T Ó P I C O : Produtor de café atingido por geada teme sacrificar as plantas
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Produtor de café atingido por geada teme sacrificar as plantas
Autor: Leonardo Assad Aoun
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Último comentário neste tópico em: 13/08/2024 12:03:38
Leonardo Assad Aoun comentou em: 13/08/2024 11:57
Produtor de café atingido por geada teme sacrificar as plantas
Plantação em Pedregulho (SP) foi afetada com queima das folhagens
Por Isadora Camargo — São Paulo/Globo Rural
Lavoura de café em Pedregulho (SP) atingida por geada na madrugada de segunda-feira; parte das folhas morreram — Foto: Arquivo pessoal/Marco Pagliaroni
"Só o tempo para avaliarmos quanto teremos que sacrificar das lavouras, depois de uma forte seca e um susto de geada", conta Marco Pagliaroni, quinta geração da família de mesmo sobrenome na produção de café arábica e responsável pelo gerenciamento da marca. A plantação de café que tem 350 hectares fica em Pedregulho (SP), município que faz parte da Alta Mogiana, uma das áreas afetadas pela geada na madrugada desta segunda-feira (12/8).
De acordo com Pagliaroni, é difícil estimar as perdas, mas ele mensura que cerca de 50 hectares de café foram afetados com queima das folhagens, condição que pode causar a morte da planta e a consequente perda de produção.
"Muitas fazendas da região foram pegas de supresa, e o pessoal está preocupado. Diferente dos outros anos de geada, a gente vinha de um período de calor muito seco e já estávamos com plantações comprometidas, o que vai dar um resultado negativo para o ano que vem", detalha à reportagem.
Cafezl foi afetado com queima das folhagens, condição que pode causar a morte da planta — Foto: Arquivo pessoal/Marco Pagliaroni
O município de pouco mais de 15 mil habitantes tem cerca de 9,5 mil hectares plantados de café, distribuídos em 338 unidades de produção agrícola, segundo dados mais recentes divulgados pelo site da prefeitura local.
O resultado negativo a qual se refere o cafeicultor é o volume de produção, que deve cair para a safra 2025/26, que será colhida só a partir de maio/junho do próximo ano. Segundo ele, condições climáticas como essas, uma após a outra, e a possibilidade de retorno de altas temperaturas ainda no final desta semana, podem gerar a decisão do produtor em deixar de plantar, por exemplo, em áreas de baixada.
Pagliaroni explica que a frente fria que se formou foi "rasteira" e provenientes de córregos, o que facilitou atingir plantas de café que estavam em uma área de menor altitude da fazenda.
"Esses hectares que sofreram com a geada da madrugada eram os mesmos que passaram pela última de 2021 e que tínhamos acabado de recuperar. Agora, [a geada] os pegou de novo. Em dez anos, houve três geadas que afetaram a mesma área. Isso faz com que repensemos se vamos continuar plantando café naquele lugar ou não", acrescenta.
Ao enviar as fotos para a reportagem, ele descreve que as folhas ficaram marrons automaticamente após o gelo da madrugada e que isso já significa que elas morreram. "Isso tudo irá cair e teremos que realizar uma poda horizontal para, depois, calcular, o quanto da planta morreu. É como se fosse amputar a planta para que ela consiga brotar de novo", pondera.
Embora ele reafirme que é cedo para estimar perdas, dos talhões atingidos nos 50 hectares, ele arrisca que foram perdidas 50% da lavoura e que se recuperariam, caso ele decida continuar com as plantas de café na área mais baixa, daqui três anos. "Para 2025, a gente não vai ter colheita nesse pedaço. Será preciso esperar a planta se recompor para voltar a pensar [em produtividade]", acrescenta.
Nova geada
A madrugada desta terça-feira (13/8) deve ter nova geada e queda de temperaturas, segundo a Somar Metereologia. Porém, no caso de grandes cafezais não há muito o que fazer, lembra Pagliaroni.
"Em propriedades menores, o pessoal tenta ascender tambores com fogo ao longo da lavoura para tentar amenizar as correntes frias, mas isso fica praticamente inviável em maiores fazendas", pondera.
O cafeicultor admite que ainda reavaliará a reimplantação de café na parte afetada pela geada. À fragilidade da planta de café ele atribui a decisão de alguns produtores passarem a investir em cana-de-açúcar na região ou até em soja, que são mais resistentes e conseguem recuperar danos em menos tempo que o café.
Outro alerta que ele dá é que, apesar de as geadas terem sido classificadas como moderadas e pontuais em algumas praças cafeeiras, não significa que a intensidade tenha sido fraca nos locais afetados ou que as perdas serão reversíveis.
"A planta de café precisa de estresse térmico, mas não como esse que vivenciamos. Tivemos estiagem, alta temperatura com um inverno que parece verão e agora uma semana de frio com geada e volta do calor", lamenta o produtor, que se diz "bem preocupado" com a safra 2025/26.
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