeeiro.

Conhecer o comportamento do cafeeiro frente às condições ambientais, o que em botânica é denominado de fenologia vegetal, constitui-se em poderosa ferramenta que fornece subsídios ao cafeicultor e ao técnico na tomada de decisões fundamentadas, sobre o manejo global da lavoura. Assim, ao observar os caracteres morfológicos das plantas e entender seus requerimentos fisiológicos em termos de água, luz, temperatura e nutrientes, associados à fase em que se encontra a lavoura, eles vão ter todas as condições de adequar as recomendações técnicas aos recursos do ambiente e obter melhores rendimentos e qualidade do produto café.

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Sergio Parreiras Pereira comentou em: 19/04/2022 16:15

 

PARTE 2 - Baixa fotossíntese e problemas na partição de assimilados - Por Prof. José Donizeti Alves

 

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Sergio Parreiras Pereira comentou em: 19/04/2022 16:22

 

PARTE 1 - Qual é o principal desafio enfrentado pelos cafeicultores no campo? - Por Prof. José Donizeti Alves

 

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